10/03/2015

Lis-boa. Boa.

Lisboa é isto tudo. Uma cidade enorme, um pequeno berlinde, com distâncias de dez quilómetros do ponto A ao ponto B - e maiores, eu sei, mas apeteceu-me dizer dez, não posso? -, onde toda a gente se encontra, banhada de uma luz intensa e única - única, a determinadas horas do dia, há em Lisboa uma luz que não se encontra em mais parte nenhuma do país, assim dizia Maluda e eu acreditei sempre no que ela dizia, porque ela dizia as coisas com pincéis, e esses não mentem. 


Quero que se lixe que me chamem bairrista, já me chamaram coisa tão pior, e que me digam que sou uma apátrida, porque sou de uma pátria sem pai e sem tradições, façam-me rir, enquanto eu como as sardinhas assadas, os pimentos e os caracóis mais saborosos do universo, caracóis no Verão, misturados nos meus, em ondas de prazer nas ondas do meu cabelo.

Já não sei ao que vinha. Perdi-me nas pedrinhas da calçada portuguesa que, vá-se lá saber porquê, existe mais em Lisboa, mas pronto, é portuguesa, é portuguesa.

E depois, tem o rio, e tem o mar, sabem? Azuis. 
Ainda me pergunto como é que é possível ter nascido com os olhos tão pretos, se é de azul que tudo tinjo só de pousar o olhar. Pudesse eu ter criado o planeta e não existiria mais cor nenhuma, seria a realidade toda a azul e azul, que é, verdadeiramente, a única cor que eu vejo e, ainda assim, mal distingo de todas as outras que sei que existem. 

No meu percurso há um caminho inteiro, com quilómetros de comprimento e largura, de amendoeiras em flor. Não percebo por que é que o meu bairro não se chama Amendoeiras, se existe um outro, Amoreiras, que já não tem uma única amoreira para amostra e prova. 

Eu, por acaso, vinha aqui falar de outra coisa, mas já me perdi outra vez. Perdi-me do fio condutor, da linha do pensamento, de amores e de azul, que esta cidade me dá tanto e eu lhe dou tão pouco.

Lis-boa. Flor. Boa.

20 comentários:

  1. Lisboa é a cidade mai'linda do país e ponto final :P

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    1. Ora bem, cá cinco, antes que nos caia aí o resto do país em cima! :P

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    2. E olha que é bastante pesado e eu não tenho assim tanta força

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    3. Nem eu, que, para todos os efeitos, sou magra-magra-magra (repete comigo) e frágil como uma florzinha.

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  2. Branco e dourado ou preto e azul? ;)

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  3. Anónimo10/3/15

    Que seria de Lisboa se a outra margem, a minha, não estivesse onde está e como é?

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    1. Sinceramente? Linda. Igualmente linda. Não é o lado de lá, desenhado no horizonte, visto da cidade, que lhe imprime mais beleza...

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    2. Anónimo10/3/15

      Claro, a beleza divide-se entre as duas margens.

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    3. Não concordo, desculpa.
      A beleza desta cidade não depende em rigorosamente nada de outra ou outras que existam do outro lado do mesmo rio. Podiam não existir, que Lisboa seria sempre linda.
      Queres explicar-me a beleza de Almada?
      :-|

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    4. Anónimo11/3/15

      Não quero explicar, não me apetece, não e não, 'prontes'!
      Só uma pessoa insencível não conseguirá perceber onde está a beleza de Almada.
      Vá lá, estou bem disposto e dou-te uma dica: na população pá! ;-)

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    5. Querias dizer insensível ou invencível? :P
      Eu devo ser uma das duas coisas, ou ambas. Não vejo nada ali. Mas admito que pode ser ignorância minha, ou desconhecimento.
      Só se for o pipol, mesmo :)

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  4. Escreve Dejanirah Couto, na sua História de Lisboa (magnífico livro): "uma costa onde o rio lançava palhetas de ouro." Num dia azul, se estivermos atentos, vê-las-emos, a pairar, no ar límpido de Lisboa.

    Boa noite, LP :)

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    1. Que lindo. E eu, deformadora de cores que sou, que vejo prata no lugar do ouro, nesses dias?
      Só me fica o azul, que nunca altero.

      Boa noite, Xilre :)

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  5. Hoje, num centro comercial, vi uma rapariga (mulher/senhora) - e note-se que a vi de costas- e de repente, achei que eras tu. Foi uma coisa imediata : "olha, quase que podia apostar que aquela é a linda porca", pensei. E numa fracção de segundos, pensei que se a rapariga se voltasse , lhe perguntava "olhe desculpe, a senhora não é a Linda Porca?". Felizmente não se virou. Arriscava-me a uma bofetada. Mas aquela, eras tu (mesmo que não fosses).

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    1. Ai, que giro :)
      Por acaso, às vezes penso que isso me vai acontecer um dia.
      Mas não era eu, majestade. Hoje não fui no chópim, não.
      Olha, e se fosse mesmo, mesmo, uma sósia minha, era o que faltava deslargar-se à chapada!

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    2. A chapada era só mesmo por lhe chamar Porca. Mesmo que precedida do "Linda"... E só para te animar o resto da noite, a tipa (que não eras tu, por isso vai de "tipa"), era toda jeitosa (tenho-te em boa linha, portanto - na verdadeira acepção da palavra). Um beijo!

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    3. Mesmo assim, haja tenência... :)
      Tenho que ter mais cuidado com aqueles dias em que vou toda despenteada e mal enjorcada para a rua, é o que é. Eu bem digo que tenho uma imagem a defender.
      Um beijo também, my queen!

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