29/06/2013

O meu carro ultrapassou um Ferrari

Está bem que estávamos no trânsito, lado a lado, no pára-arranca, mas aconteceu.

Esta sim, é uma informação de superior importância.

Deslarguei esta frase # 11

Um rico dia de praia? Isto em Angola é Inverno!

A informação inútil desnecessária. Se bem que isto encerra, em si mesmo, uma redundância. Pois se é inútil, é também desnecessária. Podia ter adjectivado só uma vez.

(sou tão odiosa)

28/06/2013

Denúncia

Este buraco é também a minha pequena contribuição de serviço público. 

Recebi um telefonema de número identificado - 210 107 241. Leiam os comentários, que valem o que valem, mas confirmam tudo - venda de seguros Barclays.

Bom dia, fala a Sra. D. LP?

Bom dia. Sim, sou eu. Quem é?

O meu nome é [indiferente, não fixei], da [uma merda qualquer] Internacional, e gostaria de saber se a senhora está disponível para responder a umas perguntas.

Eu nem sequer conheço a vossa empresa. Qual é o assunto?

Dona LP, eu vou gravar a chamada, só um momento. ( e logo a seguir) Já está a gravar.

Para quê?

Por uma questão de segurança.

De quem?

É uma prática comum.

E eu continuo sem saber nem o assunto nem quem são vocês.

Não conhece a [uma merda qualquer] Internacional? (parece que percebi aqui um certo tom de desdém...?)

Não.

São só cinco minutos, se puder dispor deles...

Continuo sem saber o assunto. Siga.

Dona LP, a senhora tem filhos?

Passo.

Nós temos um seguro para lhe oferecer, que engloba 5 coberturas de doenças típicas das mulheres (parou-me a boneca neste preciso momento. Mamas. Trompas. Útero. Duas mamas, duas trompas, um útero, cinco coberturas). E ainda um seguro de vida.

Eu tenho um seguro de vida. E um seguro de saúde, muito obrigada.

Dona LP, com o nosso seguro, se a senhora falecer, os seus filhos recebem o seguro.

Com o meu seguro, se eu falecer, os meus filhos recebem o meu seguro.

Mas se a senhora tiver um cancro da mama (e quem disse ao merdas que eu tenho mamas?), o nosso seguro...

Se eu tiver um cancro da mama, o meu seguro segura-me.

Não indemniza os seus...

Os meus herdeiros herdam de mim quando eu falecer. Incondicionalmente.

Mas se a senhora tiver um acidente...

Se eu tiver um acidente, vou para o hospital. Quem paga o meu hospital é o meu seguro de saúde. Eu não sei se já disse que tenho um seguro de saúde.

E se tiver um cancro da mama...

Se eu tiver um cancro da mama, trato-me do cancro e o meu seguro paga. E se você tiver um cancro da próstata, coisa que eu não posso ter nem a bosta do seu seguro de 5 coberturas acoberta, o que é que acontece?

(Clic)


Quem cospe para o ar na cara lhe cai - Ditado # 6

Este é daqueles ditados que me irrita um bocado, porque contém, em si mesmo, uma verdade insofismável. É uma questão de lógica que, se cuspirmos para o ar, a cuspidela, escarreta ou perdigoto nos irão cair na focinheira. É como Quem vai à guerra dá e leva. Ou Quem anda à chuva molha-se. Ou Quem dorme com meninos acorda molhada (enfim, nem todos mijam na cama). 

Certo que todos os ditados são metafóricos, e este é só mais um. Mas este ficou há pouco a matutar-me no espírito, a propósito de uma frase que escrevi. Tem graça, eu penso naquilo que escrevo, logo, no que já pensei. O Descartes era um menino ao pé de mim (e, às tantas, mijão). 

Quando corriges alguém, estás a partir do pressuposto que tu não erras. E esse pressuposto está sempre errado. Foi o que eu escrevi. É o que eu penso, mais ou menos, das pessoas que acham alguém estúpido. Estão a partir do pressuposto que são menos estúpidas. Põem-se imediatamente num patamar de superioridade, que foram buscar a uma média estatística?, a uma comparação feita por?, a parâmetros estabelecidos? Ou seja, são conclusões que até podem estar certas, mas também podem não estar. 

Tudo isto, enfim, para voltar ao princípio. Como é que é possível que assistamos a que haja pessoas que passam a vida a dizer o que  lhes apetece e não haja quem lhes responda à letra? Que se dêem à lata de corrigir quando elas próprias erram com uma frequência avassaladora? 

Se calhar o título deste post devia ser antes "Quem diz o que quer, ouve o que não quer". Só para eu poder dizer que é mentira. Tal e qual como Quem cospe para o ar na cara lhe cai. Mentira. Há uns que desviam a tola ou então têm uma puta de uma saliva que evapora no ar. Admiro-lhes a impunidade. E a impáfia, também.

27/06/2013

A minha greve geral. O meu protesto

Cá na fábrica recebemos ontem o recado, textualmente, assim:

Quem não puder vir amanhã, não vem. Eu não pago táxis nem estacionamentos. E tiro um dia ao ordenado ou às férias.

É fazer as contas: gasolina + parque + tempo a menos na labuta + chatice = um dia de ordenado?

Não. Pode ser um pouco menos, mas há variáveis não quantificáveis, como a da chatice. 

Também há variáveis a considerar no conteúdo da frase "E tiro um dia ao ordenado ou às férias". Não só objectivamente, como também subliminarmente. Tiro um dia. [A]tiro[-te este dia] um dia [à cara].

Uma vez que vim locomovida a gasolina, ao menos fi-la bem feita: ar condicionado no máximo. Cheguei cheia de frio, um gozo sair do frigorífico.

Fiz 10 km em 55 minutos. Média, perto de 10 à hora. Está bem assim.

O meu protesto: a sério, rádios? E dar música? E não ter blocos publicitários de 10 minutos logo após as notícias (Comercial) ou locutores a falar de coisa nenhuma (Bombokas!?) por 8 minutos seguidos (RFM) ou a conversarem uns com os outros por horas (M 80) ou a dar uma música que metam-na-no (Orbital). Não consigo sintonizar a Radar, a antena deve ser má.

26/06/2013

Estado de choque

O Jovem Sem Pêlos no Peito está cheio de pêlos no peito. Aviso-o? Calo-me para sempre? Morro com esta informação?

Sou única!

Mais ninguém no mundo é tão alérgico ao metal como eu. Nunca conheci ninguém tão alérgico (portanto, não existe). E o metal está em tudo na vida, facto do qual só nos apercebemos quando nos toca (é uma alergia de contacto, pois) uma cena tão bem apanhada. Não posso mexer em moedas, chaves, puxadores de portas, torneiras, duches, cabos de talheres que não sejam de plástico, tesouras, agulhas , pregos, porcas (logo eu), clips, agrafos, botões das calças, fivelas dos cintos e das sandaletes, toda e qualquer bijutaria que não seja de metal precioso ou de plástico e, mesmo nesta, desde que não tenha o fecho em metal. Nem sequer posso abusar dos enlatados (ah, atum, atum...). Até o varão dos transportes públicos me faz comichão, logo, a dança do varão está-me cruel e injustamente vedada. Coço-me. Encho-me de borbulhinhas, soro, pus, merda. Só é bom porque posso dizer que nasci para princesa, mas com tiara de ouro a sério ou então de plástico, como as das princesas Disney.

Andava eu a coçar as pálpebras superiores há umas semanas para cá quando descobri uma prega num dos olhos. Lá fiz a minha reza Pá, se tens que me dar as rugas, ao menos dá-mas simétricas. Quando estava em plena oração, estava igualmente em plena maquilhagem. Foi quando pus o enrolador de pestanas - eu queria tanto ter as pestanas iguais às das minhas pretas - que percebi de onde vinha a comichão e a prega/ruga. 

Deus deve existir. Eu a pedir-lhe que me dê rugas simétricas e ele não só a não mas dar, como também a guiar-me no caminho da luz. Aleluia, irmão. 

(Entretanto, procurei solucionar o meu "problema" numa perfumaria perto de mim, onde a funcionária se recusou a vender-me um enrolador não metálico Para quê, a senhora tem umas pestanas tão grandes! [Explico-lhe a diferença entre grandes e enroladas?]) 

Deus até pode existir, mas acha que eu sou parva.

25/06/2013

Eu estou muito aflita

O monitor do meu pc apareceu, de repente, com umas letras muito grandes. Como se achasse que eu posso ser amblíope e precisasse de VER TUDO MUITO BEM E ENORME

Fui a tudo o que eram definições, ferramentas e o rebéu, já pratiquei mil e uma manobras, fui mesmo ao oráculo do yahoo, onde os brasucas se tratam por oi gato e se mandam beijo e nada. A única coisa que consegui foi ficar mais aflita, com as letras mais pequenas, porém com o monitor esticado como uma pastilha elástica, ai não se lê nada de jeito, vou ter um stroke! Gostei deveras deste bocadinho, agora vou ali hiperventilar para dentro de um saquinho de papel, que eu já não vou para nova e estas coisas não matam mas moem.

Não está fixe?

Eu também fotografo coisas que vejo e só eu percebo # 18


Ouvi eu, com estes que o forno há-de cremar # 9

Não faço uma única viagem de táxi que não me forneça mais conhecimentos antropológicos:

A minha mulher é professora. E ficava até às 11 da noite a corrigir testes. Era eu que tinha que fazer o jantar e tudo, onde é que já se viu?

24/06/2013

A ver se hoje não chove



Já em tempos me gabei de a Rituals me ter oferecido uma espuma de banho e um óleo corporal. O que fiz a seguir denota a importância que eu dou às coisas terráqueas. É que não li que o óleo é um óleo de banho. Honestamente, nem sabia que uma pessoa se podia besuntar de óleo no duche. Nem encontrei lógica no facto de uma oferta se compor de espuma de banho + óleo de banho. Então hoje estreei-me no cheiro tangerina (ou é laranja? Heh. Citrino) e vai de me lavar com a espuma e de me besuntar com o óleo depois do banho. Cheiro a Pronto para móveis. Cheiro a óleo de cedro. Só percebi o meu engano porque mo explicaram. Não se pode estar ao pé de mim hoje, de tão bem cheirosa que estou. Sinto-me uma peça de Chippendale em laranjeira. Tangerineira.

A propósito do post anterior / Deslarguei esta frase # 10

Até inventei um ditado popular:

[Reportei, sim senhora. Estes gajos têm que aprender]. Enquanto não houver alguém que rapa do livro de reclamações, vamos continuar a comer ratos à mesa.

Se vale x, [vende os teus tarecos, mas não compres no] OLX

Precisei de uma cena, barata e rapidamente, e fui ao OLX. Liguei ao vendedor, com o preço tudo ok, acertámos dia e hora (hoje) para a entrega do artigo contra o preço. Eram € 20,90 (pela idiotice do preço, devia ter percebido que se tratava de um idiota). De manhã recebo um sms a dizer que "Tenho outros interessados na tenda, subi o preço para 25. Trabalho em (...), o 1º a chegar fica com a tenda" (Run, Forrest, run! O cabrão). Depois de refrear um pequeno ataque de nervos, porque estava na rua, respondi: "É óbvio que acaba de perder um comprador". Em se tratando de uma boa barraca, ninguém me supera, bro!

O gajo é este. Está bem, ninguém me lê, mas estes bocadinhos de cocó merecem uma publicidade à escala. Ah, e também reportei o assunto à OLX como fraude. De uma desanda não se livra, o vendedor registado e activo há 4 anos e meio. PQP, adoro as segundas-feiras.

Sem Pêlos, mas Com Camisas

O Jovem Sem Pêlos no Peito acaba de vir mostrar-me que estreou hoje uma das camisas que já me tinha mostrado quando comprou, ainda no saco. Tendo em conta a cor (azul forte) e a temperatura esperada para hoje, eu só lhe disse que ele vai acabar o dia cheio de medalhas de suor. Informou-me que hoje, na pausa de almoço, vai à H & M comprar camisas brancas. Sou uma personal dresser.

23/06/2013

Eu também fotografo coisas que vejo e só eu percebo # 17

Elevador da Câmara de Odivelas

Verão, verão

Uma praia totalmente estúpida. Bandeira vermelha, o que, dado o local, não é grande novidade. Mergulhos mais cautelosos mas, ainda assim, mergulhos. Depois, em dez minutos, o areal reduzido a metade. Ondas de três metros, surfistas ao rubro, o querido nadador salvador sempre preocupado comigo e as gajas, a dar-nos a enésima lição acerca de lagoeiros (?), lagoas (?), fundões (?), ai que fofo, parece que todo o povo se pode afogar menos nós. Desperdício a não entregar ao mar. Monta-nos (nááá) uma guarda quase comovente, tadinho. Passados dez minutos, mais um quarto da praia a ser engolida pelas vagas, de modo que o povão se concentrou todo em 25 % do total do espaço que tinha vinte minutos antes. O nico que ainda foi possível ali sobreviver foi passado com nalgas pejadas de celulite quase a roçarem os meus olhos, assim como varizes várias, virilhas mal depiladas, muitas outras partes mal depiladas ou não depiladas de todo, muitas barrigas que, apesar de os donos permanecerem em apneia, são panças, metrossexuais da outra margem, fios dentais enfiados em rabos altamente grumosos, algumas tatuagens, enfim, um desconhecimento absoluto de uma das minhas máximas (os ignorantes!) que diz que juventude não é sinónimo de forma física. Eu gosto é do Verão.

Sim, Mais-Atentos-Profissionais, esta fotografia foi tirada noutro dia. Mas o NS é o mesmo. E o desvelo também.

Raçudas

Conversa com as minhas pretas. Uma veio de Angola e é branca. É mais clara que eu, mesmo sem praia em cima. Mas tem o cabelo encarapinhado, os lábios grossos, o nariz empinado. E aquelas pestanas que eu também queria. Quando vai à praia, tem que se proteger com um factor altíssimo, senão apanha escaldões, coisa que eu nem sei o que é. Mas eu não vim de Angola, o meu nariz é empinado, sou mais escura que ela e o meu cabelo é quase liso. E a mancha mongólica? A preta não sabe o que é. Explico-lhe que nasci com a mancha mongólica, pormenor que me foi revelado quando comecei a ver nascer crianças na família a que pertenço, todas com a mesma mancha. Não, nem ela nem as filhas, nenhuma nasceu com a mancha. Preta mais branca que eu. Mais tarde, outra preta. Eu já intrigada, esta é mais escura que eu, também tem o cabelo encarapinhado e os lábios grossos, tem um nariz lindo, direito e empinado. Sim, os filhos nasceram ambos com a mancha. Já estou mais descansada. Somos as três pretas, só que uma mais clara que eu mas com cabelo de preta. Somos a prova final de que o Hitler não percebia nada de raças. Somos o noves-fora-nada de que nunca podes ser racista, nem segregar ou estigmatizar ninguém pela cor da pele - já agora, nem por qualquer opção que faça na vida - sob pena de o preconceito se virar contra ti.

Ponham-se na nossa pele por uns minutos, senhores. Vá, nós pomo-nos na vossa

21/06/2013

Eu só queria perceber

este rosto

e este cabelo. No registo a) Andei à luta com um gato selvagem; b) Acabei de levar uma queca; c) Acabei de levar uma queca de um gato selvagem.

Macaquinha de imitação

Lisboa, Setembro de 2012

Rio de Janeiro, Junho de 2013

Pensamentos que me germinam na caixa, porém nunca me chegam à boca # 5

Entra uma mulher no metro a gritar, mas tanto e tão alto que se sobrepôs aos meus auriculares, que já de si têm o volume próximo do máximo: "Ajudem-me! Eu preciso de comer! Dêem-me qualquer coisinha para eu poder comer uma sopinha! Ai que vergonha ter que andar a pedir para comer!"

Entretanto, de lata na mão. E os gritos a transformarem-se em choro sem lágrimas, uma ladaínha muito carpideira: "A miséria é uma coisa tão triste! Ai, eu preciso de comer, tenho tanta fome!"

Único. Pensamento. Que. Consegui. Alinhavar:

Cala-te. Caralho.


20/06/2013

A outra diz que eu devia usar um broche

Risquei a blusinha (branca) com caneta azul. Na mama. Fui à casa-de-banho e lavei com a bosta salmoura que temos disponível para lavar as mãos. Deixei secar. Mais tarde, fui outra vez à casa-de-banho e verifiquei que o risco azul tinha desaparecido, mas o gel de salmoura tinha deixado uma mancha cor-de-merdal no lugar do risco. Passei um paninho com água e fiquei outra vez com a mama molhada. Agora quero ir-me embora e só tenho uma de duas: ou visto um casaco, com este calor, ou inclino um nico a cabeça e o cabelo tapa. Uma das mulas diz que eu devia usar um broche [scrolling eyes]. O Jovem Sem Pêlos no Peito diz que não se nota, com os dois olhos em alvo na direcção da minha mancha. Por uma vez vou atender à opinião dele.

O que é que eu sou?

Então não é que agora o Jovem Sem Pêlos no Peito deu em ir às compras, aproveitando as promoções que as lojas já estão a fazer, e depois chama-me de parte para me mostrar tudo o que comprou? Eu pergunto-me e vos: o que é que ele vê em mim? Uma mãe? Uma avó? Uma prima afastada? Uma sobrinha por afinidade? Ou apenas uma pessoa de tão extremo bom gosto que só depois do meu aval é que se sente capacitado para usar o que comprou?

Decisions, decisions

Bom, vamos directos ao assunto - eu cozinho muito bem. Não vale a pena estar aqui com rodeios, ah e tal, eu era uma ignorante há uns anos e agora já não sou, que isso não interessa para nada, quando a realidade é que não há cobaia que não devore os meus feitos culinários, não se lamba durante a refeição e depois, como os gatos, e não verbalize adjectivos altamente qualificativos naquela fase pós-arroto, em que se dá o início da digestão. Só não consigo tirar fotografias aos meus briosos resultados, em parte porque eles são logo aspirados, em outra parte porque não há cu para andar a tirar pics, metê-las no comp e passá-las para aqui e, last but not least, porque não. Não me apetece ser idolatrada por mais esse predicado. Já chega de melgas.

Ontem estava a cozinhar soja, porque respeito o vegetarianismo de pessoas. Quis deitar-lhe polpa de tomate e não encontrava a polpa de tomate. Então pus-me uma de duas alternativas - tomate fresco ou ketchup. Nenhuma das duas me parecia a ideal, o primeiro porque enche a comida de água, não é concentrado, não dá gosto a tomate, e o segundo porque é demasiado doce. E a mim não me ponham à frente a hipótese A e a hipótese B - eu opto pelas duas. Se numa loja tiver que decidir se levo as calças encarnadas ou as calças amarelas, a minha opção é sempre a C - levo as duas, e em casa decido de quais gosto mais. Como na cozinha - tomate ou ketchup? Os dois. Quando arrumei o ketchup, encontrei a polpa. Usei-a na mesma, tendo obtido uma soja de tomates. Verdadeiramente de se lamber e chorar por mais.

19/06/2013

Dica # 5

Há quem saiba esta, mas esses são os raros privilegiados que beneficiam do meu convívio, a quem já transmiti este segredo tão bem guardado - como retirar nódoas de gordura. Esqueçam o Supergel, o tira-nódoas (que vos põe, no lugar da nódoa, uma outra, muito agradável e maior, com uma auréola branquinha, parece um anjinho), a lixívia gentil (que é para aí a coisa mais parva que se inventou para não sei o quê - não limpa, não lava, não desinfecta, não respeita as cores, não nada. E ainda se dá à lata de ter um cheiro estupidamente intenso a... gentil!?). Nódoa de gordura, nódoa de azeite, nódoa de óleo alimentar, nódoa de margarina, nódoa dos vossos vomitados, tira-se com detergente de lavar louça à mão. Fairy, Super Pop limão, o que houver. Um nico numa escova de dentes (convém ser velha, mas cada um sabe da higiene da sua escova), água quente, ali bem esfregadinha a nódoa com o detergente quase em estado puro e depois máquina com ela, para fazer desaparecer os vestígios do detergente. 

Nota: Este truque dá para todos os tecidos, mas, se a nódoa for numa gravata, paz à sua alma. Nem na lavandaria se safam. Ninguém vos manda usar gravata. Nem babá-la. 

Eu também fotografo coisas que vejo e só eu percebo # 16


Inde falar assim para a pqvp!

Já que hoje o mau humor está no código desta fábrica, eu também quero ter o meu momento. Trata-se de um fenómeno de integração nas massas, detesto sentir-me marginalizada. E, para além de estar farta de ver maltratada a minha língua (não essa, não o órgão muscular, que essa está de boa saúde, saravá, mas a língua natural, a linguagem, essa) em quase tudo o que leio (o que inclui livros - é o tradutor que é uma merda, é a revisão de texto que não existe, é o copy que é estrábico, é o quê, pá? - jornais, revistas, jornais online, blogs e, muito em particular, comentários de blogs e de jornais online - nesses então, valham-me todos os deuses! Baco, filho, também me podes valer, bruto!), também estou farta de ouvir pessoas que, supostamente - vá, sublinha o supostamente - até estudaram mais uns anos, leram muitas mais palavras, exercem profissões que os obrigam - o-bri-gam - a saber falar e escrever e... náá. Não sabem. São estes eruditos da porra que usam termos assim, como direi, mais elaborados, alguns até existem, mas que não há necessidade... como por exemplo, não usam receber. Usam recepcionar. Não usam contratar. Usam contratualizar. Não usam lista. Usam listagem. Não usam experimentar. Usam experenciar. Não usam esperar. Usam espectar. Não usam preservativo. Hah, era só para ver se ainda aí estavam. Mas pronto, não devem usar. Devem usar preservação. Das células. E merdas assim, que são caras e não servem para nada.

Patrão fora, dia santo na loja - ditado # 5

Por acaso nem ia fazer um post sobre ditados populares. Vinha aqui só para fazer queixinhas de uma das mulas. A gorda. A que se despediu e anda atravessada com o povo todo desta loja. Fonix pá gaja.

Hoje estamos só metade, e sem patrão. Isto podia estar um veludo, uma harmonia, um céu, daqueles muito irritantes, cheios de anjinhos, harpas e violinos a tocar, até termos a cabeça feita numa papa zen. Mas isso não é possível. Temos a gorda de mau humor, a marchar de meia em meia-hora para a retrete (período? infecção urinária? gregório? este é que lhe servia, sempre desinchava), com uns sapatos calçados que rangem para cornos (não suportam o terapio do animal) e um constante ruído de fundo já-ontem-perdi-o-dia-todo-com-esse-assunto-eu-não-posso-fazer-tudo-é-tudo-eu-tudo-eu-beca-beca-beca. Se isto é a acepção de dia santo, venham mais dias diabólicos que a malta aguenta melhor. Eu sou aquela pessoa que tem uma absurda incapacidade para lidar com o mau humor, pelo que, a esta bela hora, já ia para casa. 



18/06/2013

Quem não quer ser lobo, não lhe veste a pele - ditado # 4

Este ditado não me inspira. Quando era pequena tinha medo de lobos, não só porque me identificava com o Capuchinho Vermelho (achava-a queridíssima por levar o farnel à avó e compreendia perfeitamente que ela tivesse atalhado o percurso, lixando-se. E também me matava de curiosidade por saber o que é que ia debaixo do paninho da cesta), como também porque uma pessoa ignorante com quem tive que lidar me convenceu que o lobo me vinha buscar se eu não comesse tudo. Está bem de ver que eu já era elegante e preocupada com a linha, a estúpida criatura é que era visceralmente incapaz de perceber essa evidência.

Mas hoje, em duas situações distintas, percebi o alcance do ditado e já não podia ir deitar-me sem vir aqui dizer porquê. 

Situação 1 - Tive que apanhar um táxi para me deslocar do ponto A para o ponto B (até aqui tudo claro?). Quando entrei, tive que reparar no motorista pelo simples motivo que passo a descrever: muitos anos de vida (tipo a canção dos parabéns, naquela estrofe final), voz de pífaro, Menina, quer ir por onde?, cabelo todo branco, cortado à escovinha, sobrancelhas pretas, depiladas (foi aí que...), casaco anos 80, muitos chumaços, muitos apliques, muitos fechos e botões, muito menear de ombros. Tudo me teria passado despercebido se não fossem as sobrancelhas depiladas. Quem não quer ser um taxista gay, não depile as sobrancelhas.

Situação 2 - Fim do dia, metro. Sentou-se à minha frente um magro, todo de ganga (denim look total, portanto), cabelo à Zé Manel e óculos de sol espelhados. Não foi preciso ser muito perspicaz para perceber que os olhos do Zé Manel se pregaram nos meus joelhos logo de caras. Começo a ponderar a possibilidade de vender bilhetes para o visionamento destes joelhos, independentemente do motivo que leva os passageiros a fixarem-se neles com esta frequência. É indecente que todo o histérico entre aos gritos no metro com uma lata na mão, ou a tocar uma sanfona criminosa e receba umas moedas por isso, sendo que eu vou ali quietinha, não incomodo ninguém, vou a dar o meu espectáculo e não recebo nada por isso. Mas adiante. O Zé Manel era ladrão. E eu tenho problemas com ladrões, assunto por acaso pouco desenvolvido neste meu buraco. Topamo-nos à légua, temos topanso recíproco, alta química. Não sei o que é que vêem em mim, uma vez que não me encho de pedras preciosas nem de ouro. Mas devem encarar comigo e pensam: "Eia, esta é fácil. Fragilzinha, saltos altos, anelzinho, relógio fixe, brinquinhos à maneira, vai na volta a malinha vem cheia dele". Enquanto isto, eu penso: "Olha lá, ó Zé Cabra, mas tu achas que eu nasci ontem e ainda não te topei o estilo? Óculos de sol num interior usam as gajas que levam porrada em casa. Tu ladras-me se eu deixar. Ão-ão". É só o que o ladrão necessita: que o olhemos nos óculos por cerca de 10 segundos seguidos. É esse o preço da liberdade para quem não quiser ser gatunado. Este Zé, como todos os que já passaram na minha vida, desistiu ao primeiro round ocular. Acredito que a linha do pensamento "Gamo-a - violo-a - mato-a" lhe foi interrompida. Azar dele. Ninguém o mandou ter pinta de ladrão. Quem não quer ser ladrão, não calce uns óculos de sol espelhados num interior.

Sorte ao jogo, azar aos amores - ditado # 3

Este é só estúpido e inverdadeiro. Parte do pressuposto errado de que ninguém pode ter tudo, ou se tem uma coisa não pode ter a outra. É mais um consolo para as massas que não acertam nem à martelada no par ou nos números. É tão verdade como se considerar que as pessoas bonitas são forçosamente estúpidas. Consolo ou vingança, não corresponde à realidade. De outra forma, como é que explicaríamos a existência das pessoas feias e burras, tudo no mesmo corpo, que todos conhecemos? Ah, quer dizer, o dois em um pela negativa, já pode ser, quanto às qualidades é que não. Não bate certo. Assim como não bate que quem ganhe o Euromilhões não possa dar-se bem, amorosamente falando. Eu própria sou uma forte candidata. Só ainda não o consegui, mas habilito-me com uma frequência e um fervor tais que um dia a coisa dá-se. Isto quem diz o Euromilhões diz qualquer bisca travada a meio do jardim da Estrela. E quem diz amores, diz qualquer conquista operada sobre o primeiro bípede que vá a passar. Tudo depende da perspectiva. 

Isto vai melhorar

Estou para o mau tempo e para a chuva como estou para a crise económica - isto vai melhorar. Acontece que, quando já descemos tanto que batemos no fundo, só há uma de duas alternativas: ou começamos a subir, por muito lentamente que o façamos, ou começamos a esgravatar no fundo, a ver se conseguimos descer mais um nico. Na verdade, não estou muito certa se o país não adoptou a segunda alternativa. Quanto ao clima, isto é muito simples. Estive a reparar (só no mulheredo, o homedo veste sempre a mesma tanga e, por isso, não faz estatística) e por mim passaram 100 % de mulheres de calças e/ sapatos fechados. Algumas de gabardine. As duas únicas que levavam saia iam de collants. Não houve nenhuma por quem passasse que não me inspirasse um "pessimista!" (enquanto elas, muito provavelmente, pensaram "maluca!"). Ou seja, eu sou a excepção do dia. Ou ainda estou na fase da negação, como também posso estar no que toca à gigantesca cárie deste país?

17/06/2013

Hoje estou com a cabeça cheia de fruta, pareço a Carmen Miranda - tico-tico-tá, tico-tico-tá, tico-tico, tico-tico-no-fubá

A propósito de maçãs: cerejas. 

Mandou-me uma amiga, que pesa uns miseráveis 46.000 gramas (mas porra, também tem metade do meu tamanho, há que ser precisa!), um convite para irmos ao Santini comer o novo gelado de cerejas do Fundão. Por acaso, eu já sabia. Não fosse eu uma pessoa tão bem informada e não tivesse lido o Público de ontem. 

Na verdade, com amigas destas não preciso de inimigas. Eu andava-me a tratar da dependência do gelado de pistachio e do de brigadeiro, vem agora esta alminha desencaminhar-me para as cerejas do Fundão. Olha que esta...

Tão lindas, as putas!

Come uma maçã por dia e terás uma vida sadia - ditado # 2

Este lindo ditado tem um correspondente em inglês (An apple a day keeps the doctor away) e terá um correspondente científico que eu desconheço qual é, uma vez que, se trabalho numa oficina, não posso ser médica (a Ordem não me deixaria exercer as duas em simultâneo). 

Nada mais verdade do que as propriedades preventivas da maçã. Pode até ser dos frutos mais sem graça, com variações entre o gold, starking, pink lady, etc., que não lhe conferem mais interesse por isso (aquilo sabe tudo ao mesmo!), mas o certo é que se comerdes uma maçã por dia, nada vos afectará, de gripes a sarna, tudo away, mais o doctor. Não que eu tenha grande experiência do assunto, uma vez que não gosto grandemente de maçãs. Mas comprova o ditado, comendo uma maçã por dia, a única pessoa que conheço que é tão saudável como eu. Esqueçamos o facto de que é a primeira filha, mamou quase até ter um ano de idade e, por conseguinte, tem um sistema imunitário de ferro. Já euzinha, não encontro explicação para, while not eat an apple a day, só me apanham lá os médicos que eu quero consultar. Nem a desculpa de ser a filha mais velha me serve, tão pouco a de ter mamado líquido diferente do que o que bebem os bezerros. Acho que é a quantidade de pepino que como que faz de mim um pêro de saúde. 

Já agora, a expressão pêro de saúde vem, exactamente, do facto de o pêro não ser mais do que uma maçã. As maçãs amarelas são pêros, quais gold.


Teacher, teacher, can you teach me?

E se não são delinquentes a humilhar os professores, os próprios tratam do assunto por via sindical: marcar uma greve que se pretende incómoda para as datas dos exames é assumir que já só são imprescindíveis nas funções de vigilância, tarefa que uma câmara de 50 euros ou um contínuo com o salário mínimo desempenhariam com brio similar. E o Governo, que não accionou a câmara nem o contínuo, dá-lhes razão fingindo não a dar. Para quem acumula todo o conhecimento do mundo, impressiona o desconhecimento que tantos professores têm do seu. Ninguém é capaz de os ensinar?

Ceguinhos do metro

É pedir muito que baixem o volume das mocadas que dão no chão com os vossos cabos de vassoura?

Hoje é segunda-feira e não me apetece ser caridosa e boazinha.

16/06/2013

Ouvi eu, com estes que o forno há-de cremar # 8

Intrigada com a profusão de informação da treta que recebo das pessoas que andam comigo na vida laboral, desabafo com uma, talvez a única que não me sujeita a essas partilhas:

- Eu acho que elas acham que eu tenho cara de débil mental, ou então de tarada sexual.

- Eu acho que é mais a segunda...

15/06/2013

Mãe do André, cá um beijinho de parabéns!

Jantar de aniversário de um amigo, que atingiu mais uma década (50, o caco!). Sem ter lido o convite, sem conhecer o dress code, fui de vestido branco e bingo. Check. Restaurante de praia, um frio assassino. Entrei a pés juntos, ainda não estaria lá há dez minutos, já estava a cometer a gaffe da noite. Dirigi-me a uma amiga do meu amigo, que teria a idade dele, e "Deixa cá dar um beijinho de parabéns à mãe do André". Eu sei que não tenho desculpa. Nenhuma, mesmo. Nem sequer que vejo mal e, portanto, posso ter feito uma confusão. Ou que já tinha bebido uns copos e baralhei as imagens. Nada, a seco, sóbria. A pessoa em questão olhou-me com tanta raiva, a parva, mas eu até percebo que haja pessoas que me odeiem. Eu sou, seguramente, a rainha da gaffe. Nunca conheci ninguém mais pródigo na matéria que eu. Dava para mais um separador deste animado buraco. Sou odiosa. Depois, podia, ao menos, demonstrar alguma atrapalhação, nem que fosse simulada, ou pedir desculpas e sair discretamente do círculo mais apertado que eu própria rasgo à minha volta. Não. Em vez disso, largo-me a rir, porque nessas alturas tudo me parece imensamente cómico*. Durante o percurso em direcção aos braços da "mãe do André", levei uma cotovelada do próprio, que me rosnou "Não é a minha mãe!" e eu "Hah, então é a irmã mais nova da tua mãe!?" (já não ter dito "a tua avó"...), e ele, ainda a rosnar "Não!". Mas por que é que eu não me calei? O que é que me impede de me calar? "Então, é a amiga mais nova da tua mãe, pronto!". Nesta altura, já toda a gente se ria, dos nervos , menos a mal-encarada da "mãe do André", muito aziada (ai que falta de sentido de humor!) e eu a insistir "É que são tão parecidas...". Alguém disse "E ela ainda não bebeu nada!", o que até me deu uma boa ideia, dado o frio que estava, e foram três copos seguidos de sangria, para aquecer e ganhar pedalada para a seca que se seguiu, sentada à mesa, rodeada de velhos chatos que se levam tão a sério, juro que até tive um ataque de inquietude nas pernas. A verdadeira e única mãe do André apareceu entretanto, e vieram avisar-me, mas eu recusei-me a dar mais um passo que fosse nesse sentido. Depois da sangria, o mais certo era tirar mal os azimutes e acertar com outra pessoa em vez da senhora em questão (com alguma vaca, ainda atingia em cheio com dois beijinhos a outra antipática, isso é que era o pleno!).  

*Pode ser um síndrome nervoso qualquer, semelhante à absoluta incapacidade que possuo de frequentar velórios sem me desmanchar até às lágrimas. De riso. Eu mereço o ódio.

14/06/2013

Espera. Afinal isto é um zoo


A semana passada tivemos um rato no estabelecimento. Apareceu uma bolacha roída de forma indiscutível. Eu alertei as entidades com competência genérica que, por sua vez, alertaram a entidade com competência específica, ou seja, o caça-ratos. Accionado o procedimento, o cadáver surgiu dentro de uma caixa, que mais não é do que uma ratoeira moderna (com luz e tudo, que se acende mal o animal lá bota as patas dentro), passado um dia ou dois. Eu tive pena, as mulas ainda gozaram quando perguntaram se eu me queria despedir do rato. Obriguei o senhor ratoeiro a abrir o saco para eu ver o corpo e disse a coisa mais estúpida que algum dia disse na vida: Ai coitadinho, era mesmo um passarinho. Ora, atendendo a que me morreu um passarinho há cerca de um ano e eu ainda não recuperei, a exclamação fazia todo o sentido, já que associei as duas mortes, logo, as duas imagens. De resto, estava tolhida de culpas, por ter sido eu a dar o alarme.

Hoje entrou uma borboleta da traça em outra sala que não a minha, deste lugar. O jovem sem pêlos no peito, que é também menino para lançar cerca de 1,90 metros de comprimento, teve um acesso de nervos, saiu a correr e tropeçou num dossier* que estava no chão, por um nadinha não aterrou em cima de mim. 

LP - A sério, [jovem sem pêlos no peito], o que é que te falta?

JSPNP - Não viste o bicho? Enooorme!

LP dirige-se à porta de varanda em questão, quase a coçar os tomates que não tem, abre-a e solta a borboleta (olha, gostei desta imagem. Vou anotar para chapar no best seller).

LP - Podes dizer que te salvei a vida, de seres comido por um passarão.

JSPNP - Passarão, não, mas era um besouro.

LP - Borboleta. Da traça. [DURP]

*dossier, sim, nas minas também se colocam dossiers no chão, para quando estas princesas têm os achaques poderem tropeçar à vontade.

As tais informações de que eu prescindo

Uma pessoa muito idosa que anda na faina no mesmo local que eu, sem que eu lhe tivesse perguntado nada, diz-me assim:

- Hoje pus cuecas e isto não me dá jeito nenhum. É que eu costumo usar fio dental. 

Tendo em conta que se trata da mesma pessoa que foi operada às hemorróidas o ano passado e também a mesmíssima que aqui há tempos expulsou para a sanita comunitária um tarolo de tal forma gigantesco que nem três descargas de autoclismo fizeram desaparecer, já para não falar do aspecto/dimensão dos quadros traseiros da pessoa em causa, a imagem mental que eu fiz de imediato é ou não é coisa para me fazer ganhar  esta linda sexta-feira?

13/06/2013

A mulher portuguesa quer-se pequenina e gordinha como a sardinha - ditado # 1

E pronto, está inaugurado mais um eloquente separador deste meu buraco tão sincero, que tantas alegrias me tem dado: o dos ditados populares. O de hoje vem mais do que a propósito, quanto mais não seja pela referência àquele peixe que eu agora só posso ver para lá do S. João, carago (só a barrigada...).

O quão queriduxo e consolador deve ser saber, ou imaginar, que bom, bom mesmo, é ser-se gordinha, especialmente se tal qualidade vier acoplada ao facto de não se ter crescido em altura muito mais do que um metro e meio. Atenção que eu adoro petites mignones, uma das minhas gajas é dessa raça e outra delas por pouco não é também. Mas nenhuma é gordinha, nem gorda, nem gorducha, nem gorduchinha ou, sequer, fofinha. O que não acontece com a mulher portuguesa em geral. E não me venham cá com a conversa que as novas gerações estão mais altas e mais magras. Not. Continuam estupidamente mais pequenas que todas as nativas do resto da Europa, taco-a-taco com as caga-tacos (adoro estes meus pleonasmos) das asiáticas. Portuguesinha que se preze, pára de crescer mal menstrua - e isso sim, acontece cada vez mais cedo, derivados aos Mc D's da vida e aos tratamentos hormonais sempre presentes, Tóma a pírula, pra tua saúde, Vánessa Márisa! - ou seja, entre os 10 e os 12 anos. E depois alarga alarvemente, para uns poucos anos mais tarde se poder queixar que os filhos é que tiveram a culpa daquele corpanzil, que seria de Bündchen se não tivesse nascido o Vítor Fábio. 

Em suma, lutadoras de sumo (outro pleo, hoje estou imparável!), este ditado popular é um consolo que o povo, sempre espirituoso, vos quer dar. Na verdade, ninguém acha graça a gordas atarracadas. Beijinho.

Pensamentos que me germinam na caixa, porém nunca me chegam à boca # 4

Ao senhor que viajou comigo no metro ontem:

Meu bom homem, o senhor até era uma boa figura, quase igual ao bom do François Cluzet. Mas se já ia suficientemente perturbado com os meus joelhos e com o meu decote enquanto viajava à distância de 4 metros de mim - mas, ao menos, ia em pé! -, por que é que resolveu sentar-se à minha frente e, com isso, aumentar exponencialmente a sua perturbação? É que podia ter evitado tantos saltos na cadeira e tantos suspiros. Digo-lhe que topei tudo. E, quando eu pensava que a (sua) tortura ia acabar quando chegássemos a uma estação de intersecção de linhas - onde tanta gente sai! - então não é que me enganei redondamente e continuámos juntos e quase sós naquela que seria uma semi-romântica viagem, não foram aqueles seus nervos? Saímos na mesma estação, mas o senhor correu que se fartou à minha frente e perdi-lhe o rasto. 

(Se calhar era só claustrofóbico. Ou estava aflitinho para cagar)

Eu também fotografo coisas que vejo e só eu percebo # 15



12/06/2013

Dica # 4

Se calhar, esta sabem. Mas eu digo na mesma. 

Vamos supor que meteram uma peça azul ou vermelha na máquina, que vos transfigurou a cor branca de dezenas de peças num cândido azul bebé ou num suave rosinha minha canoa. Também existe a possibilidade do cinzazinho encardido, que é quando metem peças pretas. 

Primeiro passo: rezar. Rezar fervorosamente para que toda a roupa, agora rosa, azulinho ou cinzenta-pum seja (tenha sido em tempos!) toda branca, que é como este truque resulta em cheio. Não fazeis como eu, que já juntei um robe turco azul turquesa com um pijama bege, o que resultou num pijama azul-bebege. 

Segundo passo: no final das vossas orações, e ainda que tenham constatado a presença de alguma peça não branca, caguem nisso e metam tudo na máquina outra vez. Programa longo, não necessariamente quente. Um copo cheio (um copo, 150, 200 ml, um copo!) de lixívia para o compartimento da lixívia. É o que fica ao lado daquele do detergente e do do amaciador. A lixívia é mesmo lixívia, não é dessa cena maricas que é a lixívia gentil. E pronto, dizei adeus ao disparate que haveis feito. 

E dji nada, viu?

11/06/2013

Dica # 3

Se vão fazer empadão, seja de batata ou de arroz, please, please, please, esqueçam a chouriça. Tem que ser chouriço - macho! Embora a chouriça tenha exactamente o mesmo formato que o seu congénere masculino - e não me venham com a treta que a forma é fálica, porque não é. Desqueira que nunca tenham que enfrentar um phalo com aquele formato! -, o sabor é de merda. Assim, objectivamente. Vá, ainda dá para picar um bocado da dita e misturar na carne picada, que dá aquele travo a enchidos e faz aquele mal às coronárias que de vez em quando sabe tão bem, mas lá quanto às rodelas que ficam tão belas se colocadas no topo do prato, não. Sabor de merda, não sei se já disse. Rodelas de merda. É chato.



Comprei a chouriça numa pequena superfície perto do local onde agarro na enxada diariamente, que é, simultaneamente, um dos pontos do roteiro gay. E foi ao lado de um menino assim que exclamei, ao segurar languidamente a chouriça entre dedos: "Chouriça. Esta é menina". You stupid woman.

Pensamentos que me germinam na caixa, porém nunca me chegam à boca # 3

A gorda despediu-se e disse que saía no dia em que arranjasse "outra coisa". Isto só se passa em a minha senzala, noutra qualquer levavas um pontapé na peida que voavas até à próxima "coisa", onde só aterravas de queixos, ó gorda. Depois decidiu que sai, mas sai acompanhada. Agora acha que ninguém trabalha, a não ser ela, motivo pelo qual passa os dias a verificar quem faz e o quê. Não entende a lógica de quem lhe paga, que passou a ser "Ai, não estás satisfeita? Então sais, mas sais a suspirar de alívio por saíres".

Querida gorda: quem deu o tiro no pé foste tu. Quem fez a ameaça agarrem-me-senão-desgraço-me foste tu. Sai, vai-te, mas vai-te sozinha e em paz. Há quem precise do ordenado. Há quem tenha família para sustentar. Há quem tenha contas para pagar. Há quem, no limite, precise de comer. Tu não és uma delas. Necessitas urgentemente de parar de comer. Isso está a encher-te as veias de fel. E os olhos de rancor. E as ancas de banha. Vade com demo, babe.

Não é justo

Entrar na Calzedonia no dia 11 de Junho, a 10 (dez. Pouco mais do que uma semana) dias do Verão, encarar com mil biquinis giros - não é que eu seja muito calze-addicted, depois na praia todo o bicho careta tem um igual ao meu, e eu não gosto nada de encarar com o que quer que seja igual ao meu, ainda mais em se tratando da praia - e ter que comprar collants pretos. Fininhos, é certo, mas pretos. Pronto, meias, é certo. Mas meias. Pretas. O clima não ajuda,  o dress code também não. 

Vá lá, uma brecha, uns raios! Raios, pá.

Croma


Estou farta das cores deste blog. Todas têm a sua razão de ser, mas já me cansaram. Eu queria ter um blog foleiro e então pensei primeiro em qual das cores gosto menos. Definitivamente, lilás. Portanto, fundo lilás. Depois pensei em qual a pior combinação que se pode fazer entre duas cores e, nesse dia, vi uma mulher na rua com calças ocre e blusa salmão. Ocre e salmão deve ser a pior combinação possível de duas cores, que nunca irão jogar juntas, a não ser talvez em dois clubes manhosos da liga dos últimos. Pior que o preto com o azul escuro, que são só a repetição da ideia noite-breu, pior que o rosa cerise com o cor-de-laranja que, em certo contexto, conseguem alinhar-se bem, pior que o roxo com o amarelo - porque as mulheres que vestem estas duas cores juntas, normalmente rematam à baliza com uns sapatos bege (hã?) ou uma mala prateada (vá lá...) e não há volta a dar-lhe. Não há: roxo + amarelo = calças amarelas + blusa roxa + sapatos quê? Roxos? Amarelos? Vá, desistam. Não pode ser. Proibido. 

Em resumo, salmão + ocre + lilás pareceu-me a pior combinação do planeta. E é. Por isso, fartei-me dela. Tenho que explorar outra tendência, que me dê mais pica chapar aqui.

10/06/2013

Ensinamentos de quem já viveu várias décadas

Adoro as minhas gajas. Elas são tão novinhas, tão bem construídas e tão boas pessoas que é um gozo do escafandro lidar com elas, conversar com elas e também ouvi-las. Apesar da distância que nos separa, em termos de tempo percorrido com os pés no chão, elas também me ouvem a mim. Uma delas tem especial tendência para se preocupar demasiado com coisas que daqui a uns anos vai chamar tretas, mas que agora a consomem um bocado. E vai daí disse-lhe assim eu:

- Aprende a deitar fora a porcaria. Tu guardas muito lixo. Eu até percebo que sejas assim, eu própria já devo ter sido, quando tinha a tua idade. Mas, com o tempo, vais aprender a seleccionar o que interessa e a chutar para trás das costas tudo o que seja lixo, tralha, porcaria, inútil ou prejudicial e a só guardar o que interessa. Vais ver que aos 20 começas a fazer uma boa selecção e, aos poucos, a guardar mais o melhor e a deitar fora o que não interessa. Aos 30 terás deitado fora grande parte da tralha e as poucas coisas que terás guardadas serão as melhores. A partir dos 40 é um vê-se-te-avias a limpar gavetas e a pôr quase tudo no ecoponto, muito bem seleccionado. Para ti só guardas o que tem altas hipóteses de ficar para sempre.

Sardinhas

Todos os anos é a mesma gaita com a Câmara. Fazem o concurso da melhor sardinha e eu não chego a tempo. Para o ano não me escapa. Vou agendar a coisa de antevéspera e concorrer com a minha sardinha - que ainda nem pensada está, quanto mais elaborada. Mas isso é secundário.

Entretanto, hoje comi sardinhas, pela primeira vez este ano. Éramos quatro a comer, vieram 18 sardinhas para a mesa, cinco para um, duas para uma das gajas, outras duas para outra das gajas e nove aqui para a menina (ok, as de > 30' não se podem auto-denominar "miúdas", mas uma pessoa très anciènne pode auto-denominar-se "menina"). Souberam-me pela vida. Agora encharco-me em chá até à noitinha, a ver se dou lago ao cardume que devorei e elas não se transmutam em banha de porco algures entre a cintura e o umbigo. Paz às suas boas almas.

07/06/2013

Ouvi eu, com estes que o forno há-de cremar # 7

Em termos de mercado, nós vamos passar a ser a nova China da Europa.

[wtf?]

Miúdas?

O que é que se está a passar com as mulheres over 30, que se auto-denominam "miúdas"? Miúda? Miúda é uma menina pequenina, é uma adolescente, é uma mulher até aos 25, minhas! Wake up, a miudagem terminou, fazei-vos à estrada e ide ter filhos! Eu convivo diariamente com uma mulher que passou os 30 há alguns, cujas amigas andam por essa mesma faixa, e é vê-las a auto-referirem-se e a falarem umas das outras como miúda, as graúdas. Tá certo, se ficam mais felizes assim.

Não consigo processar tanta informação

A chegada à senzala, logo pela manhãzinha, é profícua em informações que não me interessam. Foi assim que fiquei a saber que uma das negreiras usa fio dental - tive a pouca sorte de a ver acocorar-se à minha frente e apercebi-me do facto -, que a mesma negreira rapa todos os pêlos - lembrou-se de comentar que "ter pêlos aí [apontando para um pipi dos vários que por cá temos] é uma falta de higiene" e, sumariamente, como corre a vida sexual de todas as exploradas deste bom lugar, umas mais lacaias do que outras. Vamos lá a ver: não é que eu ache alguma coisa acerca do que me transmitem a esta feliz hora. Acontece que são assuntos que eu só agradecia que não partilhassem... Então, hoje fui logo brindada à chegada com esta informação, provinda da capa da Nova Gente:

- Ó [título que não vos interessa] Linda Porca [that's not my name], já viu que sempre é verdade? O sexo oral pode provocar cancro na garganta.

Eu ia amar-me profundamente se conseguisse, por uma vez na p. da vida, ficar calada. Mas não.

- Então, faz favor, estude lá isso e depois diga-me se é o sexo oral praticado em homens ou em mulheres (para quem era não dava para usar os termos latinos cunni e fella, que a senhora apoplexava, já bem bastava o estado de nervos em que estava derivados à "notícia").


06/06/2013

Hoje envelheci (mais)

Hoje estou tão velha, tão cansada, estou a começar a inchar, devo rebentar a qualquer momento, não me dói a cabeça - nunca me dói a cabeça, sou a maior felizarda que conheço! - mas estou anciã, os meus cabelos vão ficar todos brancos dentro de quatro-três-dois-um minuto, queria saltar (arrastando-me, como uma verdadeira anciã) daqui para fora e ir para casa, mas tenho um fdp de um caminho para percorrer (qual é a probabilidade, qual é ela, de a pessoa mais mal-cheirosa de todo o metro estar a uma distância de 3 metros de mim e vir sentar-se precisamente ao meu lado? De 100 %, acertaram, genitais! Já aconteceu hoje, por isso é que me lembro com clareza) e já prefiro estar aqui do que encarar a coisa, se eu pudesse, hoje voava até casa, mergulhava de cabeça na minha almofada e dormia até amanhã. E nunca mais haveria anjos.

Ataques de gajice

Também me afectam, por mais que os queira evitar. Devem ser as hormonas, as tais que têm a culpa de tudo o que nos acontece, para o bem e para o mal.

A Rituals oferece-me um kit com uma espuma de banho e um óleo (que deve ser para o corpo, ainda não estudei o assunto com afinco). Mas eu fico feliz, mas feliz a sério, é com dois factores completamente acessórios: a fita para o pulso, perfumada de laranja


com a frase When you smile to the world, the world smiles back.

Pronto, ok, não é uma grande mensagem, e tem qualquer coisa a ver com o buda do sorriso, o que não me interessa para nada. Mas gostei, também podia dizer When you turn your back to the world, the world kicks you in the ass, que era giro na mesma. Na verdade, o que me encheu as medidas foi a coincidência da cor da fita com a do meu verniz. Aqui não se vê, mas ao vivo são quase iguais e lindas. Eu gosto de cor-de-laranja como o caraças. E de azul, fonix.


05/06/2013

The answer to a question

Pergunto-me se a idade das pessoas determina o quão parvas são. Não. Mas há exemplares que se nos atravessam pela frente, ao longo da vida, cujas atitudes tendemos a justificar com um "coitado, é velho", ou "é parvo, é jovem". Nesta última categoria insere-se a mais recente - e também mais jovem - aquisição da senzala onde, voluntariamente, eu apareço todos os dias para que abusem física e psicologicamente de mim de forma mais ou menos consentida. O rapaz em questão tem coisa para 23 ou 24 anos - ele um dia disse-me, mas eu esqueço-me de tomar o Memofant e depois queixo-me. Na verdade, não me interessa que pdi é que o boy carrega, o que interessa para aqui é a tendência que mais gente do que só eu tem para achar que aquilo tudo se deve ao facto de ele ter largado as fraldinhas há menos tempo do que qualquer um de nós. O que é um raciocínio oblíquo, tendo em conta que existem ali dentro mais duas pessoas na mesma faixa etária e que não são assim (pronto, ok, a rapariga é tola de todo, mas o outro rapaz tem vindo a melhorar com o convívio, ou nós a habituarmo-nos a ele). Senão, vejamos: imaginemos o seguinte cenário - estamos cinco pessoas, para além do memé, numa sala de trabalho (nas senzalas trabalha-se). O petit, do nada, baixa-se para apanhar não sei que merda do chão (se calhar nenhuma, foi o pretexto que arranjou para o awkward moment que se seguiu), agarra nas duas abas da camisa, aberta quase até à cintura, e exclama: 

Eu não tenho pêlos no peito!

Assim. Eu. Não. Tenho. Pêlos. No. Peito.

Nem no cérebro. 

Os instantes que se seguiram foram de verdadeiro pânico, designadamente porque quatro das cinco pessoas ali presentes somos mulheres e não queremos saber o que c. fez ele à porra dos pêlos. Do peito. 

A clássica situação "The answer to a question I never asked". Que nós sublimamos com um coitado, é parvo, é jovem. Mas não pode ser isso. Este é dos tais que, um dia que deixe de ser jovem, vai sempre continuar a sua escalada de... parvo.



03/06/2013

Salmoura

Andam em contenção de despesas aqui na senzala. É a única coisa que explica que se tenha adquirido um sabonete líquido a cheirar à água de repouso das azeitonas. Diz que estava em promoção. Para quem aprecia, como eu, no final da lavagem até apetece lamber as palmas. Mas muito haverá quem não associe esse cheiro a um par de mãos lavadas. Nem a par de coisa nenhuma lavada. Para quando o desodorizante do ar a cheirar a tremoços?


Na embalagem diz "Leite e Mel", mas é a brincar.

02/06/2013

Dica # 2

Na senda da minha enorme bondade, aqui venho deixar mais uma solução para problemas que vocês arranjam e eu resolvo. Note-se que todas as dicas que aqui apresento são da minha autoria pura e dura, isto é, não só sou eu que as escrevo como também fui eu que as descobri, através de empirismo ou de um prosaico tentativa-erro.

Tirar nódoas de sangue da roupa. Esta dica é utilíssima, quer vocês sejam um simples criminoso desorganizado, uma menina menstruosa ou um senhor que sangra nasalmente. Também podem ser uma menina que sangra nasalmente, embora a inversa não possa ser verdadeira. Ou as três coisas ao mesmo tempo, o que é que isso interessa?

Então, mergulhai a peça em causa em água quente, saída do esquentador (não ide fervê-la, capaz de dar cabo da peça), e detergente em pó. Este pormenor é importante: detergente em pó. Tanto faz que seja para lavar na máquina ou à mão, tem que ser snifável. Esperai umas horas e verificai o milagre da química: o sangue fica todo a boiar na água, eternamente separado da roupa. Agora perguntam vocês, que são tantos e tão bons: Linda (ou Porca, é-me igual), e se for uma peça de lã ou de algum tecido que encolhe? Olha, ide pastar a vaca e não menstruai pull-overs de lambswool nem de cachemira, pá.