31/05/2013

Eu agora fazia um post enigmático, daqueles que deixam a pessoa em agonia de curiosidade e a pensar que eu sou um poço de mistério. Ponto. No título e tudo.

Às vezes apetece-me mesmo gritar para dentro de uma caixa. Tenho que arranjar uma com esta imagem:


É que há coisas tão más, mas tão más, que os nossos olhos são obrigados a ver (a leitura inclui-se na visão, pode ser?) ou que os nossos ouvidos são obrigados a ouvir, que mais valia ir à casa-de-banho da senzala, como há bocado me aconteceu, cheirar-me à diarreia alheia como me cheirou, e snifar aquilo com gosto durante um bom bocado que, ainda assim, esta agressão cerebral, via olfacto, não seria tão corrosiva como algumas coisas que vejo, leio ou oiço. 

29/05/2013

Ando a deitar pérolas a porcos

Cá na senzala as mulas entenderam que já não estamos em época de beber chá. Textualmente, isto. Como se houvesse época para beber chá. Explicasse-lhes eu a metáfora com o chá que ainda precisam de beber e logo se punham a caminho da máquina, com o respeitinho que ela merece. OK, não bebem vocês, bebo eu, faço dose individual em vez de colectiva. Até que achei chato estar a gastar do chá da senzala e vai daí trouxe do meu casebre, já que era para mim e não fossem reafirmar a ideia de que já não estamos em época de beber chá, vulgo tu gastas o chá todo, vulgo dás prejuízo ao estaminé. Mas o tempo não melhorou e eu achei, armada em ingénua, que as mulas haviam de querer chá à força. Hoje avisei-as que ia fazer chá para todas, tudo abanou as fronhas que sim, e assim disse, assim fiz. Lá abordei a máquina nova pela primeira vez, qual forcado, meti-me nos cornos da coisa e correu bem. Pelo menos, não lhe rebentei com o jarro, nem lhe fritei os miolos. A seguir a servir-me, vão as mulas e deitam o chá DA RITUALS, que eu paguei com a miséria que aufiro, todo fora PORQUE QUERIAM FAZER CAFÉ. Olha, não gostei e protestei. Ouvi logo a porta-voz a cagar a seguinte posta:

Ó [título que não vos interessa] Linda Porca [that's not my name], não lhe disse já que já não estamos em época de beber chá?

Maria dos canos serrados

Nunca ninguém será capaz de verbalizar tão bem a raiva de uma mulher rejeitada quanto este génio, de seu nome Ricardo Adolfo:

E deixa-nos dizer-te que se não estás à nossa porta amanhã de manhã, ou seja, antes do meio-dia, assim que te pusermos as unhas em cima arrancamos-te os colhões pela língua e enforcamos-te no poste da luz com o intestino grosso.






Maria dos Canos Serrados é a história de uma moça de má rês que se torna pior ainda. Arredores de Lisboa. Maria, vinte e muitos, adora a igualdade de liberdades, o seu namorado gigolô, as noites intoxicadas com as amigas e a ideia de vir a ser directora. Mas, de um dia para o outro, vê-se desamada, despedida e falida. E, entre resignar-se ou virar a mesa, Maria decide acertar contas de arma em punho. Contada de rajada na primeira pessoa, Maria dos Canos Serrados é uma história desbocada, nascida da Grande Crise. Uma reflexão sobre a nova mulher, que não precisa de um Clyde para ser Bonnie.

28/05/2013

Pedido a um santo / oração

Pedro, vai ver se eu estou ali ao fundo.

Ouvi eu, com estes que o forno há-de cremar # 5

De onde é que tu saíste? Onde é que deixaste a nave?

Para se perceber o contexto: tinha acabado de saber que tinha um trabalho novo para fazer, que passa pela audição de uma mulher alemã. E havia tauteado, alegremente, Gosto tanto de lamberr pirrulito, gosto tanto de chupárr pirrulito.


27/05/2013

Splash

Algo me diz que este é que vai ser um programão, quais Big Brother, quais quê. À partida sei que não poderão contar com o meu visionamento, nem sequer de um excertinho, porque geralmente passo mal do gregório com determinada oferta televisiva e preciso de me poupar, que a idade avança todos os dias. Pena que não "conheça" os 23 participantes mas, do nada que sei acerca das suas "personalidades", cheira-me que a coisa vai ferver lá dentro e ainda vai cheirar muito a porco assado (a hora a que escrevo este post justifica plenamente a imagem acabada de usar). Meterem no mesmo espaço uma bombista (a mulher dos bicos ligados), uma drag queen do burlesco, várias parvas - que maminhas são essas, Alexandre? -, de entre as quais o parzinho romântico-blogueiro Cláudio-Crispim, o/a filho/a do Nené, a Sódona Rita Ribeiro - oh, minha senhora, a senhora já é avó! E não, não está em forma, nem tendo em conta a idade. Nunca esteve - e o Toy? Só estes já chegavam para lançar os foguetes pelo rabo, quanto mais com os cagões da Patrocínio e do Gaidão à mistura. Os outros, sei vagamente que há um que acho que esteve ligado ao futebol (mais do que a Filipinha), outro é actor cómico (?) e há uma que andou com o Ronaldo (não era o Ronaldo? A que foi antes da Nereida que, por sua vez, foi antes daquela de agora, que passa a vida de sutiã) e apresenta não sei o quê não sei aonde. De resto, desconheço totalmente quem são e o que fazem na vida. Mesmo eufemisticamente falando.

Dica # 1

Vou abrir uma secção de dicas úteis. Sei de truques caseiros para resolver quase todos os problemas do dia-a-dia. Devia ter um consultório, a pagar (vocês, eu recebia) só derivados à utilidade dos meus saberes. Cá vai o primeiro:

Sapatos que cheiram mal. Desde já aviso que, se o problema está nos vossos pezinhos, esqueçam. Este truque não dá para vocês. Ide ao dermatologista tratar das micoses. O truque que adianto a seguir refere-se apenas ao calçado fabricado com materiais ordinários que, espontaneamente, fede. Do nada, morre-lhe um anão lá dentro. 

* Solução do povo em geral: continuar a usar e os outros que se lixem;
* Solução do povo em particular: lixo com eles;
* Solução Linda Porca: máquina de lavar a roupa. Isto mesmo que haveis lido. Não importa o material - fazei um programa curto, não menos que meia-hora, não mais que uma hora, detergente, normalíssimo, em água fria e bomba com eles. Sejam de que material forem. Experimentei com uns de camurcine, que era suposto descolarem-se e morrerem, vieram de lá lindos e cheirosos. Ora beijinhos.

Fim-de-semana em pleno

O fim-de-semana divide-se em cinco partes: noite de sexta, manhã de sábado, tarde de sábado, manhã de domingo e tarde de domingo. Non stop, e nada de night. Sexta à noite, Algés, para dar ultra-sons à zona que levou a aspiradela. Só confio as minhas peles na mão de uma pessoa, mas, para isso, tenho que fazer caminhadas à noite, a desoras, correndo riscos vários. Estou um bocado farta da zona aspirada. Anda-me a dar muito trabalho e despesa. Mas valeu a pena. Sábado de manhã... enfim, ninguém sabe o quanto passa uma gaja para se manter. Uma manhã inteira a tratar do coiro, chego à hora de almoço farta do corpo todo. Depilação, esfoliação, máscara facial, unhas dos pés, unhas das mãos (arre égua, por que é que temos que ter 20 unhas?), tudo em casa. Nestes locais de mim ninguém bota a pata, a não ser eu. Sábado à tarde, fui a um manicómio visitar uma pessoa muito próxima. Curiosa a sensação de estar em casa que eu tenho quando entro num manicómio. Não foi a primeira vez que fui a um hospital psiquiátrico. Aliás, é num que faço a minha dádiva sanguinária três vezes por ano. Foi um encontro muito emotivo, demos abraços apertados, só não puxámos à lágrima porque ele estava completamente drunfado e eu a levar com o sol na moleirinha, que se me seca tudo até à alma. Hoje de manhã (escreve rápido, LP, rápido, está quase a mudar a data) regressei ao ginásio, em grande estilo, após paragem de duas semanas e meia. À tarde, Feira do Livro, onde me limitei a comprar um "Asterix". Tudo caríssimo, eu pobre, os churros e as porras a chamarem por mim, eu 'Ai não, se não tens para os livros, não tens para a banha'. Ainda pronunciei este belo pensamento: "Descontos de 2 euros? Metam-nos no cu", assim, a seco. Momento alto, música a tocar próxima de mim, eu continuava a andar e a música não se calava, "Parece que tenho música dentro da mala", o que vale é que ando sempre acompanhada de gajas tão acertadas como eu "Olha, tem graça, eu também acho que vem da tua mala". Sou doente, ligou-se-me o rádio de um telemóvel, por auto-recriação. Bem me diziam que eu ia à visita ao manicómio e ficava lá. Que maçada, nem fixei o caminho. À ida para lá perdi-me - como sempre, mas porque adoro queimar gasolina - e fui parar à Buraca. O destino tem coisas destas. O meu destino era a Buraca ou o hospício, mas não, fui armada em intelectual para a Feira do Livro. Não podia dar boa coisa. Já disse que estou farta da zona aspirada? Agora à noite (ontem à noite, isto já mudou a data e eu ainda não me calei) lá marchei outra vez para Algés. Saí de lá às 11 da noite, o carro estava a uns 300 metros da porta, mas eu atravessei a escuridão cheia de coragem. Não se via uma alma viva. Não passou uma única por mim. Trezentos metros de solidão. 

Pronto, eu sei que podia não ter escrito este post. Mas não era a mesma coisa.

24/05/2013

O ar que sai do rabo não é um ar agradável


Terei que fazer o desenho, explicar em língua estrangeira (que só conheço duas, ai coitadinha de mim, sou tão inculta, para além desta em que escrevo), ser um pouco mais vernácula e dizer abertamente - abertamente, o termo é uma associação de ideias com o que tanto me incomoda - que não se aguenta mais as pessoas que se peidam no metro? Ainda por cima, isso acontece mais vezes pela manhã, que é quando, supostamente, se vai lavadinho e limpinho. E acontece com as criaturas mais insuspeitas. Hoje foi uma mulher, nova, gorducha, com o ar mais inocente do mundo, vestida de forma completamente normal, aquele tipinho que passa despercebido em qualquer sítio por onde passa, vai, senta-se à minha frente (e só estávamos as duas naquele espaço, por isso sei que foi ela a peidosa da carruagem) e larga-se num peido que eu só tive pena que não fosse tão sonoro quanto mal-cheiroso, que sempre me dava para travar um diálogo, senão com ela, pelo menos com o ânus dela. Javarda. Pá, e depois estas gajas conseguem dar assim, lameiros, insonoros, podres. Fiquei tão irritada o resto do caminho que já só lhe via defeitos. Dentes de coelho. Queixo duplo. Cabelo de merda. Foleira. Bimbalhona. Ai que bom poder destilar tanto fel logo de manhãzinha, com este sol tão bom, só por causa do peido de uma desconhecida. O quão ardilosa é a mente de uma mulher idosa (rimei, rimei, sou amada sem saber!).

Coisas porcas, todos temos. Eu, por exemplo, só consigo falar de cocó quando estou à mesa a comer. Não me ocorre mais nenhum assunto. E só consegui sublimar um sonho recorrente, que me incomodava muito, exactamente por ser recorrente e pelo seu conteúdo (sonhava que estava sentada na sanita a cagar em pleno passeio público, mas o meu problema principal era 'Como é que eu me vou levantar e limpar o rabo sem que ninguém me veja o pipi? Se calhar é melhor subir as calças sem me limpar. Mas vou ficar com as cuecas sujas. E vão-me ver o pipi no momento em que eu me levantar para as arrear para cima'. Tortuoso? Eu não acho, mas era chato). Então, sublimei a coisa passando a deixar a porta da casa-de-banho sempre aberta, fosse para ir lá fazer o que fosse - tomar banho, defecar, urinar, cortar as unhas dos pés e quase toda a merda que se pode fazer naquele lugar solitário. Remédio santo, nunca mais tive o sonho.

Também tiro cacos do nariz quando estou sozinha na senzala que me escraviza e atiro-os ao vidro da janela, a ver se fazem 'pic'. Tenho mais pontos quantos mais pics fizer por dia. Há dias em que consigo 5 pontos, é bom. Mas isso não prejudica ninguém, só prejudicaria a pessoa que se encarrega da limpeza se os meus cacos fossem muito maiores e em muito maior quantidade do que são. A ela basta-lhe limpar todos os dias que já não acumula serviço junto à portada. Além do que os cacos são biodegradáveis, mais tarde ou mais cedo transformam-se em pó que, na pior das hipóteses, eu própria respirarei e retransformarei em cacos novos e, se tudo correr bem, maiores. Não prejudico ninguém, como a peidosa de hoje.

23/05/2013

Lá está, se o meu telemóvel não tivesse falecido...

... eu seria talvez uma pessoa mais feliz e mais bem resolvida. Porque ele tinha uma boa máquina fotográfica. Aliás, acho que a única coisa boa que tinha era mesmo a câmara. Já pensei se, por engano, não terei antes comprado uma máquina fotográfica que, por acaso, também fazia chamadas e mandava mensagens. Agora pereceu. Senão, teria tirado uma óptima fotografia a um senhor que viajou no metro comigo: era um senhor de idade, ligeiramente mais idoso do que eu (andaria pelos 70 anos), alto, magro, cujo tipo facilmente se confundiria com o africano, devido ao cabelo (branco) encarapinhado e à pele mais escura do que a do povão, embora muito mais claro do que qualquer africano. Era goês, tinha os traços todos de Goa, a bela Goa. Há pessoas que não enganam nada a raça, e aquele era um desses casos. Há-de ter sido um belo exemplar. Ia em pé, perto da porta, e chamou-me a atenção o facto de levar na mão uma mala de pele tão velha quanto ele, e também um saco de papelão, não tão velho quanto ele e a mala, mas já demasiado estafado para não ter já visto reciclagem. O saco carregava esta mensagem: 

"É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito - Albert Einstein". 


Nota mental

Nunca mais comprar telemóveis touch. O touch não é para os meus dedos. Desaparece sob as suas pontas. Eclipsa-se. Fenece. Perece. Falece. Morre, no fundo.

22/05/2013

Fui vítima de atentado

Passou um carro com altifalantes (megafone, não era rádio estéreo. Megafones. Mega. Fones), a poluir-me toda com Graciano Saga:



Como não há nenhuma versão no youtube com a letra (a letra é essencial para se perceber a dimensão da violência dos meliantes), tomem lá:

"Imigrante vem devagar por favor,
 temos muito tempo para lá chegar
e depois, lá diz o velho ditado:
Mais vale um minuto na vida, do que a vida num minuto.
"Passou-se no mês de Agosto,
este drama tão cruel de um imigrante infeliz
Foi tanta a pouca sorte,
na estrada encontrou a morte
quando vinha ao seu país
Do trabalho veio a casa,
preparou a sua mala e partia da Alemanha
Mas seu destino afinal acabou por ser fatal
numa estrada em Espanha
Dizem aqueles que viram
que ele ia tão apressado a grande velocidade
Foi o sono que lhe deu o controlo
ele perdeu desse carro de maldade 
Foi o sono que lhe deu o controlo
ele perdeu desse carro de maldade
Trazia na sua mente ir ver o seu pai
doente que estava no hospital
Na ideia um só pensar o seu paizinho
beijar ao chegar a Portugal
Mas tudo foi de repente partiu
de Benavente o drama aconteceu
Ele vinha tão cansado de tanto já ter rolado
e então adormeceu
Nada podendo fazer num camião
foi bater e deu-se o choque frontal
Seu carro se esmagou e desfeito ele ficou
num acidente mortal
Seu carro se esmagou e desfeito ele ficou
num acidente mortal
Ele não vinha sozinho
trazia também consigo sua mulher e filhinho
Sem dar conta de nada e naquela madrugada
morrem os três no caminho
Quando a notícia chegou no hospital
alguém contou o desastre que aconteceu
Seu pai que tanto sofria nunca mais o filho via
fechou os olhos morreu
Imigrantes oiçam bem
não vale a pena correr porque pode ser fatal
Venham todos devagar
há tempo para cá chegar e abraçar Portugal
Venham todos devagar
há tempo para cá chegar e abraçar Portugal

Ouve o que o teu pai te diz, homem!

Jornal i, hoje.

21/05/2013

Ouvi eu, com estes que o forno há-de cremar # 4

A delicadeza com que tu tratas esta gente tem algum retorno? Não tem. Nenhuma te trata tão bem como tu as tratas a elas.

Já nos esquecíamos que eles também são donos do corpo deles!


A resposta por que esperávamos... ou não! Bom, embora possa parecer que se trata de um romance, se só lermos o título, afinal é um estudo de matérias jurídicas, pelo que pressupõe que tudo o que lá está dentro é ou pode ser verdade à luz da legalidade. Assim como podemos rotular de feminista quem entende que a mulher tem a última palavra na questão da interrupção voluntária da gravidez ou da decisão de mantê-la, agora podemos olhar para este livro e bradar a contrária. O índice, que colo mais abaixo, tem pontos que eu já dava tudo para ler, porque não sei... há qualquer coisa que me diz que os senhores que escrevem e dizem coisas acerca destes assuntos, por mais voltas legais que dêem à questão, nunca devem ter ouvido dizer como é que se fazem os bebés  e que o uso de uma pilinha e de um pipi, em princípio (pelo menos para os casos que tanto os preocupam) continua a ser indispensável.








































Um bocadinho mais de infos aqui.


20/05/2013

Teoria da conspiração/os meus conhecimentos futebolísticos

É possível que o Paços de Ferreira tenha ganho uma pipa de massa para deixar o Porto ganhar, uma vez que já não tinha vantagem nenhuma em ganhar aquele jogo, embora o Porto ganhasse sempre ao Paços, em qualquer jogo, nem que fosse a feijões, mas para prevenir, não fosse haver um azar, uma hora infeliz, porque o Benfica ia ganhar ao Moreirense em qualquer jogo, nem que fosse a feijões. Isto é só uma teoria, mas também pode ser considerado falta de saber perder, ou falta de fair play, ou falta de juízo.

Artur, still crazy after all these games!

Agora eu falava da co-adopção, mas não sei se devo

A lei, aprovada a semana passada, ainda não foi publicada. O projecto do PS, que foi aprovado, está aqui e não me merece grande confiança em termos de avanço social, legislativo, político, humano, o que for. O n.º 3 do artigo 2.º roga esta praga:

3 – Não pode ser requerida a co-adoção se existir um segundo vínculo de filiação estabelecido em relação ao menor.

Ou seja, a lei aprovada agora restringe a possibilidade de adopção por casais do mesmo sexo aos mínimos quase inexistentes. Juntam-se demasiados SES. Ao todo, contempla duas situações:

* Em que a mãe ou o pai não biológicos já adoptaram o menor antes da constituição da relação matrimonial homossexual, enquanto pessoas solteiras - com idade igual ou superior a 30 anos, e não já os 25 exigidos para quem vive a dois;

* Em que um dos elementos da relação homossexual, ainda que tenha menos que 30 anos (mas mais do que 25) adopte uma criança: o outro elemento passa a poder co-adoptar. 

Não se trata de adoptar a dois, a meias, ao mesmo tempo, como um casal hetero. Já tem que estar estabelecida uma relação de adopção para que a co-adopção possa ter lugar. Veremos até que ponto os serviços da segurança social estão preparados para fazer seguir um processo de adopção desencadeado por uma pessoa homossexual, quanto mais por duas. A menos que se trate de uma figura pública, claro.

Quanto ao lado humano da questão, o essencial, com o qual concordo plenamente, já foi dito aqui e aqui, pelo que não vou dar-me ao trabalho de plagiar ninguém.

Ouvi eu, com estes que o forno há-de cremar # 3

A propósito de violência sobre as mulheres (o conceito de violência doméstica é demasiado vasto para encaixar nesta frase):

A primeira vez você é vítima, a segunda já é cúmplice.

Pensamentos que me germinam na caixa, porém nunca me chegam à boca # 2

Estou placidamente parada à porta do edifício onde sou escravizada. Ela chega, a coxear como ninguém coxeia. Sim, porque aquilo de se ser coxo tem uns limites que aquelas perninhas não deformadas pela paralisia infantil não ultrapassam. 

- Uma moeda, minha senhora, para comer...

- Não.

- É para um copo de leite, eu bebo-o à sua frente.

- Não.

Afasta-se, mudando o tom. Apliquei-lhe a interjeição duas vezes e em nenhuma delas o fiz utilizando o tom exclamativo, o que a enfureceu, pelos vistos. 

- Olha para mim! 

"Olho, até olho para ti com olhos de ver. Trazes calçadas umas botas da Benetton que, mesmo que tas tenham dado, não foram baratas. És magra como um cão porque és uma granda agarrada. És tão coxa como eu. És a mesma que outro dia me quis assaltar no metro, mais o gandulo que tu sustentas, e, nessa altura, se havia uma de nós duas coxa, era eu, a fugir de ti escada acima. És também a mesma que uma vez, dentro do metro, distraías uma senhora com a treta de que és seropositiva e tens cancro enquanto lhe roubavas a mala. Já agora, esta foi a última vez que trocámos um diálogo que acabasse de forma tão pacífica".

18/05/2013

Pensamentos que me germinam na caixa, porém nunca me chegam à boca # 1

Vi-me na contingência de chutar da minha vida uma chata que entendeu que eu sou uma de três coisas que a minha cara certamente denuncia - psiquiatra, padre ou parva (só PP, portanto). Arvorou-se para lá uma amizade que ela própria inventou que existia, e vai disto de me telefonar duas vezes por dia, às doses de uma hora de cada vez. Ora, eu trabalho. Ora, eu cago. Ora, eu não bebo nem fumo, mas tenho os meus vícios. Duas horas em cada das 17 em que estou acordada, quase não me dava tempo para mijar sem ser em pé. A bem da verdade, a maior parte dos telefonemas que ela me disparou nem atendi, mas sei que eram períodos de cerca de 60 minutos por, precisamente, ter chegado a atender alguns. Não sei se as outras pessoas também passam por estas merdas, mas eu passo: ter que levar com o beca-beca-ele-deixou-me-agora-tem-outra-que-é-uma-granda-vaca-beca-beca de uma pessoa que nos aparece na vida de dois em dois anos, em particular quando precisa de alguma coisa - que, normalmente, passa por nos sugar a medula espinal - e nos tenta subjugar através do discurso miga-doro-te-preciso-tanto-de-ti-que-saudades, é coisa para me acontecer com demasiada frequência. E eu tenho este enorme defeito de ser boa, tão boa que me bato de vez em quando, é que ninguém merece. E aguento chatos até estar praticamente transformada numa ameba proteus. Pronto, resumindo, vai daí corri com esta. Só que subestimei as capacidades de vitimização que os chatos têm quando levam um coice nos costados. 

Era uma vez um rapaz muito giro que trabalhou no mesmo grupo da chata e meu. Não foi difícil concluir que a chata se foi lamentar no ombro do giro, uma vez que nos cruzámos na rua e ele, em vez de se desfazer nos habituais sorrisos, só faltou fingir que não me via, a uns dois metros de distância de mim.

"Ehhh. Como é que te hei-de explicar isto, ó boneco? Entre ter o privilégio de ver esses dentinhos a arreganharem-se para mim e ter que levar com doses de vou-cortar-os-pulsos inflingidas pela tua amiga, prefiro abdicar das duas. Topas?"

Ouvi eu, com estes que o forno há-de cremar # 2

E ouvi de uma pessoa de quem gosto muito, por isso, apesar do contexto, até me soube bem:

Vivendo e aprendendo. Dando no cu e se fodendo, lá dizia o outro.

Eu também fotografo coisas que vejo e só eu percebo # 12


17/05/2013

Obrigada. Mesmo. Cá do fundo. Cá de baixo.

A quem manda no estado do tempo. Estou mesmo a apreciar estes dias quase de borrasca (no fundo, este post foi a desculpa tosca que arranjei para escrever a palavra borrasca. Borrasca. Já nem dormia hoje). E espero que se mantenha nos próximos 12 dias, que são os que ainda me faltam para ter carta de alforria* e me livrar da cinta da castidade, que há-de ser a peça de vestuário mais sexy que algum dia enverguei. E mais tesuda. Olho-me ao espelho com isto e só me dá vontade de me comer a mim própria. Naco. Pitéu. Boneca insuflável. Podres.


Disclaimer: Não se trata de um auto-retrato. Eu tenho menos chicha, e a que tenho é mais filet mignon, menos chispe. Oinc.

* Hoje estou com a linguagem da escravatura na ponta da língua. Devia ir para o tronco. Mereço.

Estou a ponderar seriamente

pedir - ou exigir, tudo vai depender da mula que tiver amarrado nesse dia - um subsídio para cobrir (hu-hu!) danos no local onde sou escravizada. Estou quase a perder a conta à quantidade de coisas que já estraguei desde que fui admitida ao serviço pela primeira vez. Por ordem, a ver se me lembro de todas: ainda nem teria um mês de labuta e já me falecia nas mãos o computador do capataz, se é que me entendem. Parecia uma Desdémona: nem avisou, nem crashou, nem bloqueou. Foi-se com os porcos. Depois posso mesmo afirmar que lhe fodi (ao capataz) o estore. Não sei que toque dei no cordel que aquilo despencou-se e não mais se ergueu. A seguir lixei um ar condicionado, que passou a pingar água no Verão - o que, se não se tratasse de água quente, até seria uma bênção dos céuzinhos em alguns dias de maior calidez. Um outro estore foi o que se seguiu. Esse houve quem o tivesse reparado por mim, com várias voltas de fita adesiva. Depois escavaquei o rádio das outras - parti-o em várias peças, que foi para não restarem dúvidas de que o método da fita adesiva não recupera todas as minhas investidas. Voltei a dar cabo do estore que estava colado com fita mas, nessa altura, quem o consertou fui eu. Ainda hoje olho com alguma desconfiança para o resultado desse meu arranjo. Parece um amor de Verão. Não sei se será para durar. Também parti a cafeteira da máquina do chá. Tiveram que comprar uma máquina nova, pois o preço de uma cafeteira nova quase equivalia. O que eu acho é que só se compra material ordinário nesta senzala. Nada disto me acontece em casa. Portanto, eu mereço o subsídio.

(Ratos, teclados, puxadores de armários, uma ou outra peça de loiça não contam, pois não? São minudências)

A propósito do clima

Voltámos atrás no tempo.

Esta é a piada do dia, mas ainda ninguém a percebeu. Ando a perder qualidades ou estou rodeada de anormais? Ha-ha-ha. Rio-me eu, fui eu que inventei.

16/05/2013

A propósito da Angelina Jolie*

Isto é tão bom

São amendoins wasabi. Há no LIDL, mas é raro, que é o que me vale. Porque eu agarro-me com unhas e, principalmente, com dentes, ao pacote (ao meu pacote, no caso. É uma questão de auto-amor) e não sossego enquanto não o acabo. Se não estivessem sempre esgotados, já me teria estoirado o estômago, desfeito as tripas e fornecido um par de lábios igual ao da Jolie, que é como eu fico ao fim de ingerir aí uns dez ou onze deles. 

* Não era esse o assunto do dia?

Ouvi eu, com estes que o forno há-de cremar # 1

Não estou para ser a chacota de riso de ninguém.

Para já, jovem, conseguiste ser a minha chacota mental. Talvez de choro, já que admites a distinção.

15/05/2013

Tu-tu, não se fala mais nisso


Eu tenho problemas com médicos # 9

Toda benfiquinha, hoje usei os meus red shoes (don't dance the blues), que são altos e têm um salto fino, quase stiletto. Tinha que ir ao médico dos olhos azuis, a ver como é que estava a correr a minha pipilipo. A clínica fica num 5.º andar, chego a ganir pelos sapatos e diz um aviso no elevador: "Ascensor avariado, pedimos desc...", já nem li o resto, toldaram-se-me ambas as vistas. Rapidamente solucionei o case, descalcei-me e vai de desatar a subir. Depois do primeiro lance, li, maravilhada, "Rés-do-chão". Ah, então a porta da rua não rasa o chão, entra-se por uma cave, mas que é passeio. Hu-hu-hu, que bom, são seis andares.

Cheguei descalça, suada, e toda desmontada. Tendo em conta que lá estive há menos de uma semana a sangrar aquele tapete, entrar descalça e suada na chique clinique, para mim está de bom tamanho. O importante foi ter atingido o 5.º andar. Aparece-me o giro do médico, abre-me os flashes azuis e exclama: "Você está óptima!". Pensei que ele estava a "vender o seu peixe", não me ia dizer à bucha "Que desgraça, você está com uma pança que mete nojo!". Portanto, eu até o compreendo. Pediu-me para lhe mostrar "a zona" (velhaco) e eu mostrei, porque ele pediu com jeitinho. E sai-me esta aleivosia, para lhe dar a perceber que me acho um bocado pançuda:

- Sr. Dr., engravidou-me naquela sala...

Mas o mau caminho esteve bem, espetou-me os holofotes nos meus modestos olhos pretos e respondeu:

- Pois foi, mas também lhe fiz logo ali o parto...

Eu estou óptima!

Eu nunca serei boa a andar de metro

Podem passar décadas sobre mim. Posso conhecer uma linha como a palma da minha mão que, no momento seguinte, a Câmara e aqueles outros constroem mais não sei quantas estações e eu perco-me toda lá dentro outra vez. Entrei no Marquês de Pombal e queria ir para o Campo Grande. Estudei a linha e apanhei o metro certo - linha amarela, destino Odivelas. Não sei se foi da música que pus pelos ouvidos adentro aos berros, mas distraí-me das estações. Então olhei para o aviso luminoso e dizia lá "Cidade Universitária". Ai, caneco, já estou longíssimo do Campo Grande. Saí do metro e mudei de direcção para voltar para trás. Entrei noutro e logo o aviso a dizer "Entre-Campos". Ai porra, agora ainda estou mais longe. E voltei a mudar de direcção e a voltar para trás. Tanta gasolina que eu poupei, devia orgulhar-me de mim mesma.

Dia de

Dia de pagar o IVA. 

Dia de Benfica na final da Liga Europa (Arturão, eu confio nessas tuas mãos de deus, mais do que nos pés da tua equipa).

Valem-me uma saúde de ferro e uns nervos de aço.

Eu tenho problemas com doidos # 7

Uma consequência lógica de comprar sapatos baratos é que, ao fim de uns quantos usos, eles cheiram mal. Explico a uma amiga que descobri um truque para que isso não aconteça, que é metê-los no congelador. Na verdade, saiu-me o desabafo "Tenho que ir tirar os sapatos do congelador", o que valeu o seguinte, porém breve, diálogo:

- Tu tens que ir tirar o quê do congelador?

- Os sapatos. É um truque que aprendi, para não cheirarem mal.

- Os sapatos?

- Sim, mata as bactérias.

A doida desata a cantar:

14/05/2013

What you see is what you get, pá

Num universo de dez pessoas que partilham o espaço da fábrica-mina-oficina onde trabalho, só duas não usamos óculos ou lentes. Atendendo a que, dos dez, só dois são homens, há seis gajas a terem que pôr aquilo na cara ou pelos olhos adentro todos os dias. É muita gaja ressabiada. É muita chata para aturar. Todas e sempre à espera de nos ver - a mim e à outra sortuda - cair em contradição e em desgraça e, com certeza, ir marrar com os cornos numa parede por não a termos visto. Acham que é por vaidade que não usamos óculos. Não percebem o que significa uma boa genética. Como se fosse possível alguém fazer uma vida normal não vendo um palmo adiante do nariz. Há bocado tive que dizer a uma delas: Estou tão farta dessa conversa que qualquer dia trago uns aros, mesmo sem lentes, só para vos calar. 

Chatas da porra.

Como é heterogénea a natureza dos humanóides

Acerca do mesmo trapo, no mesmo pardieiro laboral, duas criaturas humanas pronunciam-se assim:

- Tão giro, o seu vestido! - e eu, como sou mais estúpida do que simpática, atrevi, para uma pessoa que veste três números acima do meu: "Se quiseres, um destes dias empresto-to". Serei pdm ou só cínica?

A seguir vem outra:

- Ai (nunca vou entender por que é que as piadinhas de saltar o dentinho começam sempre pela interjeiçãozinha de dor), a menina hoje está muito Barbie! - com esta bloqueei. Havia várias ideias erradas na mesma frase. E começou a tocar na minha cabeça uma merda muito boa, daquelas que refrescam as ideias idiotas: 

13/05/2013

Quero-te tanto, cabrão

Poko Pano - modelo "surfe". Vou ter que correr o globo (colecção de 2011!), mas o cabrão vai ser meu.

Cinta-se!

Tenho que usar uma cinta nos primeiros vinte dias após a lipo, nos primeiros dez de dia e de noite. A pdc está-me a dar cabo dos nervos. Hoje está muito calor para vestir semelhante escafandro debaixo de um vestido, por fresco que ele seja. Suo em barda, sinto-me um alterofilista. A peça de roupa inventada pelo cão crava-se-me nas virilhas. Já improvisei umas protecções almofadadas, mas nem assim a coisa vai. Sinto que mas vai rasgar e fico com dois pipis. Ando quase em biquinhos dos pés. Também se me crava nas mamas. Vai provocar-lhes um vinco e fico com dois pares. No final desta aventura terei uma siamesa de mim mesma, ao nível erógeno. Sinto-me violada.

No sky também se fala de crise [laboral] e armas sujas



[10:40:45] Skyper: assim, enquanto o pau vai e vem, as costas descansam....
[10:40:53] Linda Porca: senão, vem de lá a boca e eu também não sei quantas mais é que aguento.
[10:41:21] Skyper: há um limite para tudo. podes sempre virar-lhe as costas.
[10:42:14] Linda Porca: sim, mas eu tenho tanto a noção que estou a chegar a esse limite e preciso tanto de não chegar que prefiro evitar que haja bocas para não chegar mais perto do limite
[10:42:34] Skyper: sensato
[10:42:52] Linda Porca: :| imperativo, também
[10:43:03] Skyper: honesto
[10:43:36] Linda Porca: a raiar o hipócrita, mas por ser tempo de guerra, é também o tal em que se deixam as armas todas conspurcar.

12/05/2013

Agora já sei o que visiona uma vítima de homicídio nos seus últimos segundos de vida

O que eu fui fazer outro dia foi uma lipoaspiração abdominal. Não tenho que vos esconder isto, primeiro porque vocês são uma ou duas pessoas (a contar comigo, darão umas três, no máximo), segundo porque não me conhecem. Ah, e terceiro, porque se defecam para o assunto. Fora o quarto, que é o facto de eu me defecar na mesma proporção para aquilo que vocês ficam a pensar disto aqui. Bom, na verdade, aquela coisa nem se devia chamar abdominal, porque nem foi bem ao nível do abdómen, foi mais abaixo, já a chegar ao pipi. Estava a ficar com um pipi tão gorducho que achei melhor mandar aspirar aquilo, não fosse destoar do resto da maravilha. O procedimento exige que a pessoa que está no papel da aspirada seja injectada com um líquido, que depois é chupado, juntamente com a banha. O líquido é encarnado porque se mistura com algum sangue. Por melhor que o médico saque as duas coisas, muito fica a escorrer pelos buracos assim que a broca nos é retirada da pele. A mim tinha que me calhar um episódio dantesco, assim contado: dirigi-me à porta do edifício para esperar que chegasse a minha boleia e comecei a sentir as pernas muito molhadas. Muito molhadas, já disse? Os collants, que eram pretos, rapidamente tingiram de encarnado. Os sapatinhos a ficarem ensopados por dentro. Então decidi voltar à clínica, tendo deixado um rasto de pegadas vermelhas pelo hall de entrada do edifício, no tapete do elevador, no tapete da entrada da clínica e depois pelo corredor fora, até ao bloco. Pegadas encarnadas, uma cena muito thrillosa. A parte gira foi eu de pé, a enfermeira a lavar-me a perna direita e o anestesista - novo e giro - a lavar-me a perna esquerda. O sortudo, ficou com a minha perna mais bonita. Depois a enfermeira deu o serviço por terminado e ele continuou a lavar a minha perna esquerda. A lavar. A lavar. Até eu dizer, quase a cantar "Parece-me que já está bom, senhor doutor♪", senão, se calhar, a esta hora ainda lá estávamos...

Dantes havia burros

Quando eu era miúda, já noutro século e milénio, havia dois tipos de crianças: as crianças espertas e  as crianças burras. Assim como havia miúdos loiros e miúdos morenos, o gordo da turma, a menina das trancinhas, a das sardas, a mal-cheirosa, o caixa-de-óculos, o génio e a graxista. Eu enquadrava-me no papel da totó por ser a mais nova da turma e tão tímida que, para me arrancarem uma palavra, quase tinham que me ameaçar com uma moca de Rio Maior. Depois, no recreio, soltava a besta e transfigurava-me num rapaz imparável até tocar outra vez a campainha e fazer justiça aos kilts com meias até aos joelhos, agora completamente esfolados (e as palmas das mãos, oh as palmas das mãos a arder...). Eram papeis muito bem definidos, ninguém tinha dúvidas quanto às capacidades intelectuais de ninguém. Uns sabiam ler, outros não. Uns sabiam fazer contas, outros não. E ninguém ficou traumatizado nem achincalhado porque o João Pedro se fez neurocirurgião e o Luís Manuel se tornou instrutor de condução. Hoje em dia, não. Há todo um leque de pessoas que as escolas albergam que ou já entram com um diagnóstico de défice de atenção, ou adquirem-no - os psicólogos passam atestados e os pais pagam por eles - mal a coisa lhes começa a correr mal lá dentro. Isso dá-lhes acesso a um "currículo alternativo", o que quer dizer que passam a gozar de benevolência nas avaliações, ou seja, que transitam de ano para ano com uma facilidade relativa, por comparação com aqueles que não beneficiam do tal currículo e que têm a infelicidade de ser dotados de inteligências normais, não lhes restando outro remédio senão trabalhar para obter os mesmos resultados. Tudo isto se passa com a condescendência das escolas, das direcções regionais e, no fim da linha, das professoras (sempre no feminino, já que o universo masculino é quase residual, em todos os graus de ensino, excepção feita ao superior, mas não é desse que estou para aqui a falar agora). Que, maioritariamente, entraram num registo de tômacagar, já que elas próprias acedem à profissão chateadas, contrariadas e mal preparadas. Portanto, apresentam-lhes um aluno que é o coitado-do-filho-da-bêbeda-precisa-de-mais-atenção e elas nem se questionam, adiante com a burra. Pode ser só um miúdo que é estúpido, que não quer trabalhar e nunca vai trabalhar na vida toda, que elas só têm uma de duas atitudes: ou abraçam a causa e até exageram na dose, fazendo do menino que é um cancro dentro da sala de aula um ai-jesus, ou então ignoram-no, quando até podem estar a ignorar um caso daqueles que, com um pouco mais de atenção, dava um diamante delapidado. O que é pena é que pouca gente ainda tenha percebido que sempre haverá neurocirurgiões e instrutores de condução. Mas anda-se há décadas, neste sistema de ensino que cá temos, a achar que todos vão acabar em neurocirurgia. Porque não se pode chamar os bois pelos nomes e não se pode assumir sem dramas que há miúdos espertos e há miúdos burros, como sempre houve. Assim como há miúdos de olhos azuis e miúdos de olhos pretos. Ninguém os quer segregar, só não se pode querer obrigar uma pessoa anã a saltar em comprimento ao lado de uma pessoa com 1,90 metros. O que se devia era acabar de uma vez por todas com a demagogia estúpida de nivelar por baixo, para não traumatizar os "menos capazes", esquecendo que os outros, os "mais capazes" também podem ficar traumatizados com um sistema educativo que não os apoia, antes os força a marcar passo e a perder tempo.

Resumo alargado


Este senhor já nunca nos dá imagens alegres. Águia velha.


Mon chéri amour perdeu qualidades por ter cortado o cabelo, qual Sansão.

10/05/2013

Eu tenho problemas com médicos # 8

Ou serei eu o problema, desta vez. 

Fui-me sujeitar a uma intervenção quase cirúrgica, que envolvia bloco operatório e aquela panafrenália toda de vestir uma vestimenta especial e... ewww... uma touca. A touca é aquela peça de vestuário que não fica bem a ninguém, a não ser aos bebés e, mesmo a esses, é preciso que sejam meninas. Agora toucas de natação, toucas de banho ou de cirurgia, não me lixem, a pessoa até pode ter a cara mais bonita do mundo que fica na mesma com ar de perturbada mental. No meu caso, mais ainda. Mal a enfermeira me distribuiu a farda de Guantanamo para eu vestir e eu vi a touca, roguei "Ai, por favor, touca não". Mas touca é condição sine qua non para marchar em beleza para o bloco, portanto eu senti que não estava em condições de discutir. Deitei-me na mesa de operações e tentei uma última vez, já com o médico "Posso tirar a touca?", e ele "Não, tem alguma coisa contra a touca?", donde lhe enumerei as várias coisas que tenho contra a touca. Só não lhe disse a principal, que é tapar o meu cabelo que, embora não seja lindo, eu adoro de paixão e não é para tapar. O esperto estava com uma touca muito mais gira, à pirata, tanto que ponderei a hipótese de lhe pedir para trocar comigo. Ainda por cima, tem uns olhos azuis lindíssimos e vestiu uma farda de camisa e calças azuis turquesa, eventualmente para me hipnotizar. A intervenção processou-se com anestesia local e durou três horas. O médico deve ter achado que eu sou uma ansiosa e deu-me um sossega leão, a ver se eu abrandava o ritmo ou dormia um nico. Azar dele, que essas drogas a mim põem-me a acelerar, de modo que liguei os motores todos e ele levou comigo a dar à matraca durante três horas, de seguida. Lembro-me de, inclusivamente, ele ter pedido ao anestesista que pusesse a música mais baixo (penso que não estava a aguentar o stress de Linda Porca + rádio, olha o menino). Durante essas três horas foram várias as vezes que lhe falei em retirar a touca, mas ele não cedeu em nenhuma delas. Bruto. Mas assim que me pus de pé, anunciei "Eu agora vou tirar a touca". E ele cedeu, embora ainda estivéssemos no bloco, porque já não me podia ouvir. Não percebo, caramba. O problema não é o que é que eu tenho contra a touca. O problema é o que é que a generalidade das pessoas têm a favor da touca. Fiz-me entender?

08/05/2013

Erros vossos, má fortuna, amor ardente

Este é sobre erros ortográficos. O título era só para criar um suspense que me apeteceu. Hoje estou um bocado puta da vida, por isso vai de rajada. É por causa dos erros que singram na net. Que pululam* nos blogs. É muito feio e desde já aviso que defeco de alto na opinião camela de quem acha isto um preciosismo de velhos. Eu já era assim aos 15 anos, só se já era velha nessa idade (ai, e era tão gira, era assim como sou hoje, só que com 15 anos). A mim parece-me que as pessoas que publicam alguma coisa que seja para os outros lerem, nem que seja só uma pessoa, como se fosse uma carta, têm obrigação (obrigação, desculpem lá!) de escrever sem erros. A menos que sejam pessoas sem instrução - e essas, em princípio, não escrevem em blogs. Desde que a escolaridade obrigatória passou para o 9.º ano e depois para o 12.º, que já não há desculpas para o pontapé na língua. Toda a gente devia chegar ao 6.º ano a saber escrever sem errar uma única palavra! Mais ainda quando escreve para outros lerem, quando publica para mais um ou para mais mil! Então aquelas pessoas que comentam em jornais online ou em blogs, ainda me transcendem mais. A profusão de erros é tal que só me pergunto em que porra de escola andaram, ou sequer se andaram. Já esquecendo a acentuação (tudo incrivelmente trocado ou ignorado, e vá lá, parem de meter uma minúscula depois do ponto final. O vosso blog não é o chat nem nenhum sms), a triste e recorrente troca do á pelo à, pelo -, já ignorando que o editor do Blogger, por exemplo, sublinha os erros a vermelho, já dando de barato que, de repente, toda a gente perdeu a noção de o que é que afinal leva maiúscula ou minúscula - mas perdeu essa noção muito antes do acordo ortográfico ter mandado escrever os nomes dos meses do ano com minúscula, agora tudo põe maiúsculas indiscriminadamente. Oh pá, parem de escrever mãe e pai com maiúscula, e não, isso não é sinal de respeito, nem que as vossas mãezinhas são as melhores do mundo, porque não são, é só sinal de ignorância parda -, eu quero perceber por que é que tanta gente troca o a ver com o haver (não tem nada a haver? A haver? Haver é um crédito que se tem sobre alguém, só não tem nada a haver quem não tem troco nenhum para receber, a pessoa a quem não se deve nada!). E as gramas? Quando é que pessoas com alguma actividade intelectual, como quem me paga o ordenado, vão perceber que os gramas são masculino? Outra: até quando vão continuar a confundir o verbo estar com o verbo ter? Sobretudo no pretérito perfeito do indicativo - eu tive lá ontem, dizem (e escrevem!) as felizes ignorâncias. Vá, e não baralhem os tempos dos verbos na mesma frase, ficamos sem saber se já foram tomar café ou se precisam de iríamos à bica, percebem? E quando usarem estrangeirismos, vá lá, por favor, isto é mesmo um pedido a rogar, tipo de joelhos, please, please, please (vêem? Eu sei usar) não chutem com a primeira merda que vos vem à tola, cheia de erros. Bordeaux é uma cidade do país França, não se escreve bordeau, mesmo que se esteja a falar do vinho ou da cor. Já que estamos a falar nisso, vêm e vêem não é a mesma coisa. O do verbo ver é o que tem dois EE. Agora comigo - dois olhos, dois EE. Lindos. E parem de confundir coser com cozer, que me enervam. Eu ajudo à memorização: coser as meias, costura. Cozer a sopa, cozinha. Nada que agradecer. Grunhos. Mais uma coisinha: quando usarem palavrões, como eu faço com o merda e um nico com o porra, que só é calão, façam-no com elegância. Saibam escrever caralho e foda-se num contexto agradável. Senão fodem aquela merda toda, caralho. 


* pronto, lá está este ignorante a sublinhar-me a vermelho um termo que ele desconhece. Verbo pulular, meu!

Actualização: aquela extensão da segunda pessoa do singular, no pretérito perfeito do indicativo (é uma embirração povina, ou o que é que se passa com o pretérito perfeito do indicativo, pessoas?), aonde aplicam mais um S - fizestes, comestes, viestes - vou ignorar que existe, a ver se não me rebenta uma veia na zona do cerebelo. Já agora, aonde existe mesmo. Não se escreve a onde. Cssss.

Eu também fotografo coisas que vejo e só eu percebo # 10


Na verdade, este é um print screen. Bacano.

07/05/2013

Deslarguei esta frase # 9

Um estagiário, a labutar no mesmo pardieiro que eu há cerca de 3 dias - eu só conto os dias úteis - vê-me chegar, pretender passar entre uma cadeira e uma parede, cuja distância era de meio metro (e não, neste aspecto não sou nada gaja, quando digo que é meio metro, quero dizer 50 centímetros, 500 milímetros, nem mais um), e corre para afastar mais a cadeira, de maneira a aumentar o meu espaço de passagem.

- Miguel, eu passava naquele espaço. Isto tem que ficar desde já claro entre nós. Tu não me estavas a chamar gorda com a atitude que tomaste. Olha bem para mim. Eu sou muito mais magra do que pareço. Só que crio uma ilusão de óptica às pessoas, não sei porquê.

Modéstia minha, uma característica que me persegue como um karma. Eu tenho que perceber as razões ocultas que o rapaz tem para ser agradável comigo. Pobre criança.

Se eu fosse primeira ministra...

... a primeira medida governativa que tomava era mandar banir as palavras "inclusive" e "exclusive". Para além de latinácios que nunca deixaram de pertencer à língua morta, por mais que se lhes acentue a última vogal, é à morta que pertencem, pelo que mortas devem permanecer. Não deve haver dois termos mais geradores de confusão do que estes dois. Está-se a determinar um período de tempo - de 4 a 10 de Abril, por exemplo - e lá vem a estúpida pergunta, embora sacramental: "Mas 10 é inclusivé?". Palavra de honra, o que é que eu disse? Disse "de 4 a 10". Até 10. O que é que se responde? "Não, é 4 a 10, exclusivé o 11, inclusivé o 10, mas o 4 também é inclusivé, o 3 é que é exclusivé, ou ainda não estás suficientemente baralhado?"

No meu exemplo - 4 a 10. Percebe-se o lapso de tempo? Percebe-se que são sete dias? O inclusive e o exclusive não fazem falta nenhuma, inclusive porque baralham, exclusive porque ainda são responsáveis por um erro muito giro da retórica humana, que é o de aplicar um em vez do outro: "Eu não tenho o direito de pagar [quando se trata de um dever] aquele dinheiro ao condomínio, exclusivamente [lá está] tenho sido uma condónima [oops] exemplar" [só no discurso é que te falha qualquer coisa de somenos importância].

Arrange você uma escola que o aceite


No fundo, é isto. Mandarem-me mails que (ainda) nem para a caixa de spam vão, com erros ortográficos. Da mensagem, consegui apenas reter o que diz a vermelho, sublinhado, à direita.

06/05/2013

Isto é quase ir aos arames, mas literalmente

A saga começou ontem. Preparei uma montanha de roupa para ser lavada na máquina e pu-la* a trabalhar. Realmente, reparei que fazia um barulho tic-tic, mas nem achei nada. Para mim, aquilo era um fecho, um botão metálico, sei lá o quê, acho que nem pensei. Siga, fui à minha vida, andei a arejar a pássara pela rua até que voltei. A bicha parecia tomada pelo diabo, o tic-tic tinha-se transformado em tic-tic-tic-tic porque estava na centrifugação. Eu sei que não é fácil acompanhar a minha linha de pensamento. Então, o que é que eu pensei? Aí sim, pensei "Isto é um arame de sutiã". Abri a máquina, tirei a roupa toda cá para fora, nada do arame. Mas rodava o tambor e tic-tic. Então pensei "Arre égua" e fui abrir a tampa do esgoto da máquina. Ou é do filtro? Não sei, abri a tampa. E pode-se dizer que saquei - é o termo, tive que os arrancar quase a ferros - dois arames de sutiã lá de dentro. Nessa altura, pensei "Hah, para quê um técnico, se existe Linda Porca no mundo?". Foi felicidade que me durou pouco, como todas. Voltei a rodar o tambor e tic-tic.  "Chipça penico, tenho que chamar o técnico". O técnico veio, esteve cerca de 120 segundos, cobrou-me € 20,00 - para cima de 16 cêntimos ao segundo - tirou do tambor da máquina mais um arame de sutiã e foi-se. Feliz, finalmente feliz, porra, eu também tenho direito, vai de encher outra vez a máquina, com mais sutiãs. E dei-me ao desfrute de ver um bocadinho do jogo do meu Benfica, essencialmente para verificar se o bonzão do Artur ainda tinha tudo no lugar. Quando já tudo me dizia que sim, dirijo-me à cozinha para confeccionar uma refeição e eis senão quando me apercebo que tenho água até não aos tornozelos porque uso sempre saltos mas, pelo menos, até aos pés. Foram muitas toalhas, muitos panos, muitos esfregões e uma esfregona, para retirar a maior parte da água, que a restante ainda lá está.

Rescaldo: um sutiã e meio de teta descaída; um chão de cozinha a lembrar a minha boa praia; um chão de corredor e parte de sala com ar de que uma tribo de selvagens lá fez chichi. E cocó; um técnico a ter que voltar e, com sorte, ainda terei eu a culpa da inundação (eu não queria dizer a palavra, mas aquela porra é uma INUNDAÇÃO) e ele cobra mais € 20,00, isto na hipótese de apenas permanecer 120 segundos; hoje o dia foi mesmo uma bosta; vou cortar os pulsos (mas os do técnico, os meus não posso, então como é que depois dava sangue por uma palhinha?); um jogo empatado (é só empatas, meu); Artur em grande estilo (alguém tem que se salvar no meio desta tragédia grega).

* este grunho sublinha-me a vermelho o verbo pôr conjugado no pretérito perfeito do indicativo, não me cansem.

Dúvidas que me assaltam à mão armada logo à segunda-feira pela manhãzinha


Por que será que há gajas que nunca vão desistir de me tratar mal de todas as vezes que eu apareço (mais) gira e (mais) boa no local da labuta?

Será que tenho que lhes explicar muito devagarinho que o facto de estar bronzeada se deve ao facto de ter ido à praia?

Será que tenho que lhes explicar que o facto de ter ido à praia se deve ao facto de ter havido um fim-de-semana?

Será que tenho que lhes explicar que o facto de não ficar enfurnada a trabalhar aos fins-de-semana é a coisa mais normal que posso fazer?

Vou fazer um desenho e enviar-lho por telex, que isto é povo que desconhece o mail, o fax e, em calhando, os direitos mais elementares dos trabalhadores, tipo o dos 3 efes - férias, feriados e faltas. Fonix.

05/05/2013

Como é linda a puta da vida


Concordo.
Já sou dona de um exemplar. Já estou viciada - outra vez, porque o vício em Miguel é daqueles que se manifestam em mim de cada vez que ele publica alguma coisa.

Na contracapa, esta maravilha:

«O que espanta num gato é a maneira como combina a neurose, a desconfiança e o medo - para não falar numa ausência total de sentido de humor - com o talento para procurar e apreciar o conforto e, sobretudo, a capacidade para dormir 20 em cada 24 horas, sem a ajuda de benzodiazepinas.
O gato é neurótico mas brinca. (...) Mas, acima de tudo, descobriu o sistema binário da existência.
Que é: dormir faz fome. Comer faz sono. Acordo porque tenho fome.
Adormeço porque comi. Nos intervalos, faço as necessidades.»


Pois. Também concordo.


04/05/2013

Deslarguei esta frase # 8

Primeiro mergulho do ano. Não foi bem, mas faz de conta. 

- Tens que pedir três desejos!

- Um edredon, um cobertor e um sobretudo!

03/05/2013

Eu também fotografo coisas que vejo e só eu percebo # 9


LOL a gaita

A sério. Ya. Fixe. Tá-se. Dasss. Fonix. Eu também uso. LOL não, não tolero, nem por escrito, menos ainda verbalmente. Irrita-me o povo que, em vez de se rir de uma piada das minhas - que são sempre para os anais. Anais. Só esta expressão já é uma boa piada, para quem não captou - me espeta - outra piada, hoje estou imparável - com um LOL. Com um Lolada (hã?). Acabo de receber um mail de uma pessoa da minha idade que termina um breve texto com um LOLOL, que deve ser uma aglutinação de dois LOLS, ou LOLES ou lá que porra. Em idade nenhuma. LOL fica tão bem quanto a tatuagem no final das costas. LOL é tramp stamp, mas na língua. É o piercing no sobrolho, naquela fase em que já perfurou o crânio e atingiu o neurónio sobrevivo.

02/05/2013

♥ Artur ♥, és sempre o que joga melhor ♥

Agora a sério, eu estou subaproveitada

Logo de manhã fui alvo da minha própria epifania. Acertei-me em cheio, com isto que aqui vedes:


É um hamburguer de atum, que a Bom Petisco (passo a coisa) fabrica e embala em envelopezinhos meio metálicos, mas completamente estanques. Fazem-se no micro-ondas e tudo, o que dá para os levar para todo o lado menos para pique-niques, a menos que descubram um forno desses ligado à corrente lá para os matagais que frequentais (Quem rima sem querer é amado sem saber, ai que excitação). Eu pessoalmente levei o meu na mala minimalista que carreguei comigo hoje, e coube lá dentro, aninhado entre o porta-moedas (vazio, só o carrego para ser igual às outras pessoas) e o jornal Metro. O envelopinho está tão fechadinho que não escorre o óleo ou lá com que raio de gordura besuntam os restos do animal antes de os embalar. 

Mas genial, genial, e essa é que foi a ideia que eu tive de manhã, era escrever-lhe com caneta de acetato o remetente, o destinatário, meter-lhe um selo e mandar para o local de trabalho. Só se recebe no dia seguinte, em mandando com correio azul, mas evita-se o transporte e é um luxo a que nem todos têm acesso, receber o almoço pelo correio. Achei importante partilhar.

Novidades

Coisa nova na pocilga onde exerço o meu dever de trabalhadora, tão bem comemorado ontem a roçar o rabo nas paredes e na cama. Entrou mais um homem, pelo que ficámos com dois no ninho de víboras. É mentira, mas eu hoje estou assim. Foi porreiro, porque me fizeram logo uma filhadaputice à frente dele, de maneiras que o rapaz não se iluda que ali "somos" iguais a todo o lado, ou seja, umas cabras. Todas menos eu, que sou a melhor pessoa que conheço. Boa que dói. 

Lá vou ter que adquirir uma saia rodada até aos pés para evitar mais um boquiaberto à minha passagem, pelo menos nestes primeiros tempos, a ver se não assusto já o passarinho. Ai, mas ao menos enviassem-nos alguma coisa de jeito em matéria de estagiários, só nos sai daquilo? Não é que quisesse lá o Brad Pitt, que até obedece a um tipo que eu não aprecio [I'm so sorry, baby, se me estiveres a ler, mas eu sei que sou esquisita. Gotta get this phrase from google translator, so you'll never understand me], mas qualquer coisa que servisse para lavar a vista diariamente já não seria pedir muito. Não é o que eu lhes faço? Pronto, dava-se a reciprocidade. 

01/05/2013

Sou tão diferente

* Ah, como eu gosto de me instalar do lado esquerdo das rampas e das escadas rolantes e sentir os apressadinhos a terem um ataque histérico atrás de mim, mesmo a sentir-lhes o bafo quente na nuca, com licença, dá-me licença, ehhh não. Coloquei estrategicamente o meu carrinho ao meio da rampa, agora não passa nenhum, ou então tem que saltar por cima, armado em gazela das savanas, pá.

* Ah, como é bom fazer cara de estúpida e perguntar aos das lojas, depois de dizerem a clássica "verde-código-verde", "Hã? Verde quê? Ah, ainda bem que diz. É que é a primeira vez que eu faço um pagamento por multibanco na minha vida toda!"

* Ah, que maravilha circular com metade do carro na berma, aquela que os chicos-espertos entendem ser a quarta faixa a contar da esquerda, e não deixar passar nenhum (a não ser motas, mas esses têm muito por onde passar, não precisam daquela "faixa"). Se formos multados, seremos um grupo, seremos mais, e eu serei a cabeça-de-fila!

* Ah, que pica abrandar o carro em cima dos que cheiram insistentemente a traseira do meu e pregar-lhes aquele sustinho bom que até os põe a apitar. Não gosto que me cheirem a traseira sem autorização prévia, cães!

* Ah, que pena não poder mandar para o coiso quem me responde "Só há o que está exposto", quando não foi isso que eu perguntei.

Ando a apurar técnicas. Sujeito a actualização.