27/03/2015

Blind date | Tertúlia literária | No sex and the city

Ó pá, eu não sei como é que vou fazer isto sem parecer o que não é.
Ando há quatro dias insuflada de alegria, mas parece que me inibo de explicar porquê, tão preciosa é a minha informação. 
Não estou grávida. Ou melhor, já não estou grávida.
Estive grávida durante uns dias, sem ter dado por isso - e nasceu-me uma amiga nova, quando eu menos esperava. Já não tenho idade para estas coisas, agora cá novas amizades. As amigas são as do liceu, as duas que ficaram - ou uma só, na verdade-verdadinha -, as da faculdade, que fazemos comadres, que tão caras nos são que até as queremos para "parentes", e depois, só uma ou outra, mais raras, quase únicas, quase inexistentes. 
Já devia ter percebido, pela chegada da minha Sister V. à minha vida (desculpem o possessivo repetido, mas aqui não há como não fazê-lo. A Sister é minha, a vida é minha), que, em todas as épocas, nos pode aparecer uma nova pessoa querida - até mesmo aos 84 anos de idade.
Foi o primeiro blind date dela, sendo que, quanto a mim, já-lhes-perdi-a-conta. Ela virgem, portanto, eu cheia de sabedoria e experiência. Mesmo assim, não estava à espera da gigantesca surpresa que foi o nosso encontro.
Combinámos no restaurante da minha adolescência, onde não ia há tantas décadas, que é um mistério perceber como é que, assim como eu, ainda se mantém de pé. Trocámos impressões quanto à indumentária - Eu estou de saia bege e casaco preto, Eu estou de saia preta e casaco bege. E encontrámo-nos no alto das escadas. Abraçámo-nos como velhas amigas, e explodimos, de gajedo puro.
Ai, deixa-me olhar bem para ti!
Ai, tu és tão gira!
Ai, tu também és tão gira!
Tão chique!
E tu!
E escreves tão bem!
E tu também!
Olha lá, tens a certeza que és tu que escreves aquelas coisas? Assim tão gira?
Mas e tu? Também escreves aquelas coisas?
E depois tivemos um encontro, na verdadeira acepção da palavra - um encontro. De felicidade, de alegria, de boas ondas, de boas vibrações, do verdadeiro prazer que foi ter conhecido e ter metido logo dentro do coração esta pessoa, que é uma enorme força da Natureza, gira (uns olhos cor de âmbar, sempre a rir, sabem?), bem falante, com uma escrita absolutamente singular, e, no entanto, suficientemente humilde para entender que ainda há terreno para desbravar, que a perfeição se atinge um dia, mas que há um caminho a percorrer - e sem dramas por esse motivo, sem pressas, sem desilusões, sem comparações, seguindo, tranquila, sabendo que chega
Era haver mais gente assim no globo e teríamos uma esfera perfeita. 

13 comentários:

  1. Que lindo! Sortudas :D

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    1. Quando vieres à capital, vamos as duas almoçar, bale, baby? :D

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  2. Anónimo27/3/15

    Andas mesmo inspirada, LP.
    Blind Date? Algo que me leva até aqui: https://www.youtube.com/watch?v=6b3rxVXeKkc

    Eu tinha uma esfera perfeita. Chamava-se 'abafador'. Estou a referir-me a berlindes :-)

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    1. Por que é que tu dissecas? Acaso és médico legista? :)

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    2. Anónimo28/3/15

      Sou um dissecador nato.
      Se fosse médico, teria outras áreas de interesse(s). Não gosto de lidar com mortos :-)

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  3. Anónimo27/3/15

    Perfeito. A partir de agora é só consolidar!
    Beijinhos para as duas!
    Mia

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    1. Isso. Colocados estão os firmes pilares :)
      Ela merece mais do que eu. Anda a ser massacrada.
      Beijinho, Mia.

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  4. Que lindo pá! Ainda há esperança para a amizade. Fico feliz :)

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  5. Anónimo28/3/15

    É tão bom quando isso acontece! Um blind date com empatia! ;-)

    Beijos

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  6. Apresentas-ma? É que assim de repente parece que não a conheço.

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    1. Apresento, claro. Treina o encontro com ela ao espelho.

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