10/11/2015

Manhã sangrenta

Um tudo-nada influenciada pela Me — sou uma fácil, imaginem se ela tivesse mandado os parvinhos e malucos dos comentadores dos outros blogues cagar à mata —, e um quase-tudo por este sms, 


fui dar 470 mililitros de meu precioso e raro sangue, que, contrariamente ao que tudo indica, é vermelho. 
Eu acho que ia nervosa. Atormenta-me a perspectiva de chumbar na hemoglobina e ter que me sujeitar à dieta da beterraba até todas as minhas secreções e excrementos (como se eu fizesse uma coisa dessas) saírem rosa-cerise. Quando recebi o consentimento da médica para dar, pareceu-me aquilo uma sentença absolutória, um alvará, uma guia de marcha, uma carta de alforria, um aval, um indulto presidencial, ou um perdão papal. Fiquei tão contente que saí pelo corredor a ensaiar uns discretos passinhos de dança, mas uma coisa muito Singing in the rain, nada de varão nem table, ou seja, nada que despoletasse a situação que ocorreu logo de seguida, que foi o técnico de recolha, certamente convencido que daria um bom par para o meu sapateado, ter-me agarrado no braço e não mais o ter largado. Espetou-lhe o agulhão, sanguessugou-mo até ao limite do possível, e iniciou uma daquelas conversas do género — disse-me que hoje é o dia da bolota. Eu ainda ripostei que os porcos é que gostam disso, mas ele falou-me das outras bolotas, olha o drÓgado. A máquina chiava exactamente como um porco, em sinal de que se estava a engasgar com o meu fluido, pelo que ele me deu uma bola de esponja rija para a mão, para que a apertasse. Esse foi o momento mais erótico da minha dádiva de hoje. Ora, eu tinha na outra o telemóvel, para vos ir respondendo na medida de todos os meus impossíveis, porque eu sou isto: dou-me. Mas também sou um nico descoordenada, e não há nada que possa resolver este bocado de mim. E foi giro ter apertado o telemóvel, enquanto olhava para a bolinha, a ver se ela me mandava alguma mensagem.
Bom. 
O técnico já me tinha metido o adesivo e ainda estava a carregar-me na veia, como se eu não tivesse a outra manita para o fazer (ou terá achado que eu ia trocar as mãos outra vez?). Houve mesmo necessidade de lhe pedir que me deslargasse o braço, tamanha era a persistência e aparente infinitude com que o fazia. Mas agora reconheço que me soltei da mão dele cedo demais, porque fiquei tonta. Algum predicado o homem devia ter que eu não soube reconhecer.
À saída (que também é a entrada), vi este cartaz. Não consegui perceber qual é o Dia Mundial do Dador. Tenho que ir ver à netty.

Não percebo nada de poesia
Quanto a vocês, embora não sejam parvinhos e malucos dos comentadores dos outros blogues, e parafraseando a Me, Opa, ide masé dar sangue!

2 comentários:

  1. Ahahhahaha só tu p me fazeres rir.
    Mas é mesmo isso, toca a fazer qq de útil p a sociedade :)

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    1. Bem mais do que dar banho ao cão ou cagar na mata! :)

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