11/11/2015

A insustentável leveza de ser*

eu.

Ultimamente, pergunto-me demasiadas vezes o que será que será no dia em que me esqueça de mim, de vez, outra vez, mais ainda, e, num momento quase imediato, me esqueça de me ser. Quando todas as minhas falhas submersas emergirem do mar das minhas contradições. Quando olhar e olharem para mim e já não estar eu, mas esta outra que aqui anda, desfeita da luz que se fundiu naquele dia que não tem lugar no calendário. Quando tiver varrido da memória a tormenta, e depois a bonança, e nem dos funerais ser capaz de me lembrar, quanto mais dos nascimentos. Sabes, esqueci-me de um funeral ontem. Ou seria hoje? Não devia ser importante, ninguém vai sentir que eu não estou lá. Mesmo que eu fosse. 
Mesmo que eu fosse.

Tell me honestly, will you still love me the same?**

* título adaptado da obra de Milan Kundera, A Insustentável Leveza do Ser.
** frase adaptada da música de R. City, Locked Away (Tell me honestly, would you still love me the same?)