15/04/2016

Hoje quem manda aqui sou eu: os problemas dos homens

Estou ao balcão da charcutaria, e é chegada a minha vez de ser atendida. Ao meu lado está ele. Toda a sua movimentação corporal me diz que ele acha que chegou primeiro que eu e, por conseguinte, deve ser atendido antes — porque eu sei que tenho o dom da invisibilidade. (Havia de desenvolver isto em meu favor, até agora só tenho tido prejuízos.) Bom, mas dizia eu que ele se pôs em campo para me passar à frente, e porque me terei tornado opaca no mesmo instante, ignorando-o, desistiu — o que também li na sua linguagem corporal —, e ficou expectante, enquanto eu pedia, musical:
- São duzentos gramas de fiambre, por favor.
Engraçado. Quase jurava que o vi revirar os olhos.
No entanto, esperou, com a paciência impaciente de quem desespera, que caíssem no papel, fatia após fatia, os meus duzentos gramas de fiambre.
Chegada a sua vez, ouço-o dizer, desafinado:
- São duzentas gramas de fiambre, por favor.
Engraçado. Quase jurava que me vi revirar os olhos.

2 comentários:

  1. A ignorância é muito atrevida, já diz a minha mãe!

    Beijocas, Lindinha :)

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    1. Sábias palavras, as das mães!

      Beijocas, Marioca :)

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