20/04/2016

Etiquetas que nos põem rótulos

Há uma que se lembra de dar uma lição de etiqueta a todos os presentes. Explica que, numa primeira abordagem a um estranho (lá se vai a regra, tão intrínseca, que mamães nos ensinaram, e nós ensinámos a filhinhos, don't talk to strangers), ou a alguém com quem fazemos alguma cerimónia, devemos tratá-lo por senhora dona Fulana de Tal, para as senhoras, e senhor (não há dom!, mas há quem use...) Fulano de Tal para os homens. E que, para as senhoras, admite-se a retirada do apelido, ficando apenas senhora dona Fulana, embora não seja essa a forma mais correcta. Não há cá senhora Fulana de Tal, nem dona Fulana de Tal
Estou encantada da minha vida, porque aprecio muito estes assuntos. No entanto, ponho a manita no ar, para dizer assim:
- Também não é admissível a abreviatura, muito corrente, de senhora dona, para xôdona, ou então para sôdona, assim como não é para xôr ou sôr. Da mesma forma que é inadmissível tratar alguém por senhora dona, e depois desatar no você para cá e para lá, assim: senhora dona Fulana de Tal, você é uma grande senhora.
E ficaram trinta pessoas embasbacadas, a olhar para mim.
Foram os meus quinze minutos de fama. (Ou trinta, vá: dá um minuto a cada um.) Não terei outros.

~

A seguir, ela lembrou-se da questão do aperto de mão. Que, sendo nossa a abordagem, não devemos tomar a iniciativa do aperto de mão à despedida, se não o fizemos à chegada. 
Pronto, a esta poupei-a em público, mas, no intervalo da prelecção, fui explicar-lhe a regra para o aperto de mão: sendo eu uma senhora, é de mim que deve partir a iniciativa — ou não — de o dar. E isso é independente de quem fez a abordagem ao outro. 
Se for outra senhora, então a coisa muda de figura. 
Mas também não posso ensinar tudo, a todas as horas, a toda a gente, que isto é como os produtos que eu digo aqui que gosto: ninguém me paga para isto.

7 comentários:

  1. Sôdona Blue, fartei-me de rir com esta explicação dada por você.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Ai, mna Be, você enche-me de alegria ao confessar-me uma coisa dessas.

      Eliminar
  2. Qual aperto de mão, qual quê...
    Cá beijinho!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Com pessoal da cerimónia, mais vale nem a mão dar, que ainda nos levam o braço.
      Cá beijinho também (embora não fosse isso que quisesses dizer, ó esgrouviado).

      Eliminar
  3. Anónimo21/4/16

    E aqueles a quem estende-mos a mao e eles estendem so a ponta dos dedos como se tivessem medo?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Ou nojo... é darmos também as pontas dos dedos, a ver se gostam.

      Eliminar