25/08/2015

É tão pouco blogger da minha parte # 2 — Parte II

Sinto quase profundamente uma quase obrigação, quase moral, de vos pôr a par das démarches que tenho proporcionado ao meu vestido verde, com vista à sua recuperação total, isto é, à limpeza das nódoas de gordura que ele sofreu a semana passada. Recapitulando: conforme estais lembrados — e, se não estais, pronto —, eu apliquei-lhe golpes baixos de óleo, submergindo-o, que, por ter teimado em misturar na minha poção um nico de água, o cravejou de mais medalhas de mau comportamento e foi horrível quando o emergi.
Depois usei a táctica da farinha de milho, e ele poderia ter ficado bom como o milho ou o trigo, ou qualquer outro cereal panificável, não fora alguma coisa ter corrido mal e terem saído todas as nódoas, menos uma — enorme, gigantesca, frontal, acintosa. Além disso, o meu vestido verde passou a exalar um odor, como hei-de explicar? Imaginem que o metia no exaustor, a substituir o filtro, e punha-me a fritar batatas para um regimento de sapadores (sim, podiam ser esses de Setúbal, que calendarizam as tarefas com um comovente rigor). E que, finalizada a fritura, escorria o óleo sobejante no vestidinho de per si. E ainda o passava por farinha. Pronto, o cheiro é assim parecido, mas em mau. Não sei o que me deu para não o ter mergulhado antes em óleo Johnson's. Sempre cheira a bebé. A bebé gorduroso, é certo, mas a bebé na mesma. Assim, fiquei capaz de passar por uma obra com meu vestido verde vestido, só para tirar a limpo (metaforicamente falando) se os trolhas me gritavam "Eh, carapau!", e para poder responder "Mais pastel de bacalhau, amigo...".
Hoje demos mais um passo em frente nesta relação, o meu vestido verde e eu. Isto não é o que parece, mas é que não é mesmo, porque ninguém me paga para isto. Mesmo. Mas lavei-o com sabão Clarim, e depois esfreguei-o com Clarim Gel que, pelos vistos, veio substituir o Supergel, segundo professou o rapaz do supermercado, enquanto encolhia os ombros em sinal de "A sério que não sabias isto? Onde é que deixaste a nave?". Só me saem meninos na rifa.
O Clarim Gel tresanda a gasolina. Estou tão high e até posso dizer que contente com a aventura que foi ter esfregado o meu vestido verde numa mistura explosiva (literalmente) de tudo o que acaba em ina (gasolina, benzina, terbentina, uhhu!), que estava capaz de o vestir assim mesmo, todo molhado, e ir para a rua, aguardar que um bom senhor das obras me gritasse "Eh, labareda!". Estou inflamável (das vias respiratórias).



2 comentários:

  1. Questão q de impõe, tirou ou n a nódoa?
    A uva passa já tinha dito maravilhas desse gel :)

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    1. Tirou foi a cor... agora é verde-desmaiado. A nódoa mudou de lugar. Acho que aquilo já é puído. Devo ter que o tingir...
      Que aventura :)

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