21/05/2016

Sabes que fizeste algo de muito bem feito — ou muito mal, dependendo da perspectiva

quando tens duas filhas que, às dez da escura e silenciosa noite, ao ouvirem um miar pequenino, seguem o som e o instinto, descobrem um gatinho com um mês de idade, que sai a correr para a estrada, correm atrás dele, fazem parar o trânsito nas duas direcções da via, esbracejando e interpondo os próprios corpos para proteger o animal, pegam nele, percorrem um caminho de mil metros até ao veterinário mais próximo, apesar dos arranhões, dentadas e bufadelas, e o entregam, são, e, principalmente, salvo, a quem o recebe nos braços, para dele cuidar com o mesmo desvelo com que elas o fariam, caso pudessem acolher mais um.
E te chegam a casa quase às onze horas da iluminada e terna noite, com o jantar por tomar e o brilho no olhar da pena de não terem podido trazer mais um animal para casa, mas, sobretudo, aquela luz que só cintila naqueles que já salvaram uma vida.

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