17/05/2016

Eu queria ser o homem da blogobola

Assim contas feitas por alto, são quantos, ao pé de nós? Dez por cento? Vinte, no máximo. E não estou a contabilizar quem tem dois ou mais blogues, que los hay.
É que isto chateia. É tão cansativo como trabalhar numa fábrica de parafusos e, para se ganhar dois terços, ter que se fazer o dobro dos parafusos em metade do tempo. 
Isto faz saltar os parafusos.
Uma pessoa senta-se na cadeirinha nova, azul de linda que é, amanda os dez pequenos fósforos ao teclado com vista (larga) a incendiar isto tudo, chega a meter a ponta da língua ao canto da boca como os gaiatos a aprender a escrever, bomba na tecla, acha-se com garras para ela, faz um esforço homérico — ou helénico, para ser mais consentâneo —, puxa pelo bestunto, sua as estopinhas e todos os tecidinhos, incluindo os moles do organismo, esfalfa-se e esfola-se, bate com a cabeça em todas as paredes adjacentes e limítrofes, arranca parte da cabeleira (tipo um fio, senão era a desgraça pilosa em menos de nada), tudo para lhe saírem, na melhor e na pior das hipóteses, duas linhas com nexo, conexas, quando a eles basta chegarem ao brinquedo, semi-serrarem os olhos, criar mensagem, deixa cá ver, hoje é sobre o mundo, zás-trás, três linhas, dez linhas, e pumba, publicar e ficar a ver o Sigh Counter a elevar-se na estratobola da blogobola como se não houvesse depois de amanhã. 
Juro que estou a pensar em inaugurar (montar? fabricar? urdir?) um blog masculino, como já vi por aí fazer com maior ou menor habilidade. Depois escrevo para as massas e vamos lá a ver quem é que suspira mais profundamente, mais alto e mais vezes. Vou transformar isto numa aula de Pilates, em que o Pilateiro, desta vez, serei eu.
O único problema que terei que resolver, é de somenos: as p. das hormonas. Porque é sabido que nós, femedo, somos aquela panela de pressão, fssssss, sempre pronta a piiiiiiiiiiiiiiiii, senão buuuumba. Naqueles dias, ou naquelas horas, em que nos encontramos desencabrestadas, e o ideal e mais sensato seria não escrevermos, pode tornar-se complicado disfarçar o género. Mas eu cá me arranjo.
Também não quero imaginar os dias, como estes que tenho vivido, em que nos encontramos em fase de enamoramento por umas sandálias, e não há como disfarçar a cara de bambi quando pensamos nelas, quanto mais quando nos sentamos a escrever para as massas anónimas. Mas eu cá me arranjo, já disse.
É isso: vou despoletar (detonar? destravar? desencadear?) um blog à homem, em que possa livremente falar de sandálias bonitas. E não, não será concorrente do Cláudio Ramos, porque no meu não haverá erros ortográficos a cada duas palavras. Desculpa, Cláudio, se vieres a ler-me, mas tens que despedir o teu editor de texto, dizendo-lhe que ele está guardado para melhor e que estão a recrutar nos Comandos.

6 comentários:

  1. Deixa-me sí fazer uma pergunta... Uma senhora nas tuas idades não está quase para a cova, logo numa ausência total de hormonas?

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    1. Olha, está. Mas há que armar em boa.

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    2. Assim é que é! A idade é um posto, mas só na cabeça. :D

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    3. E casos há em que é um pedestal! :D

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  2. Anónimo17/5/16

    O blog do Cláudio Ramos é um blog masculino?!?

    Xiça!
    As coisas que vou aprendendo por esse mundo afora!

    :)

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    1. Quer dizer, agora que levantas essa lebre...

      :)

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