03/05/2016

Agora com mais calma, conta-nos lá o teu dia

Estavam 31 graus, mas um termómetro, no percurso, situado numa farmácia, dizia 33.
A areia estava, pelo menos, a 45. Boa para dar saltinhos, qual Tigre do Pooh, em linha recta para o mar, onde haviam de fumegar meus pobres pezinhos. 
Esqueci-me de levar guarda-sol.
O protector solar que tinha em casa era um factor 6, que dizia que cheirava a côco, mas estava tão passado da validade que, a avaliar pelo aroma, faltava ali um circunflexo algures no primeiro O. Contudo, besuntei-me. Passei ainda a tarde toda a dizer "Mais vale isto do que nada". O sol costuma torrar-me e putrefazer-me o neurónio sobrevivo, e entro em modo ditados populares em 4-3-2-1 segundos.
Tinha chegado há cerca de três minutos à praia quando dei o primeiro mergulho do ano. Esqueci-me de pedir os três desejos, porque isto também já não dá para tudo. Posso pedir agora? Ah, então, é os Vinte Anos, do José Cid, e se não tiver, queria ouvir o Seasons in the sun, do Terry Jacks. 
Não, espera: haja foco. 
(Nem me falem em foco. Eu hoje vi o horror. Já conto.)
Peço que me saia o Euromilhões, eu possa tornar-me uma excêntrica (mais ainda, mas com os bolsos a cair de tanto tutu), e compre aquela praia e todas as adjacentes, nem que seja para varrer das vistas as tatuagens todas que vi hoje. Um laser já, a cada uma, sem dó nem pieguices. 
(Pronto. Esmerdei o post. Ia tão bem encaminhado, já tinha que falar num assunto fracturante.)
Não peço mais nada. Um só desejo chega. Eu depois trato do resto.
A água estava gelada, mas o ar estava tão quente, que entre les deux mon coeur n'a pas balancé, e amandei-me a ela perdi-lhe a conta das vezes.
Corri riscos de integridade física, porque quis postar um retrato do mar no blog, via chico-smart, e estive tempo a mais virada de costas para o sol. Logo eu, que sou uma preconceituosazinha de m. com bronzeados à parolo. O que eu não faço por voismicês. Amanhã não me sento. Mas tudo bem à mesma.
Hoje cheguei à conclusão que a tatuagem a imitar uma liga é obrigatória, tanto para elas como para eles. Vi vários homens com aquela m. na coxa. Pergunto-me o que acharão que provocam ou que transmitem com aquilo ali. E não me respondo.
Também vi uma mulher que tinha o focinho do pastor alemão dela desenhado na coxa, em tamanho quase natural, na outra coxa a bendita da liga, e nos ombros um pássaro e uma borboleta. Uma obra de arte, mas ao contrário. 
E vi outra, que tinha aquele terço que os taxistas têm colado na mala do carro, num tornozelo. No interior, escrito "FORÇA FOCO". Não sei se "FOCO" é o amigo dela, ou quê.
Depois vim para casa.


19 comentários:

  1. Anónimo3/5/16

    Linda, que nunca te falte o verbo. oxalá não haja escaldão para lamentar.
    boa noite.
    beijinhos.

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    1. Isto tem que levar um barramento de creme em cima, mas passa.
      Boa noite, Mia.
      Dorme bem, beijinhos

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  2. Foco? Deve ser de luz, para ver melhor! :P

    Beijocas onde não doam do escaldão :)

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    1. É a tal luz, que elas vêem, e uma pessoa se vê aflita para descortinar. Vai-lhes para a tatooooooo...

      Beijocas, Mary. (Já não dói nada. Isto é casca grossa.) :)

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  3. Anónimo4/5/16

    Das coisas que eu me livro por não ter esse vicio da praia...
    ...e as visões a que sou poupado...

    :)

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    1. Crê-me que é tudo true, true. Eu passo horrores, só por um raiozinho de sol. Havia de ter alergia, a ver se aprendia.

      :)

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  4. Uma vez na praia, local ideal para estas coisas, vi um que tinha tatuado em letras grandes, nas costas, "CHELAS"!

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    1. Isso devia ser obrigatório, porque não duvido que a proveniência seja daí.
      Eu vi uma mulher, de cabelo asa de corvo, fio dental preto, topless, a brincar à beira mar com um miúdo, de gatas, e com umas asas de anjo tatuadas nas costas, em "tamanho natural". Não sei bem qual dos factores é que está errado nesta equação.

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    2. e também já vi "0 homem da minha vida".Tinha o focinho de um gato laranja, em tamanho natural, tatuado no peito e o nome Tico. Um homem que tatua um gato no peito é seguramente a minha alma gémea... :):)

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    3. Desde que se comprometa a ser o escravo do silêncio o resto da vida, não duvido nada, Ana :)

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    4. Anónimo4/5/16

      Ana, desculpa intrometer-me, mas se calhar Tico não era um nome, era mais um tamanho...

      :)

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  5. Não me consigo focar com tanta parvoíce, Isso não foi um dia de praia, foi um pesadelo. Em cómico mas um pesadelo.

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    1. Ainda me encontro em stress pós-traumático, Be. Tenho medo de adormecer e voltar a ver aquelas imagens.
      :)

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  6. Eu já vi a cabeça de uma cobra enorme tatuada na zona lombar de alguém, como que a querer saltar do fato de banho. Apanhei um valente susto! A praia está a tornar-se num lugar perigoso...

    Um beijinho, querida Blue :)

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    1. Que alívio, Miss Smile, constatar que existem mais pessoas a encarar esta realidade como eu. Já me sentia um ET.
      :)

      Um beijinho, minha querida :)

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  7. praia sem roupa ainda nã é uma realidade por aqui :)
    e se calhar ainda bem...

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    1. Eu tenho um bocado a ideia de que onde menos se despe, também o povo é mais sereno com a cena das tatuagens aleatórias (e chocantes) :)

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  8. E protector solar, não menina Linda!!??
    Como assim uma tatoo a imitar uma liga, nunca vi disso.

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    1. Estava fora da validade e só vi isso quando lá cheguei...
      Uma praga, Me, uma praga!

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