Como é que eu hei-de relatar isto sem que pareça que se passou comigo? Ah, já sei: relato na terceira pessoa. Querida terceira pessoa: és tão boa.
Ela foi ao hospital ver a mãe, muito velhinha. Ela própria é idosa, a mãe teve-a aos 40 anos, pelo que, somando esses 40 à idade dela, que é assim que se fazem as contas para se saber a idade da mãe, aquilo dá uma fortuna só em anos. Para piorar - ou melhorar, depende da perspectiva -, a mãe aparenta ter mais dez anos do que tem na realidade e ela menos uns oito, vá. Assim sendo, é normal que se gere confusão quanto ao número de gerações que as separam.
Entra um voluntário giro no quarto e refere-se à mãe dela como "a sua avó". E ela, gentil, giríssima, mas habituada à confusão desde pequena *, esclarece: "Não é minha avó, é minha mãe. Teve-me muito tarde...". Ele pára o que está a fazer - a dar almoço a outra senhora, não é fofis? - e fica a olhar para ela, pasmado. Abre tudo - pelo menos o que está à mostra - olhos e boca, eventualmente a fazer contas e a tentar perceber se há umas décadas atrás já era possível uma mulher ter filhos aos 60. Não era, e ele sabe isso, mas percebe-se a incredulidade dele na expressão e na postura. Ficou estático. E ela ali, à espera que aquele momento acabe, mas, ao mesmo tempo, a saboreá-lo. E acabou da melhor maneira, quando ele se acercou do ouvido da mãe dela e disse, alto o suficiente para todas ouvirem: "Tem uma filha muita gira!".
Contou-me ela que hoje volta lá e leva o vestido de animal, inspirado na doce Gloria. Capaz de lhe pedir para tirar um retrato para pôr no blog, já agora.
Se esta história se tivesse passado comigo, ao menos agora podia terminar dizendo qualquer coisa do género: Linda Porca a espalhar charme vai para cima de décadas.
Assim, relato a vida das outras e já vou com sorte.
Assim, relato a vida das outras e já vou com sorte.
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* esta história que sirva de referência às meninas que estão à espera dos 40 para terem filhos. Uma coisa é uma pessoa sentir que tem 20 anos, outra é tê-los.
Tira lá o retrato à terceira pessoa ;)
ResponderEliminar(já vi esse asterisco em algumas pessoas, mas apareceu tarde de mais para poderem fazer alguma coisa )
A ver se arranjo um fotógrafo, que eles são danados para fugir das brasas. Parece que se queimam ;)
Eliminar(há umas que são meninas até depois dos 40 e podem, sabes? :) Mas não é a regra)
Tal e qual!
ResponderEliminarPessoal, a Uva veio espreitar a Porca! YEY! :)
EliminarPronto, alguém que me entenda e que não leve ao pé da letra a treta d' "Os 30 são os novos 20 e os 40 são os novos 30". Pelo menos em matéria de maternidade.
Então? Já não dá com 40?? Ai carago...
ResponderEliminarDar, dá sempre, e sempre deu. A questão é se a pessoa está preparada para ouvir toda a vida: "O seu neto", e se lhe é indiferente que aos filhos digam "A sua avó", quando se lhe referem.
EliminarMelhor isso que dizerem que o nosso gaijo é nosso filho :P
EliminarUma verdadeira cougar prepara-se para isso.
Eliminar(De maneira a que nunca lho perguntem, claro)
Eu passo a vida a ouvir as pessoas dizerem que a minha mãe parece ser minha irmã, porque me teve muito nova.
ResponderEliminarJá eu vou ter o primeiro aos 33, se alguém tiver a pouca sorte de algum dia me chamar avó dele, bem pode fugir...
Mas isso que se passa contigo e com a tua mãe é sempre lisonjeiro :)
EliminarNinguém terá que fugir. 33 é uma idade muito jovem.