27/11/2013

Primark, love you, hate you

Eu tinha jurado nunca na minha vida pôr os pés na Primark e, já agora, também não punha o resto. A experiência com a do Dolce Vita era péssima. Multidões. Trapos pelo ar. Coisas pelo chão. Filas gigantescas para as caixas. Vários gatunos a quererem a minha mala. Eu paranóica.

Depois abriu a do Colombo e passei a ir. As montras chamam uma pessoa lá para dentro. Os preços gritam Isto nem paga o material!, e uma pessoa vai. Lá dentro, confirma-se que o Martim Moniz caiu ali em peso. Acredito que muitos artigos são mais baratos para as china lojecas e para as feiras do que nos armazéns. É tudo estúpida e demasiadamente barato. Mantas polares do mais macio que há a 6 euros. Conjuntos de 2 sutiãs giríssimos a 7 euros (sim, 3,5 cada um). Tudo dado.

Os empregados são recrutados pela simpatia. Só pode. A forma afável com que nos atendem, nem que façamos a pergunta mais abstrôncia do mundo (tipo as minhas "Esta saia é azul ou preta?").

Perto do meio-dia, começam as enchentes. A essa hora, começa a cheirar a coisas humanas. Também a peidos. As pessoas peidam-se muito, lá dentro. É por isso que eu só lá vou antes do meio-dia.

Eu hoje vivi um filme de David Lynch lá dentro, só mesmo para confirmar a regra de que toda a regra tem excepção. Fui lá à procura de umas luvas que têm na ponta dos dedos indicador e polegar uma coisa qualquer que permite mexer no touch screen sem ter que tirar a luva. Queria para rapariga e para rapaz. Fui à parte de senhora, a funcionária acompanhou-me ao sítio onde estavam as luvas e eu aviei-me de um par. (1,5 euros). Perguntei-lhe pelas de rapaz e ela, por motivos que me escapam, percebeu que "rapaz" é homem jovem, não menino pequenino, e indicou-me a zona de homem. Mais ninguém ali dentro percebeu que eram luvas para jovem moçoilo o que eu procurava. Senão vejamos: dirijo-me à zona de homem, acerco-me de um homenzinho de calças e gravata pretas, camisa branca, que estava a dobrar camisas. Pergunto-lhe pelas luvas e o homenzinho responde-me: "Eu não trabalho aqui!". Primeiro choque. "Ai não? Então é só embaixador da boa vontade?" e rodo os calcanhares na direcção de uma menina vestida de preto. Pergunto-lhe pelas luvas e ela entra em pânico. Segundo choque. Sai a correr à minha frente, a dizer "Isso não é comigo!" e dirige-se a um grupo de três ou quatro colegas que estão ali a conversar animadamente (rubrica a inaugurar neste meu buraco - "Só a mim não me saem empregos assim"). Pergunta-lhes pelas luvas, uma delas era igualzinha a uma drag queen e disse para outra: "Luvas cor-de-rosa, temos?". Terceiro choque. "Olhe, eu disse cor-de-rosa alguma vez neste texto todo?". E diz-me a drag: "Luvas para rapaz é ali ao fundo", a apontar para a zona de rapazinho. Quarto choque. Não sei como não explodi e as minhas tripas não se projectaram em todas as direcções. Em vez disso, rodei outra vez os calcanhares e disse a verdade, como sempre: "Já percebi que não é com nenhuma de vocês que eu me consigo aviar hoje". Então fui direita ao expositor das meias, numa de razão lógica, pés-mãos, e encontrei as luvas. Dois euros. E, como sou muita vingativa, tirei uma fotografia aos slipinhos que estavam mesmo ali ao pé - na zona de homem. Os da esquerda brilham como ouro. Os da direita são para brincar aos pais natais. Brutas.




2 comentários:

  1. A-DO-REI as cuecas :D Vou comprar dois pares: um para estragar e outro para deitar fora!

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    1. Não supões o quanto brilham as douradas. Aquilo é ouro! A ponto de uma pessoa ponderar colocar os óculos de sol!

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