01/09/2014

skinny

Este post é para ti, magrinha, e nem vou pôr links porque tu sabes que é de ti que estou a falar.

Ser-se magro é um fardo muito pesado. Eu já fui magra-magra, nunca fui esquelética (nem tu és), mas lembro-me que não era bom e não quero voltar a ser. Porque uma pessoa magra sofre o dobro do que sofre uma pessoa muito gorda. O estigma social é o mesmo - as alcunhas, as piadas, as perguntas sobre o nosso estado de saúde, as comparações com objectos, pau, esparguete, espinha, palito, canivete -, mas ainda tem que aturar o que deve ser inveja, subjacente à magreza, coisa que um gordo nem sabe o que é. Ninguém inveja um gordo pela sua gordura, nem mesmo aqueles que associam a gordura à porreirice e à boa disposição. 

Mesmo assim, não se percebe qual é o problema de se ser magro. Os magros podem fazer esforços sem se cansarem tanto. Não suam tanto. Não morrem de enfarte. A magreza é uma mais-valia que, em não chegando a extremos, em que é evidente a presença de uma doença associada, é uma excelente herança, que só a genética pode fornecer. Nas mulheres, a seguir ao nascimento dos filhos, o corpo arredonda-se e os ossos forram-se. Ou seja, uma magrinha compõe-se, consolo que nenhuma gorda pode ter. Normalmente, fica só mais gorda. Nem pode aspirar a ser magra, quando nunca foi. Ser-se magro é como ter-se olhos azuis ou dentes brancos: a natureza dá ou não dá. É claro que eu posso sempre pôr lentes coloridas e fazer laser para branquear. Também posso fazer dieta toda a vida. Mas, se isso não estiver no meu código, nunca vou ser magra. Posso-me matar a malhar e entrar num regime rigoroso, posso secar banha e tonificar músculo que, se o meu esqueleto for largo, ou se me distrair da dieta, ou se o meu metabolismo, hipófise ou pituitária entenderem ao contrário, não fico magra. E vou pagar isso com a cara, com o cabelo, com a pele, com o cansaço, com a alegria e com o viço. E com um feitio de merda, também. Para ser bonita? Isso lembra-me as pessoas que se bronzeiam exageradamente, e rapidamente, correndo os riscos inerentes, para estarem bonitas durante duas semanas. Isso serve para quê?

Fui magra na adolescência, que é quando mais custam as "diferenças", detestava que me pusessem alcunhas, detestava que os mais velhos me perguntassem pela minha saúde, mas agora, décadas volvidas, levanto as mãos aos céus por ter sido tão magra durante tantos anos. Comia o que queria e nada me engordava, embora isso já não seja assim. Agora tenho que ser muito mais cuidadosa, porque, com o passar do tempo, o nosso metabolismo vai ficando cada vez mais lento e, mesmo que comamos as mesmas quantidades que comíamos uns anos antes, engordamos à mesma, exactamente porque o metabolismo processa os alimentos muito mais lentamente. Mas de certeza que nunca vou ser gorda. E essa certeza à genética a atribuo e agradeço. 

Mamita, Papito, merci bien.

E tu, deixa-te estar como estás, que estás óptima.

4 comentários:

  1. Quem me dera a mim ser (um pouco mais) magro...

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  2. Conheço uma pessoa assim e é fodido :-)

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    1. Pois conheces, magrinha :-)
      E repito - E tu, deixa-te estar como estás, que estás óptima.

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