A minha mãe sempre me disse que, quando subo uma montanha, nunca devo olhar para cima. Julgo que se trata de um ditado chinês, que eu muito prezo, por respeito à milenar sabedoria, muito especificamente da minha mãe. Prezo e tento cumprir, o que raramente consigo fazer quando tenho trabalhos montanhosos — com altos e baixos, com poucos vales, com subidas a pique para as quais sinto não ter forças.
Tenho em mãos, em braços e sobre as costas, neste momento, um desses trabalhos, que me suga os dias, as noites e as horas, e que, para não variar, tem um prazo espartano. Quando o aceitei, distribuí-o por colaboradoras, dividi-o pelos meus dias, pus a fasquia no máximo de horas que posso dar — sentada, concentrada, sem começar a trocar as mãos, a meter os pés pelas mãos, a deitar as mãos à cabeça nem me virar de cabeça para baixo —, e, arregaçando as mangas, deitei mãos à obra.
...
Estava isto a correr-me tão bem. Eu até estava a conseguir escalar sem olhar para cima e tudo.
[Preciso de pôr-me na posição fetal e ficar num cantinho, debaixo da mesa do computador, a chorar um niquinho.]
Manda-me ontem um mail o freguês, a acrescentar tamanho ao trabalho à montanha.
Telefona-me outro freguês, a pedir outro trabalho, acha ele que dos grandes.
Telefona-me o freguês do trabalho actual, a pedir [pedir!] que aperte mais o prazo, pois tem pressa.
Restam-me os consolos que:
1. Não terei que me incomodar com a preparação do Natal;
2. Emagrecerei [depois conto a receita, mas basicamente prende-se com a impossibilidade de me alimentar, a não ser por via intravenosa];
3. Não chegarei perto da mesa de Natal;
4. Emagrecerei [já disse?] por conta do ponto 3.
Entretanto, não saio de debaixo da mesa (de trabalho).
se ouvires a campainha , sou eu com uma malguinha de sopa. daquelas de legumes todos passadinhos para não perderes tempo.
ResponderEliminarque a força esteja contigo!
beijinhos,
Mia
Que ideia tão maleficamente boa essa tua, Mia. Bebo-a por uma palhinha, para ir mais depressa.
EliminarObrigada, bem preciso!
Beijinhos