01/12/2016

Eu tenho problemas com tudo # 19

Às vezes tenho-me um pó que só não me sovo porque isso dói e incha. Parece que não, mas isto não é só amor-amore.
Ontem determinei-me a ir à sessão de autógrafos desse gigante que é o Guilherme Duarte. Tinha lido no blog dele que iria estar na FNAC entre as 18:30 e as 19, e encornei que havia de ser na do Colombo. Trabalhei à pressa e atabalhoadamente até quase à própria da hora, meti-me em meu super-boi a toda a velocidez que a p. da segunda circular permite àquela hora — que já é noite cerrada —, com chuva e em vésperas de feriado, ou seja, em filinha pirilau com mais não sei quantos incautos desta vida, que hão-de morar lá para lá do IC19, em Ranholas, ou assim (e não falo na Buraca, que essa a tenho em alta e grande conta desde que sei que lá foi nado e criado o próprio Guilherme). Chegada à FNAC, apercebo-me de três filinhas, também elas pirilau, de intelectuais do lançamento do livro (é um desporto ainda pouco difundido, porquê?), intentei assentar o codril, quando me deu duas coisinhas em simultâneo: uma, uma vontade inóspita e irreprimível de tomar um descafé (podem não acreditar, mas a descafeína também vicia); outra, uma dúvida sistemática ou da evidência de estar, para não variar, no local errado: assim de ladex para as cadeiras alinhadas, encontravam-se duas colunas de livros, e nenhum deles era o do meu estimadíssimo Dr. G. Ora, não me passa pela cabeça que lhe fizessem semelhante desfaçatez, a de colocar livros da concorrência a adornar a sala da apresentação do seu (dele). Depois da (des)bica, resolvi ir informar-me, já o horror me tolhia os nervos, já chico-smart era instado para revelar, afinal, onde genitais deveria eu dirigir-me para não só autografar o meu exemplar, como também para tirar aquela selfie com o autor da minha estimação. Confesso que foi já com a voz embargada e a suar em bica que me dirigi ao balcão das informações e titubiei: "Não é hoje e aqui a sessão de apresentação do livro do Guilherme?", quando, na verdade, só me apetecia gritar "Mamããããããã!", e ainda tive que ouvir a dos olhos remelgados perguntar assim: "Qual Guilherme?". Juro que estive para ir buscar um daqueles sabres de merda luz que para lá se vendem e dar-lhe com ele no meio da testa, a ver se se lhe fazia alguma. Contive o ímpeto, no momento em que ela encontrou o Qual-Guilherme no sistema e me informou que eu devia estar no Chiado naquele momento, e não ali. Tive uma inclemente vontade de vomitar os nervos, uma zonzeira de girândulas, a alcatifa a ordenar-me que me deitasse a gritar as tripas e a fazer-me ridícula, para ao menos ter um motivo para chorar as pedrinhas da calçada e os pêlos da carpete deles. Ao invés, saí tão direita como entrei, apesar de levar a alma a arrastar pela lama, ou lá pelo tapete da loja. 
Inconsolável.

6 comentários:

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    1. Um destes dias dá-me um fsssh mental das sinapses a fritarem em electrochoques, só com este tipo de desaire. E há-de ser em público :D

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  2. Anónimo1/12/16

    O descafé não vícia e o que precisavas era mesmo um café, O Café (para acordar).
    Ou uma agenda, ou um relógio, ou lembrete no chico-smart ou...by the way!
    Acontece a todos, fica para a próxima Linda (pois, que remédio, pois sim) :D

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    1. Liga lá o coiso do perfil (de um deles, pelo menos), que é muito mais giro. Caturreira!

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    2. Anónimo2/12/16

      Olá Linda, bem eu não tenho blog portanto não posso ligar o dito "coiso" que referes nem sei bem porquê. E mesmo que tivesse, ligava se me apetecesse, como deves compreender, somos livres.
      Vim aqui completamente descontraída e respondi ao post de igual modo, ou seja, o meu comentário foi uma brincadeira.
      Quando disse que talvez fosse benéfico optares pelo café quis dizer que o café nos deixa despertos e que andavas a "dormir" por teres confundido os eventos ou os espaços.
      Enfim, não percebi o teu comentário pouco humorado mas como é também não me chateio se o assunto não merecer importância.
      Comentei mas também posso deixar de comentar e ponto final. Respostas destas só porque sim, dispenso.
      Beijo, respire e seja feliz!

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    3. Olá, Anónima!
      Tudo bem, também tenho os meus vaipes, e ó: é bem verdade que somos livres, é um facto incontestável, embora com demasiadas nuances para explanar agora aqui em poucas linhas.
      Mas gosto que as pessoas sem perfil (não precisam de ter blog para ter um perfil, isso sabes) ponham lá um nome qualquer, que é que hei-de fazer? Podem pôr Borboleta, Anónima sem Perfil, Tua Fã n.º 1, o que quiserem. Mas assinem, que é mais bonito e não retira a liberdade a ninguém. Há duas ou três pessoas que aqui vêm como anónimas e fazem isso.
      Beijo, faço por isso e faço um esforço por isso também.

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