06/09/2016

Azul-parolo

Ao longe, avisto um homem alto e magro, figura que surge na intensidade do exagero de calor que ainda se faz sentir por cá. Veste um fato azul escuro. Parece um lorde inglês, aparenta-se àquela distância, um gentleman. Ainda assim, condoo-me por ele, pois bem sei o que estará a passar, já que, também eu, vesti calças hoje. São vermelhas, as minhas. Por associação de ideias ou não, vesti-as para ir dar sangue, ooolé! 
Vejo no homem um andar peculiar, enquanto se aproxima do meu carro e se dirige à passadeira que lhe fica defronte. Não é o andar de um lorde, afinal, pois que os lordes devem ter um andar à lorde. O azul do fato abriu entretanto, diante dos meus olhos abertos, é um azul mais vivo do que parecia ao longe. Azul, minha cor, cor tão minha, tem também um tom que se chama azul-parolo, e é azul-parolo o fato do homem. Tem riscas, o fato azul-parolo dele, as riscas no fato são tão típicas — são amarelas, as riscas do fato azul-parolo, também já os vi com riscas brancas. A gravata salta, rosa-choque, diante do meu choque, só preciso de lhe tirar a limpo os sapatos, salvo seja — neutros, pretos, com atacadores, nem bicudos nem redondos. Ao menos isso, nem tudo é mau, nem tanto ao mar, nem oito nem oitenta. Mas, de repente, as meias: azuis-clarinhas, azuis-bebé, azuis-cueca. Umas meias cor de cueca. As cuecas, certamente, cor de meias. Azul-parolo, que parolo.

2 comentários:

  1. não me diga que andou pelo Porto... Cruzámo-nos? :D

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Lisboa!
      Tens um gémeo? Diz-lhe que nem risca nem meia clara. E que vais da minha parte, que sou manienta :)

      Eliminar