Tenho sono. Tenho sempre sono. Ando em jet lag constante, sem nunca me meter num avião.
Faz-me sono dormir pouco. Faz-me sono dormir muito.
Faz-me sono aturar chatos. Faz-me sono aturar-me a mim, que também sou chata cumá potassa quando não calha.
Faz-me sono o calor. Faz-me sono o frio.
Faz-me sono a fome. Faz-me sono a sede.
Faz-me sono o vinho tinto. E a música. (Nota mental: nunca os juntar.)
Faz-me sono assistir [ainda que seja] a um [bom] filme. Faz-me sono ler [ainda que seja] um [bom] livro.
Faz-me sono a praia. Faz-me sono o campo. E o ar rarefeito da montanha, esse então. E a cidade também, um bocadinho.
Faz-me sono andar de carro. (Ao volante, ainda me safo.) E de comboio. Até andar a pé me faz sono.
Faz-me sono assistir a palestras. E a conferências. E a convenções. E a colóquios. E a reuniões. E a lições. E a sermões. Nem me falem em rezas.
Faz-me sono o barulho das gentes. Faz-me sono o silêncio de tudo.
Faz-me sono a desocupação. Faz-me sono o cansaço.
Faz-me sono o susto. Faz-me sono o medo. E a inquietação.
Faz-me sono esperar.
Faz-me sono o sono.
[São quase 9 da manhã e tenho tanto sono, depois de uma noite de oito horas, que até tenho os olhos em sangue. Isto é uma vergonha tão grande, que vou pôr uma hora qualquer da madrugada na publicação deste coiso. Desculpem estar a tentar enganar-vos, mas é importante para mim: nunca publico às primeiras horas do dia — porque as durmo — e, neste momento, acho que é extremamente blogger da minha parte fazê-lo.]
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