19/11/2016

sente


Não me pareceu justo traçar esta foto com marca d'água, para evitar a cópia da outra desgraça que tudo faz seu, mas hoje estou uma cabra egoísta que também quero fazer meu tudo o que é meu, e a verdade é que fui eu que a tirei, com uma câmara que não fale um chavo, mais ou menos ao acaso, a uma hora do dia em que não estava sol nem chovia, só que gostei tanto dela que não a editei, não acrescentei nem tirei nada, a não ser a dita marca. 
Adoro-lhe a cor, a geometria, a folhinha no banco onde deveria estar eu sentada, a outra folhinha à direita, e até a geometria das três beatas acho harmoniosa; adoro-lhe o desalinho absurdo da alinhada calçada portuguesa; adoro-lhe o encontro do cimento do banco com o cimento do chão; adoro-lhe as sombras, e a forma como parece que a do meu corpo ocupa a palavra sente; mas adoro, sobretudo, a mensagem que quem a ali deixou quis deixar: sentar, num banco de jardim. Sentir. 

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