Vi-te as pedrinhas de cristal a aflorarem como notas musicais, suaves e inquietas, pedindo licença para despontarem por ti abaixo. Falávamos de perda, de todos os adeuses que tivemos que dizer, mesmo daqueles que dissemos àquilo que nunca tivemos. Dissemos das ausências e falhas que nos foi dado tragar tantas vezes, mesmo das que nos faltaram sem sabermos da cratera no afecto que se abrira debaixo dos nossos pés. Andámos assim durante anos a mais, de mãos dadas e sincopados os passos, ao sabor dos nossos corações descompassados.
Vi-te, valente, não consentires que caíssem — não ali, ou não porque jamais? —, certa, mais uma vez, como desde tão pequenas, que eu, fraca, não cheguei ao mundo que já era teu munida de defesas que me permitam suportar o tamanho de tamanha tristeza vinda de ti.