29/11/2016

Momentinho louro # 3

Eu passo a explicar: conheço as velas da Rituals* por ter uma em casa, da qual gosto tanto que só acendi uma vez, subitamente no ido Verão passado, que, conforme certamente estais lembrados, foi l'été meurtrier (gostei tanto desse filme, c'a Adjani), metereologicamente falando. Receosa de asfixiar a boa da vela e a boa da pessoa, assoprei-a quase de imediato, donde ela jaz até hoje de pavio curto e negro aqui à minha beira, como diria a minha avó. 
Também conheço umas outras que a Rituals oferta quando a pessoa enterra lá os seus erros, a sua fortuna, e não só o seu amor ardente porque as velas vêm apagadas. São iguais às que se vendem, mas em ponto muito pequenino, assim como que vistas do espaço.
Sucede que lá me fui desgastar para o stand da marca. E a funcionária, queridíssima, quis agraciar-me com um brinquedo que parecia mesmo uma vela daquelas, mas em ponto ainda mais pequenino, digamos que microscópica. Explicou-me que era uma gracinha, que se liga à lanterna do telemóvel e dá luz. Gemi-me logo que, só filhas, tenho cerca de três, e ela, queridézima, deu-me quatro luzinhas. Isto, apesar de eu não ter lanterna no meu telemóvel, que chico-smart é um rapaz sério e não alinha nessas mariquices. 
Dei uma a uma delas, que intentou, sem delongas (nem maiores explicações e zero dificuldades — não entendo estes miúdos de hoje em dia) colocá-la no aparelho dela. E foi aí que me desgracei duas vezes.
- Olha, a velinha dá cheiro?
- Não... só a plástico, a luz é uma lâmpada.
[Primeira]
- Ah... e não sobreaquece o telemóvel?
- Mas tu achas que é uma vela a sério, com fogo?
[Segunda]
- ...
- ...
- Ai, não é?
- ... não...

 


* Não sei por que é que NMPPI

Sem comentários:

Enviar um comentário