Convocada para estar presente numa reunião com o homem do gabinete sem janelas, que toda a gente da minha família (a qual, conforme é sabido, é algo numerosa) — menos eu — já conhecia, entro e a primeira coisa em que reparo — fora o facto de não haver janelas, não sei se já disse —, é que ele tem um braço mais curto do que o outro. Terminada a reunião, comento com quem me acompanhou que não sabia que o homem tinha uma assimetria nos braços, e vá que não fiquei muito espantada que a minha companhia não tivesse em tal reparado, pois que é distraída, pois também que o assunto que nos levava ali era de maior absorção para ela do que para mim. Chegada ao lar, faço uma alusão ao facto, e não é que os restantes elementos da prole — um dos quais jogou à bola durante anos com o referido — me garantem que nunca deram por nada? Pessoas, eu estou a falar de uma diferença de vários centímetros, tendo em conta que o braço esquerdo do homem está em permanente ângulo de noventa graus. Qualquer coisa de evidente, que salta e pula à vista desarmada. Porém, explicações para semelhante mistério, já equacionei N:
1. Vi mal. Estive com ele à frente cerca de meia hora, mas foram trinta minutos de ilusão de óptica/ delírio/ alucinação;
2. Ele estava com uma cãibra ao nível do cotovelo, perfeitamente indisfarçável;
3. O homem comprou um fato num saldo, made in Tiroliro, e o molde de um dos braços era totalmente diferente do outro;
4. O homem teve um pequeno AVC assim que me viu, que basicamente disfarçou como pôde, ou seja, mal;
5. O homem já nasceu assim e eu estou rodeada de distraídos.
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