03/07/2017

Ela fala tanto # 16

Durante o fim-de-semana trocámos miminhos através de sms, cadeia despoletada por mim, pois que me surgiu a dúvida sobre o seu mapa de férias, e digamos que preciso de me organizar: também terei as minhas, preciso de limpezas grandes de Verão, cá o lar vai para obras em breve, e etecetera. Ora, não lhe disse nada disto, mas ela sabe que, chegado o bom tempo, é também tempo bom para lavar, arejar, limpar e arrumar. Fiquei a saber que [oh!] as férias de madame La Sandra começam no próximo [tão próximo!] dia 17. Vá que paniquei, mas também, e mais uma vez, não disse nada. Ainda estarei em Lisboa mais duas semanas, enquanto ela descansa, e isto faça chuva ou faça sol, tenha ou não que, também eu, trabalhar. 
Hoje apareceu-me com as pontas do cabelo pintadas de verde [vá lá...] e a coxear. Parecendo que não, ambas as coisas têm a sua correlação, quanto mais não seja pelo grau de irritação que conseguem provocar-me, logo a uma segunda-feira de manhã, que é, como sabem, o pior horário da semana (ex aequo com o final da tarde de domingo). [Qualquer dia, tatua-se.] [Se é que não se tatuou já, mas não está à minha vista.] [Qualquer dia, tatuo-me eu.] [Puxa, será que umas estrelinhas no interior do pulso, à artista de Hollywood, ficariam muito Zona J?]
Mais uma vez, não disse nada. Resolvi ignorar tanto o verde como a coxa. As clubites e a chantagem emocional também andam ex aequo entre si para me atirar para os pináculos da irritabilidade. 
Cansada da minha indiferença — que creio que interpretará como burrice da boa —, fez que encontrou uma ceninha invisível no chão, para poder baixar-se e apanhá-la de lá à minha frente. Apoiando uma mão na parede, semi curvou-se para, com a outra mão, apanhar do chão ótever. E gemeu. E eu muda. Até que lhe saiu tudo:
- Tenho aqui uma dor, mal me posso mexer, dói-me tudo até cá acima [rolling eyes], isto foi ontem, a tirar o carrinho das compras do carro, dei um jeito às costas, que fiquei assim parada na rua [e exemplificou], parecia uma velha, até disse à minha irmã, "Ai, ó Tânia, já não consigo sair desta posição" [mas parece que conseguiu], a ver se hoje vou à SAP tomar uma daquelas injecções que tratam tudo e amanhã já devo estar um bocadinho melhor.
Depois fui para o supermercado, trouxe o equivalente a vinte quilos de compras [true-true, só em leite foram 16 litros], e é óbvio que alombei com tudo até à cozinha, não fosse ela ter que tomar duas injecções em vez de uma só, lá na SAP. 

[E sim, baixa-me a fascizóide quando me lembro que ela vai laurear a pevide no dia 17, mas não lhe faltará o ordenado por inteiro, nem o subsídio, enquanto aqui a pessoa humana fica a substituí-la a custo zero.]
[Spinning eyes. Ou melhor, este — :(]

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