26/08/2021

A mim dá-me revolta

fazer uma compra e ter que pagar a embalagem/ saco/ envelope (caso dos da farmácia), mesmo que de papel, ou melhor, na hipótese de os trazer comigo, ter que esse coisinho fazer parte da minha conta, "porque eles agora exigem". Por eles entenda-se a boa da ASAE.

Até parece que as embalagens não fizeram sempre parte do preço dos artigos. Só quem não faz compras regularmente é que não sabe que uma lata de salsichas custa menos do que um frasco cheio delas com o mesmo peso. E que, por exemplo, se a compra for de uma peça de roupa, a porra do saco já estava mais que incluída no preço da compra. Não será uma ingenuidade acharmos que o retalhista paga as embalagens que fornece, e não é sobre a cabeça do consumidor final que rebenta sempre a bomboka?

Ou seja, agora pagamos o saco duas vezes: uma, no preço do artigo, a outra sobre a conta final. Parecem os idos tempos em que eclodiu o IVA, e em que chegávamos ao balcão e nos acrescentavam o valor do imposto. E até sabíamos que esse valor já estava contemplado no preço final, só que o acrescentavam de novo aquando do pagamento. Ou seja, pagávamos (X + 23%) + 23%. 

Assim como agora pagamos (X — sendo que X = dobro do preço que o comerciante pagou ao fabricante — + 23% + € 0,5) + 23% + € 0,5. Uma merda cujo "valor" começou em 5, é vendida por 10 + 2,3 + 2,3 + 0,5 + 0,5, ou seja, por 15,6.

(Aquela indelével e insondável sensação de que este raciocínio pode estar inquinado.)

Gatunos.

Hoje comprei uma peça de roupa. A funcionária — que já estava azeda comigo desde que entrei na loja, oh, karma! — perguntou-me se era para oferta, disse-lhe que sim, então questionou se queria um saco,

Não, se tiver que o pagar. Qual é a alternativa que tenho?

Uma caixa. São 35 cêntimos.

E que alternativa tenho eu, se não quiser pagar a caixa?

Temos sacos por 25 cêntimos e sacos por 50 cêntimos.

E, caso não queira levar nenhum dos três, levo a camisa debaixo do braço?

[Sobrancelhas olimpicamente elevadas até à raiz do cabelo.]

Saí da loja com a caixa na mão. Como se a loja não tivesse todo o interesse em que eu andasse pelo shopping a pavonear a marca. Deviam pagar-me para isso, isso sim.

O senhor da farmácia contou-me que os sacos/ envelopes que distribuem pelos clientes com os medicamentos/ cremes/ chuchas e outros artigos de diversão, lhes são oferecidos, mas têm que, obrigatoriamente, por lei, cobrar um cêntimo por cada um. Por uma questão de princípio, saí de lá com a escova de dentes e as hormonas na mão, pois não cabiam na minúscula malinha que agora uso.

(Para combater o desperdício, dizem eles. Qual desperdício, se até a medida de proibir os sacos de plástico, que havia de ter entrado em vigor no dia 1 de Julho já ficou em stand by?)


6 comentários:

  1. Minha querida amiga...
    Sabes a melhor de todas? Compra um carro. Novo, zero quilómetros. Paga imposto automóvel sobre o valor do carro. E depois paga IVA sobre o valor do carro + imposto automóvel. Chama-se a isto dupla tributação. É proibido, de acordo com todos os regulamentos nacionais e da união europeia. Mas também é obrigatório cobrar iva pela transacção e esta transacção só é feita depois de cobrado o imposto automóvel. Logo... dupla tributação. Porque dá jeito ao Estado...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olha, se o comprar, ainda exijo um saco de plástico para o trazer para casa :D

      Mas repara, neste caso, as Finanças nem sequer se responsabilizam pela cobrança dos sacos. Como se [andássemos cá todos a dormir].

      "A ASAE é um serviço da administração directa do Estado dotado de autonomia administrativa, na dependência hierárquica do ministro que tutela a área da economia."

      O responsável pela cobrança é um, o dono do cofre é outro (sempre o mesmo) pelo que, naturalmente, recebe os proventos.

      Ainda não percebi muito bem a caminho do que é que vamos.

      Eliminar
  2. Voltei às malas do tempo em que macaquitos eram pequeninos e tinha de sair de casa carregada de tralha. Noutro dia consegui comprar uns ténis, 3 bikinis, 2 calções de banho e enfiar tudo na mala. Estou ctg, também não pago chulices!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Dá-me sempre a sensação de que o legislador nunca foi às compras. Já com a regra dos sacos pagos foi a mesma coisa. As grandes superfícies "resolveram-nos" o problema com aqueles sacões onde cabe uma pessoa, mas que têm zero arrumação. E depois são oito ou dez quilos em cada ombro. Tenham dó.

      Eliminar
  3. Já tive uns bons “bate papos” em lojas devido aos sacos. Se é para comprar quero um sem publicidade, se querem que eu faça publicidade à paguem-me a mim. Lá quero ser uma “ influencer ó coisa” que o valha, pindérica?!
    Se não tenho sacos sem a marca não pago e não levo a compra e “entrego-me” ao online.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Tal e qual. Embora eu continue a achar que o argumento principal, nisto, é a desde sempre inclusão do preço do saco em todos os artigos. Passa pela cabeça de alguém que o lojista comprasse sacos a um fornecedor e não fizesse o consumidor final pagar por eles? Mesmo no online, quando pagamos portes, estamos a pagar o selo e a embalagem...

      Eliminar