13/07/2015

À beira de um esgotamento dos temas

Eu sabia que um dia lhe ia dedicar um post inteirinho só para ela. E ela também o ansiava, roendo as vinte unhas.
Sabia ainda que só o escreveria num dia de alma vaga, em que todos os assuntos, com mais ou menos interesse — especialmente os de menos e os de somenos — estivessem esgotados, até à infinitésima parcela de pó, em que nem acerca de mim me apetecesse falar, ou seja, quando estivesse à beira de um esgotamento, que, neste caso, fosse dos temas.  
É hoje. Vou entrar em modo confissões íntimas.
E desengane-se quem julgue — julgando, condenando, crucificando — que daqui vão sair confissões íntimas de uma senhora de idade, como promete, ameaçando, a apresentação do meu buraco. Essa parte, salto, com pulinhos de gazela, iuhu, so long, gay boys. Para além de um pé maior do que o outro, que já disse, e de ambos serem chatos (não como a potassa, mas só chatos, planos, lisos, sem curvas, ao contrário de tudo o resto em mim), ainda não há o joanete a assinalar, apesar de andar montada em saltos altos desde que nasci, vá-se lá perceber esta genética do genital que me calhou na rifa. 
Pode ser por aí — a ausência de joanetes que ela me adivinha — que minha anónima me odeia.
Elas são três, na realidade virtual em que se movem. 
Mas duas delas não contam. Parecem o tiroliroliro e o tiroliroló, cada uma em sua ponta do país, juntam-se as duas à esquina que pensam ser Lisboa, numa confusão qualquer avec les filles qui font le trottoir e aliam-se em desdobramentos que já me cansa repetir-lhes que sei que são elas. Ele é avatares, ele é blogs, de tudo têm inaugurado em minha homenagem para me sarnar. Devia sentir-me lisonjeada, mas é que não. Estou cá muito em cima dos meus sapatos para perceber os meandros da cabeça de duas senhoras com idade para terem juízo.
Mas hoje acordei com vontade de afagar o ego e mais nada à outra anónima, que eu despedi do meu espaço como uma senhora que sou (estou sempre a dizer as mesmas coisas, pareço um mentiroso compulsivo). Agrilhoando a besta que me habita a espaços, lá para as catacumbas do meu fel, pu-la, aos pulos, fora de casa, quando na vontade animal me ia enfiar-lhe um coice nos dentes, gritando ao mundo o seu diabólico nome blogobólico. 
Resolvi, assim, o meu assunto-não-assunto. Mas não resolvi o de outras pessoas com quem convivo, ora aqui, ora fora daqui. De vez em quando, lá a vejo, feliz e contente, a largar umas coisinhas nas caixas de comentários de vários blogs. De vez em quando, alguém dedica um post a anónimos, e lá vai ela, com o seu avatar, dar a sua opinião, depois de ter largado caganitas anonimamente. De vez em quando, lá me volta a vontade de ir ao blog dela arreganhar-lhe os dentes (já disse que são 28? E que são brancos como a neve? Foi a genética, don't ask).
Mas não me mixordo. Mais do que isto que acabei de fazer, é mixórdia. Com E, na sílaba tónica.

6 comentários:

  1. Respostas
    1. Oi.
      Se fosse para dizer quem é, já constava do texto...

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    2. Pronto, tens razão :)
      Sei lá, fiquei espantada por saber q há quem te "atormente". Já no outro dia a uva comentava q tinha um anónimo de estimação, e eu nunca vi os vossos blogs como alvo p essas pessoas.

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    3. :)
      Mas é que nem eu! Somos duas iluminadas, bem intencionadas, que só esperneamos quando nos pisam a pedicure acabadinha de fazer, mas oh raça maldita...
      Olha, mas também te posso adiantar que a que a atormenta a ela é a mesma que me atormenta a mim. Esta convicção ninguém me tira. O padrão é sempre o mesmo.

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  2. Companheira, há muita gente sem noção :)

    Ps - Sempre vens "cá cima" em Julho?

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    1. E soma e segue, Companheira :)

      PS - Mais para o final do mês. Mas digo-te com antecedência, of course! ;)

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