22/01/2017

Diálogos à sombra # 26

Nós, a vermos lojas. Aproveitamos a época de saldos para ver, mexer, experimentar, apreçar, apreciar, concluir que não cabemos em tamanho nenhum. Tudo gigantesco. Parece que só se vendem tendas militares e para-quedas e barracas da praia, o pano é um nunca acabar, dá para mangas e punhos, e colarinhos, e bainhas, e ainda sobra para um alongue da tenda. 
Vejo um casaco bonito, abotoado à frente, estreito, e que termina acima do joelho. Não consigo definir-lhe a cor, provavelmente porque é azul, e é de azul que eu gosto, mas confundo com várias outras. Então, peço-lhe:
- Diz-me, por favor, de que cor é este casaco.
- Azul. O que é que tu vês? Vais dizer amarelo, ou roxo, como já disseste de outras vezes?
- Roxo, sim. — Quase minto, pois também vejo qualquer coisa acinzentada. — Mas diz-me, não pode ser preto?
- Não, preto é o que tens vestido. Compara lá.
Comparo, sim. Vejo o contraste.
- Vais levá-lo?
- Não, não gosto muito da cor. 

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