07/07/2018

Tantas vezes nos despedimos


mas nunca dissemos adeus. Nem daquela última vez, em que lhe senti o cheiro a mãe na pele branca e lisa, e me encolhi nessa certeza. Morria-se há tanto, desvanecendo-se, esfumando-se, dissipando-se suavemente. Não me morreu. Tenho-a nas árvores, tenho-a nas flores, tenho-a nos cheiros e nas cores do ar, tenho-a nos pássaros, tenho-a em todos os tons do Alentejo, tenho-a comigo nos fados, Pomba branca, pomba branca, já perdi o teu voar, tenho-a no meu reflexo, tenho-a toda dentro do coração - pequenina, e enorme.