28/10/2015

Eu já não precisava de desculpas para lá ir

(Post não patrocinado. Minha gente, no dia em que me patrocinarem um post, eu prometo que faço um alarido tal, que todos ficarão a saber que me estão a pagar para escrever — oh, sonho quase erótico! — e quanto me estão a pagar, bale?)

Smöoy das Amoreiras. Eu tenho uma ligação uterino-umbilical-visceral com as Amoreiras, por tê-las visto nascer, pedra sobre pedra. Sinto-me quase parteira das Amô. Obstetra.
Quem se lembra, sabe que, no Verão passado, fiz uma espécie de Rota dos Iogurtes Gelados de Lisboa. E que provei todos os que conhecia. 
O Smöoy não é o melhor (nem eu cheguei a decidir qual deles era), mas é, de longe, o que mais me seduziu, com suas curvas geladas, para continuar a consumir desalmada, descarnada e descaradamente. É, portanto, o meu dealer, o que me drogou, o que me viciou irremediavelmente. Sinto-me sempre capaz de atravessar a cidade toda para ir até lá, só para comer um iogurte gelado. Estoiro em gasolina e parque e recebo em troca mais uns graminhas no lombo, regalada e inculpadamente. 
Barato, não é, nem o Smöoy, nem nenhum. Um copo médio custa 3 euros e leva 2 toppings, mas eu preciso de mais. Às vezes tenho sorte. Já lá apanhei o gerente de loja, que engraçou comigo e com esta velha mania de contar a história da minha vida quando chego à caixa para pagar, e me ofereceu o terceiro topping, já apanhei um funcionário catita que me ofereceu um vale para topping extra, enfim, oferecem-me coisas. Isto, de duas, uma: ou estou muito gorda e eles vêem que eu sou de muito alimento, ou estou de uma magreza ostensiva (haha, magreza ostensiva é tão bom), e eles querem alimentar-me. Também pode dar-se o caso de ser contagiosamente simpática, ou eles apenas bons vendedores. O importante é que me dão sempre mais do que eu peço, à força de leves bateres de pestanas, ou, como diriam os americanos, eyelash power.
Desta vez, calhou-me um empregado que me desviou do bom caminho que eu estava a trilhar, na direcção do copo dos 2 toppings, e me convenceu a consumir o novíssimo combinado explosivo (adjectivação minha), que leva 2 iogurtes e 4 toppings, por apenas mais cinquenta centiminhos (que é o preço de apenas um topping extra). Vai a parola, fascinada, e pede o impensável: base de iogurte natural, romã, amendoins e conguitos, camada de iogurte de melão e molho de leite condensado (a que eles chamam chocolate branco).


Foi horrível. A passagem melão + chocolate branco foi qualquer coisa digna de só ser suportável por um fígado muito calejado. Mas eu aguentei firme até ao fim, apesar de dois ou três brain freezes que tive entretanto. (Acontece-me muito, quando estou a comer comida gelada, não só ficar com a fala comprometida por me gelar a língua e paredes adjacentes, como também por se me regelar o crânio.) O rapaz, por sua vez, estava tão fascinado com a minha teoria de que "Isto é tudo para misturar no estômago, tanto faz se combina cá fora ou não", que nos disse, a mim e às brasas que me acompanhavam, "Quero vê-las cá para a semana!", oferecendo-nos outro selinho de topping extra. E eu "Ai pode ter a certeza!", já a imaginar o novíssimo combinado explosivo, mas com 5 toppings, todo a derreter-se para mim. Ainda mando deitar-lhe marshmallows, ou outra coisa igual e insuportavelmente enjoativa. Há que testar os nossos limites.
Fiquei encantada com o que dizia nas costas da t-shirt do rapaz, e, por isso, pedi-lhe que me deixasse tirar-lhe uma fotinha, para vocês verem. Na verdade, esta é a única parte que interessa, neste post todo.



10 comentários:

  1. Ai de ti que algum dia fales mal das Amoreiras.

    (Um pouco de História, vá: http://goo.gl/zmDDrD)

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    1. Eu não! De entre outros motivos, tenho muito respeitinho ao senhor arquitecto...

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    2. O arquitecto é senhor respeitável, mas nada que se compare com o link acima, se bem que me enganei e o ultimo "D" é minúsculo e não maiúsculo.

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    3. Ah, daí que dava página errada!
      Aqui do chico não consigo fazer esse exercício de substituição do D...

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  2. Copy daqui, paste no browser, e substituis a ultima letra.

    A propósito, repara no título do post. As meninas do arquitecto também ficavam com lágrimas no olho. Do c*.

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    1. Eu, por acaso, acho que sabia essa. Mas encontrava-me na rua, a gastar dados, e quis poupar, que queres?

      O meu título é puro.
      Ai ficavam? Olha as fiteiras.

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    2. O título do post do meu link, balha-me deus...

      Andas na rua a lindas horas, tu!

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    3. Olha, estou pior.
      Já fui espreitar. Fiquei bastante sensibilizada. Não conhecia aquela realidade. Eu criei-me ali tão perto, de um espaço tão santo...

      Fui-me cultivar. Mas já estou em casa, tá?

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    4. Santo, não. Glorioso!

      O que se cultivam são os tomates, tá?

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    5. Santo, à sua maneira. Santo.

      E qualquer hortícola ou frutícola...

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