01/09/2018

Avenida de Roma, meu amor # 5

Foi um dia uterino, aquele. Fazia anos — dezoito — que tinha nascido o meu último filho, último da cadeia cadenciada de quatro, último (amor) da minha vida, o mais pequenino, a deixar assim de o ser, feito maior. Sem aviso prévio, sem autorização, sem recurso de apelo nem de agravo, diante da minha incredulidade derretida. 
Quis o destino que fosse à Avenida de Roma buscar o bolo de anos dele, quis o acaso que ainda não estivesse pronto, havia querido na véspera a sorte que tivesse ficado a saber em que casa, concretamente em que número, fui concebida, naquela avenida que calcorreei vezes que não contei durante toda a minha adolescência. Diante da possibilidade de esperar um bocadinho, preferi meter-me ao caminho, percorrê-la mais uma vez, e ir .
E lá estava ela, sólida, intacta, a porta da minha fundação como gente, eterna enquanto eu também o for, indestrutível como este meu amor.


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