16/08/2014

Estamos nessa, Vanessa

Uma pessoa dá-se uns dias de descanso. É das poucas vantagens de se ser trabalhador por conta própria. Pode ser-se capataz e patrão fofo para si mesmo, numa relação muito autista. Eu dei-me uns dias.

Faz parte do meu desopilanço mental ver trash TV. Já expliquei isto vezes que cheguem para não ser apelidada de oca e fútil. Mas vá, sou oca e fútil, eu dou o corpo às pedras, adoro.

Antes de me elevar da cama e, aí sim, fazer qualquer coisa de útil, como ginástica, parei no canal CM TV. Estava no programa Flash Vidas e quatro pessoas dissertavam acerca da capa da revista TV Guia desta semana.


Eram quatro pessoas, de entre as quais "reconheci" a Maya, aquela taróloga (?), um senhor que é comentador desportivo e tem voz de lobo porque fomenta o seu próprio cancro da garganta e o dos pulmões dos outros, uma apresentadora que não me apetece ir ver quem é, e o "jornalista" que fez a "reportagem" da dita "revista", acerca da Vanessa Martins, seja lá ela quem for.

Estas quatro pessoas clamavam em uníssono que não é possível alguém ter um apartamento de x (três digitos) mil euros, roupa cara, carro bom, empregada, e não fazer nada na vida (enquanto se passavam imagens da tal Vanessa a desfilar fatos-de-banho, ie, a trabalhar, e um deles piava, timidamente, que a mesma senhora é detentora de uma agência de publicidade. Ou seja, não trabalha, segundo os cânones dos quatro desocupados). 

Estas quatro pessoas clamavam em uníssono que uma pessoa, chamada Vanessa Martins, não trabalha, enquanto elas próprias dedicam as suas vidas a... eeerrrr... comentar que há pessoas que não trabalham.

Mas o pico da maravilha jornalística aparece no conteúdo da tal revisteca:


"Essa Vanessa [reparai no pejorativo do pronome demonstrativo] tem clientes angolanos, caça grossa". 

Leões. Elefantes. Gnus. Girafas. Todos os bichos grandes do filme "O Rei Leão". Safam-se os suricatas, talvez as hienas, e aquele passareco, o Zazu.

Vou acabar este post, que já me fartei e não tenho mais nada para dizer. Sei agora que não posso desopilar com um programa qualquer, porque sou uma pessoa sensível. E acuso a CM TV de não pôr argola vermelha em programas deste tipo, em atenção a pessoas como eu.

Quanto à Vanessa, nem quero saber se é verdade ou não que faz acompanhamento a senhores carentes e rebarbados. Mas, se a opção é trabalhar nove horas por dia, acrescentadas com o trabalho todo de uma casa em cima, nem que seja por "apenas" onze dias seguidos, para ganhar uma caganita, acredita, filha, eu percebo-te e até te apoio. É menos indigno que isto e os tempos não estão para frescuras.

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