16/11/2021

Bonita, bonita, era que este dom me servisse para alguma coisa

Estou necessitada de um golpe de sorte. A minha estabilidade, o meu equilíbrio e até a minha felicidade dependem, neste momento, de uma resposta que está para me ser dada nos próximos dias. Ando numa pilha de nervos, num credo, num ai Jesus de dar gosto ao diabo. Não fora ser uma senhora e não fazer essas coisas, e já estaria desintegrada em estrume daquele altamente fertilizante, pardonnez-moi o grafismo e a gráfica desta singela e escatológica imagem.

Hah. 

Sempre fiz apostas comigo mesma, desde que me lembro de existir como gente. Sei que não sou a única, o que me conforta, pois, embora isso signifique que não sou nenhuma pérola irrepetível, dá-me também a ilusão de não ser uma bela aberração. Lembro-me, por exemplo, da Dolly do Hello, que pediu um sinal ao falecido para que lhe desse a anuência quanto ao casamento com o Horácio. Percebem o raciocínio?

Assim, estava eu na fila única do hipermercado, e, sem ter olhado para as caixas — isto é fundamental para se entender o contexto —, apostei assim: “Se eu for chamada para a caixa 21, é sinal de que a notícia que aguardo será boa”. [As caixas são para aí trinta e cinco.] Eu gosto do vinte e um por egocentrismo e superstição, nasci num dos doze do ano, e deixem-me. Deu-se então a minha chegada ao primeiro lugar da fila, e, ao olhar para a 21, verifiquei que a operadora ainda estava a receber o pagamento de uma pessoa e havia uma outra à espera de ser atendida, com as compras já no tapete. Arrependida, um pouco zangada comigo mesma, quase furiosa — porque tanto acredito nas minhas perguntas como nas respostas que o cosmos me dá —, ainda pensei em desfazer a aposta, “agora não vale”, à pita da escola, “não vale salvar todos” no jogo das escondidas. (De resto, nunca percebi essa cena de salvar todos, uma batota como outra qualquer.) Estava eu mergulhada nestes pensamentos, prestes a afogar-me neles, quando o altifalante chama: “Caixa número vinte e um”.

(Foi uma alegria tão grande que paguei a despesa de um rim que lá deixo praticamente todos os dias sem um pestanejar de rímel, toda eu risos e simpatias para a funcionária. Não presto para nada.)

Desculpem, mas isto não é altamente científico?


7 comentários:

  1. Eu também faço apostas comigo mesma.
    Vou a andar e penso: se até à proxima passadeira ultrapassar determinada pessoa vai acontecer .....
    E outros pensamentos altamente cientificos...

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    1. É tão estranho, não é? Será que isto é algum transtorno? É que me lembro de fazer isto desde sempre. Antigamente, ainda tinha a desculpa de ser demasiado nova para perceber que esta "bruxaria" não existe. Mas e agora, que desculpa me resta?

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  2. PrimeiroS, um brinde às boas notícias.
    E, muitos PARABÉNS à "mainova".
    Feliz Ano Novo! :)
    Beijinhos Blue

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    1. Não vieram, Té. Mas darei a volta, com certeza. Obrigada, ainda assim.
      Tu não me digas que te lembraste :) Obrigada, outra vez.
      E mais um obrigada!
      Beijinhos :*

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    2. Blue, a verdade é que me lembrei... :)

      ...

      Não sou lá grande coisa com as palavras...às vezes custam a sair...hoje deixo-te apenas o meu sentido e forte abraço. <3

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  3. eu acompanho normalmente em silêncio e vou continuar a acompanhar e a ler e vou estar a torcer
    um abraço
    Gábi

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    1. Consegui, finalmente, aceder aos comentários do blog.
      Obrigada, Gábi. Um ano feliz e um beijinho.

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