14/07/2020

And that awkward moment # 59

(Isto para chegar à conclusão que a estupidez se contagia, muito mais do que lá o vírus.)

Está a pessoa humana a proceder ao pagamento de uma vaidosice, coisa pouca e pequena, que responde pelo pomposo de top coat, tipo sobretudo, ou melhor, gabardine, mas aplicável às garras, que esta nova mania de alcoolizar as mãos a cada esquina tira todo o brilho e glamour ao verniz, opacando-o implacavelmente como se lhe houvesse caído uma nuvem de desistência e fim de festa em cima, e deu-se que o valor a liquidar era um desses a que sói chamar-se “preço psicológico” - quatro euros e noventa e nove cêntimos -, o que até pode ter sido determinante para o que ocorreu a seguir. Vou de estender uma pobre nota de dez euros e a caixeirita dá de me questionar a seguinte aleivosia:
- A senhora, por acaso...
[por acaso, por coincidência, por sorte] (façamos já um rolling eyes comunitário antes que isto descambe mais)
- ... não tem os 99 cêntimos?
A senhora em questão muito obtusa, 99 cêntimos... 99 cêntimos...? Mas para que é que ela quer 99 cêntimos?
Sinceramente, o cerne do problema deu-se quando aqui a desvairada desatou a procurar cascalho no porta-moedas, ao invés de perguntar à outra que genitais de troco é que pretendia efectuar com o raio dos 99 cêntimos. Mas é sempre isto, nunca perdendo a fé na Humanidade, cheia de boa-fé (passe o pleonasmo), a boa vontade, a boa índole, depois de muito somar lá nos fundilhos do mealheiro, anunciei, regozijada:
- Tenho 98 cêntimos. Ou então, um euro.
E ela hesitante, repuxando pelas pontas de um qualquer raciocínio esdrúxulo:
- 98 cêntimos não dá. Um euro...
E eu exangue, alarvemente curiosa:
- O que é que está a tentar fazer?
Ela de boneca parada, pôs finalmente a máquina a fazer a (inalcançável!) conta, e entregou-me uma nota de cinco euros e uma moeda de um cêntimo.
Depois perdi a fé. A boa e a má.





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