02/10/2019

And that awkward moment # 57

em que me dirijo ao quiosque-café-esplanada, que até deve ser também restaurante, bar, e, soube-o ontem, discoteca e micro Hyde Park, ou não fora uma das funcionárias se encontrar na zona da despensa do mini cubículo, a dançar uma dança sensual qualquer, tipo do varão, mas sem o dito, e haver um senhor, sentado na relva, a discursar chorrilhos contra o Governo da república portuguesa e outros que tais, que tanta náusea e vernáculo lhe instigavam. 
E então, solicito à gaiata que está atrás do balcão — não à que dança, a essa não ia interromper a manifestação artística — um "pão com queijo", mal suspeitando eu que iríamos iniciar o proveitoso diálogo adiante registado.
- Pão com queijo, não tenho.
- Tem, sim, que ainda a semana passada aqui comi um.
- Não temos. - Generalizou a um problema da empresa. E sorriu, tonta.
Dirigi-me então à pequena montra e mostrei-lhe O pão onde poderia, sei lá, na loucura e por absurdo, colocar uma fatia de queijo. 
- Ah, esse pão é para as sandes de queijo. 


Bloqueada. Desiludida.
Deslarguem-me. Desenervem-me.

- Então, é isso que quero.
Depois pus-me a pensar e achei preferível fazer a destrinça entre sandes e pão com.
- Qual é a diferença entre uma sandes de queijo e um pão com queijo?
É que também acredito naquilo do aprender até morrer.
Mas sorriu, a tonta.
- Não sei...
Olhem, eu é que não sei. E também não fiquei a saber. Sei que já tive aquela idade há cerca de milhares de anos, e nunca fui tão tolinha.
Devo ter perdido alguma coisa pelo caminho.

18 comentários:

  1. Agora também me sinto perdida. Nesse sitiozinho servem pão com manteiga ou só sandes de manteiga? Que canseira :D

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    1. Bem visto, Izzie :D
      Eu tenho muito medo de lá voltar e não saber fazer-me entender. Acho que digo “queijo”, como no Trivial, e espero pela reacção.

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    2. Deve ser tosta da casa, porque pão com manteiga levam os meninos na lancheira, e torrada é muito last century.

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    3. Enfim, quando, na verdade, põem margarina, nestes lugares...

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    4. No verão, de férias em Portugal, fui levar a mainoba do neu marido a casa da mãe e paramos no shopping para comer. Como havia muita escolha, cada qual comia o que queria.
      Paro em frante aos pregos e bifanas, e peço o xpto com extra cebola. Diz a empregada com ar aborrecido, não é isso que está ali. Após mais meia dúzia de trocas, peço a bofana no pão com extra extra cebola, que não me importava de pagar mais... Não é isso que está ali no menu, só pode ser "como" está no menu.

      Disse obrigada e adeus, deixei lá o marido e fui encomendar à loja seguinte umas grelhadas mistas.

      O marido, veio ter comigo e comenta: isso era o que tu querias, que mudassem o menu, nem no Macdonald...
      Sim, no Macdonald mudam, respondo eu, e começamos a comentar a parvoíce da miúda.

      A moça da caixa mete-se na converse e diz: mas somos do mesmo patrão, eu quando estou na caixa mudo à vontade do cliente, ó não sei quantos (diz para o cozinheiro) estás a ouvir esta senhora?
      Conversa puxa conversa e estivemos os 4 a falar até eu receber o meu prato, acabo a dizer: eu até ofereci para pagar a cebola à parte, há sítios onde pedem +50 cêntimos ou assim, eu queria era a minha cebola frita...

      A SENHORA OFERECEU-SE PARA PAGAR E ELA NÃO DEIXOU?!?

      Foi nesse momento que percebi, estava a falar com o dono das 2 lojas/restaurantes.

      Ainda não estava sentada na mesa a comer e já a moça estava a ser retirada da caixa...

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    5. Isso só pode ser o resultado de uma má formação profissional, que obviamente a entidade empregadora não dá, ou salários tão irrisórios que só se contrata mão de obra não qualificada e depois cada um faz como lhe dá o vento!
      :)
      Se calhar, agora fui um bocadinho política.
      Mas é que eu, enquanto consumidor, sou sistematicamente atendida por pessoas que só estão bem aonde não estão...

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    6. Independentemente de tudo o que possa ser, foi falta de brio profissional, coisa cada vez mais difícil de encontrar. Além de estar com cara de "toda a gente me deve e ninguém me paga", enquanto estive a falar com ela a tentar que me desse a cebola frita, tive direito a pelo menos 2 revirar de olhos, uma falta de educação enorme

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    7. Eu sou mestra em encontrar esse tipo de pessoas. Por alguma razão, ficam irritadas quando me vêem entrar. Às vezes até acho que tenho ar de quem não pode pagar a despesa. Grande parte das vezes, ignoro (vezes a mais), outras vezes apanham-me na hora da cabra e levam uma marrada.

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  2. Se a moça era brasileira pode ter confundido com o pão de queijo, aquelas bolinhas :)

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    1. Portuguesíssima, flor!
      Ai, do que me foste lembrar... Há um balcão mais ou menos porco na estação de metro do Campo Grande que tem cá umas bolinhas...
      :P

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  3. Se a estupidez fosse mensurável, essa batia recordes!

    Beijinhos sem registo ***************

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    1. Sou eu que atraio, sabes? E a Lei da Atracção diz que tu atrais o que és. Agora pensemos.

      Beijinhos pensadores :*

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  4. Lembrei-me de uma história que o meu pai me contava quando eu era criancinha:
    Um Sr ia a uma pastelaria e pedia uma sandwich de fiambre sem manteiga.
    O empregado responde: manteiga não temos, pode ser sem margarina?
    Continuo a achar graça.

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    1. Ana, acredito que essa se passou mesmo. Assim como acredito que excesso de convívio humano pode fazer fritar as sinapses: pessoas que lidam com demasiadas pessoas por dia, bloqueiam ali qualquer coisa que a informação básica se desvanece toda.
      E tem graça, sim :D

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  5. Opá, por vezes damos com estas aves raras e é mesmo de baralhar a cabeça de uma pessoa...
    Deus nas as vai conservar assim para sempre.
    O triste é elas preferirem manterem-se assim.

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    1. E nem acredito que vá para casa estudar a questão, que é como quem diz, ao menos pensar nisso dois segundos para que não repita o erro. Vai voltar a dizer a mesma coisa à próxima excêntrica que lhe peça um pão com queijo.

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  6. O grave aqui é que eu não acho que a moça seja um espécime isolado, de todo...

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    1. Claro que não, Me. Aqui o espécime raro são as doidas como eu, que pedem pratos com nomes estranhos ao balcão :D

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