17/12/2018

Dicas para a aquisição da prenda perfeita para o "amigo secreto"

Em primeiro lugar, tenho a declarar, antes que me esqueça, que faço sempre um enorme esforço de memória — coisa para me provocar copiosa sudação — de cada vez que quero proferir esta expressão, amigo secreto. Não sei porquê, simplesmente baralha-me uma sinapse qualquer, vem-me à cabeça tudo menos o modo como é comummente designado o tal amigo. Ora lhe chamo amigo anónimo, ora lhe chamo amigo escondido, ora lhe chamo amigo desconhecido, até já me ocorreu soldado desconhecido. É toda uma amálgama de nomenclaturas que até dói na alma.
Bom, mas não era a isto que eu vinha. Acabei de adquirir uma lembrança amiga lá para o secreto, e então tive estes flashes de boa conselheira, para ver se, de uma vez por todas, todos acertamos na mouche, que é como quem diz, no coração do amigo a quem vai calhar na rifa a nossa prendinha.
Então:
1. Em primeiro lugar, deve ser uma prendinha, pequenina, tanto no preço como no tamanho: para caber no bolso e, caso haja uma (in)decisão de última hora, de não haver troca, podermos tê-la escondida, desconhecida, secreta; E deve ser pouco onerosa, precisamente porque nos vai calhar a nós algo que foi oferta da revista que vimos à venda o mês passado, ou um dos tais Pyrexes dos quais eu já tenho a colecção quase toda, valha-me que tenho uma família numerosa;
2. Deve ser, em consequência de 1., uma coisa qualquer que também nos sirva a nós, para o caso de voltarmos para casa com ela;
3. Não deve ser tão pouco original como uma caixa de chocolates, uma vela, um saco de potpourris. Já ninguém aguenta. Mais vale um frasco de pickles, com uma etiqueta a dizer "gourmet", mesmo que escrita à mão, que sempre dá um ar de home and self and hand made;
4. Deve ser qualquer coisa tão insignificante, que quem recebe se esqueça, até à noite de 24, do que recebeu, e constitua, assim e por isso, uma verdadeira surpresa aquando da abertura dos pacotes [mau]. E não só não se lembrará do quê, mas também de quem ofereceu. Aquela típica situação de "De quem é isto? Tem aqui o meu nome, mas não sei quem deu esta...";
5. Deve, sobretudo, e em last, but not least, ser algo que quem recebe possa dar a qualquer pessoa daquelas que surgem à última da hora e sem aviso, numa de "passa a outro e não ao mesmo".

4 comentários:

  1. Antes pirexes que: Sta Teresinha, Sto Onofre, Sta das Dores e de Fátima, Sta dos pobres e combalidos, Sta Rita. Gaita, que já me irrita.
    É que não gosto de santos nem santinhos de papel, muito menos de caco, e depois, que fazer com aquilo, será que é pecado ter um acidente? não tenho lata para passar isto à frente. Saí uma caixa de papelão, o sótão ainda não está cheio.

    Boa noite, LB
    Para si, a prenda sou eu, não lhe aqueço nem arrefeço, passo e ofereço-me, em modo virtual, desta forma não destoo em nenhum ambiente nem decor :-)

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    1. Credo, tanta Santa, uma pessoa até se benze! Eu não recebo nada disso, longe vai o tempo dos e-mails com PowerPoints e das mensagens santinhas. Recebiam sempre a mesma resposta, de modo que desistiram.

      Boa noite, noname.
      Quais não aquece nem arrefece! Pois fique sabendo que prezo muito quem cá passa e deixa a sua santa palavra. Aleluia, irmã! :D

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    2. Ahahahahahah léluia irmã

      Os santos não chegavam por e-mail, eram essas prendas escondidas, secretas, ocultas ou do oculto, já pensava eu.

      Boa noite

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    3. Também tive um, de oferta inesperada, que juro que já não me lembro onde encafuei. Acho que voou...

      Boa noite :)

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