02/02/2014

Olá, bom dia...

Pá, já me anda a dar cá nos nervicos de titi a cena do "Olá!", como se fossemos todos da mesma escola. Que merda é esta de eu não conhecer alguém de lado nenhum - a não ser, talvez, porque o infortúnio ou o acaso, o mero, aquele que é primo da coincidência, nos fez cruzar o mesmo caminho laboral, ou porque até moramos na mesma área e nos cruzamos todos os dias, ou eu até sou freguesa habitual do estabelecimento onde levo com o "Olá" - e, ao meu cortez e educadinho "Bom dia", recebo um "Olá" na volta? E quando eu ainda nem abri o bico e já estou a levar com um "Olá"? Ainda mais me irrita o "Olá, bom dia" que a pessoa que me arruma os tachos me fornece diariamente, em resposta ao meu "Bom dia, [nome da figura]". Lá porque ela também trabalha num escritório, em acumulação de funções, em que imagino que desde o administrador até ao sector das limpezas tudo se cumprimenta com uma palmada no rabo, a mim não me convence ela de que "Olá" não é mais do que uma marca de gelados e, dizendo eu um "Bom dia", se não fosse pedir muito, gostaria de receber como resposta, por que não?, outro "Bom dia". É que já nem peço que pronuncie o meu nome ou, sacrifício dos sacrifícios, um título académico, que fica tão bem nestas horas. Eu vou ao médico e não entro no gabinete a dizer "Olá", pois não? Mesmo que o médico me tenha visto nascer ou me conheça as partes pudendas melhor que eu própria. Portanto, é "Bom dia", e sem variações (a menos que tenha passado o meio-dia ou as sete da tarde), como o meu vizinho lá de cima, que pergunta sempre, sem excepção "Olá, está boa?", deixando-me a pensar "Mas porra, não é uma evidência?", mas a proferir "Bem muito obrigada. Como está?".

Estou a ficar velha, farta de excesso de confianças, tudo junto ou só uma das duas.

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