14/08/2013

Diário por palavras de umas férias que começaram quase a 5 e nunca se sabe quando acabarão/ Como a qualidade de umas férias pode ser determinada por uma cabeleira de gaja

CR continua a ditar as tendências na praia, sobretudo para uma determinada camada social. Bastou que pusesse na cabeça um tipo de chapéu, óculos de sol, depilação total (eu estou em crer que é mesmo total, não faz sentido que guarde pêlos precisamente onde eles estão tapados) e uns calções fluorescentes - demasiado curtos - que logo dezenas ou centenas de cópias surgiram no areal.

Não, não é ser preconceituosa - qualquer outro, neste preparo, levava o rótulo gay-gay-gay.

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Menos tatuagens do que na Costa mas, mesmo assim, demais. Braços e pernas por inteiro numa mulher, o horror.

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Zambujeira, terra de uma humidade que nunca dá tréguas. Até podia viver para sempre aqui. Com um cabelo de merda, mas feliz. 

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- Onde é que se vê o tamanho destes calções?
- É tamanho único.
- Então por que é que uns são a € 12,90 e outros a € 10,90? Uns são maiores que os outros?
- Pois.

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A sério. Uma pessoa pode lavar o cabelo às 7 da tarde e deitar-se à meia-noite que, garantidamente, ainda se deita com a cabeça molhada. 

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Na praia cheira-me a eucalipto. Procuro um eucaliptal e concluo que o cheiro vem dos cigarros dos jovens vizinhos de chapéus de sol.

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Um pai e uma mãe com um bebé de para aí uns 9 meses, uma piscina insuflável que ocupa a sombra toda do toldo. Pai em forma, ombro tatuado. Mãe gorda, linha abaixo do sutiã tatuada com frase em inglês sem qualquer sentido, do estilo "Fight for your dreams" ou outra merda qualquer. Divertem-se muito os dois, a tirar fotos. O pai faz-se fotografar com duas forminhas - uma estrela do mar e um cavalo marinho - nos mamilos, a cara em perfil, uma expressão afectada de diva. Mais um que já recebeu o envelope e ainda não o abriu. 

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Esqueci-me do aparelho de som em casa. Só ouço música no carro, o que me afecta largamente os nervos. O meu modo aleatório, com passagem da choradeira do "Vambora" para o "Pump it", faz-me falta. 

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Ao 8.º dia, só falta chover, ou nem isso, se considerarmos estas gotas de orvalho? capim? humidade? enfim, água, que nos atingem em todo o lado. Bandeira vermelha, não porque o mar esteja perigoso, mas porque os nadadores-salvadores não vêem um palmo adiante do nariz, ou seja, a visibilidade é de 20 metros desde a rebentação até ao D. Sebastião. Eu, por mim, estou bem. Não fora estar com cabelo de Maga Patalógica, e até gramava esta variação. Antes isto do que vento. Praia + vento = chichi e cocó e diarreia e vomitado.

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Deitei-me com o cabelo cheio de rastas, o que foi uma mais-valia na ida à feira dos rastafaris para comprar uma camisola. Os outros rastas ignoraram-me, apesar da carteira de marca e dos sapatos de salto alto. Os ciganos, como sempre, adoraram-me. Vá-se lá perceber a inclinação que os ciganos e os indianos sentem por mim. Quanto ao meu cabelo, despejei-lhe uma lata quase inteira de espuma modeladora, para ver se conseguia recuperar parte do meu ondulado. Esqueci-me da minha espuma em casa (damn it, nunca vou aprender a fazer uma mala), esta foi a primeira que me veio à mão no supermercado local, de maneira que só consegui uma aproximação das minhas ondas. Entretanto, o meu cabelo está de um indecifrável cor de cobre que eu detesto. Apanho-me em Lisboa e tinta nele, sem dó.

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Penúltimo dia. Humidade. Tenho o cabelo cheio de ninhos. Hoje podia ir para a feira dos rastas, mas para vender. Ninguém me ia estranhar.

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