11/02/2018

A minha vida sobre um esférico

(Agora sei como se sente O Principezinho.)
Meti-me numa aula daquelas da bola suíça, achando eu que era para preguiçosos, senhoras de idade ou pessoal em recuperação, e, por isso, a fazia com uma perna às costas. Enganei-me redondamente, o que é literal neste contexto: a p. da bola não pára quieta (deve ser porque é redonda), não é tão leve como parece (só quando a vamos buscar lá à estante, porque ao fim de umas quantas vezes de a termos suspensa nos braços, e-sobe-e-desce com aquilo, parece um menir), tem uma capacidade marginal para se nos escapar de debaixo que é um miminho, e, se é fácil equilibrarmo-nos sentadas em cima dela (à laia de pufe), a seguir exercer os exercícios é que são elas. (Experimentem só levantar um pé, abrir os braços e rodar o tronco para o lado do pé no ar. Uh-uh-uh, hei-hei-hei!). Depois, ele há pessoas humanas, que a minha modéstia não me deixa dizer quem, que ainda as inventam, só para facilitar ainda mais a (que parece inevitável) queda: a aula faz-se com uma banda de borracha elástica, que é para agarrar entre mãos, esticar de braços abertos, e, assim, ganhar músculo não sei aonde, mas aquilo custa um nico. A titcha mandou deitar em cima da bola, rebolando-a no chão desde o rabo (nosso) até às omoplatas (também nossas), mas ocorreu que a pessoa ainda não tinha deslargado a banda, meteu-se uma ponta por baixo da bola, enquanto a outra se entalou entre a virilha e a parte de trás da pessoa, e, quanto mais rebolava, mais prendia a banda, não sei se estão a perceber o mecanismo e, simultaneamente, o enguiço. Estava a ver que me metia debaixo da bola, a rebolar pelo tapete afora, como nos desenhos animados, assim magrinha e espalmadinha como uma folha de papel. Ou que disparava a bola como um canhão, fazendo da banda uma fisga. A situação só acabou quando me pus de pé, como um homem, e me desembaracei o melhor que podia do material que me amarrava. Quando a voz de comando nos mandou deitar de barriga para baixo em cima do esférico, tive a certeza absoluta que não me importava de ficar naquela posição para o resto da vida: parece que se flutua, não se tem que preocupar com o abdominal definido, e, no fundo, é como ter uma roda em decúbito ventral, o que dá a sensação de poder levar-nos até ao fim do coiso. Não lhe dizia que não.
Conclusão: é bom, não é fácil, hei-de lá voltar num dia de melhor coordenação (se ele existir).


7 comentários:

  1. Anda aqui uma voz, atrás de mim, a dizer-me repetidamente que deveria ir para uma dessas aulas. Não sei é quando será o dia...

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    1. Luísa, eu acho que só por aquele momento em que metemos a bola debaixo da barriga, vale a pena. Escuta a voz!

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  2. Tenho uma bola dessas em casa, para fazer terapia a macaquito. Nunca me passou pela cabeça que pudesse ser tão divertida. Acho que vou começar a usá-la como tu, literalmente, visto que a minha coordenação motora está mais ou menos ao mesmo nível :D

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    1. Eu também queria uma, mas acho que ocupa bastante espaço, e isso é coisa que temos cada vez menos.
      Be, eu só quero lá voltar para ficar de barriga para baixo em cima da bola :)
      (Deitada no chão com as pernas em cima também é bom.)
      Mas bom, bom mesmo, era corrdenar-me e não me sair a bola disparada a todo o momento. Isso é que era :D

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    2. Nem para escrever “coordenar-me” me coordeno 🙄😊

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  3. cantinhodacasa13/2/18

    Gosto imenso destas aulas de Pilates com pequenos aparelhos.
    E quando fazemos exercícios com duas bolas, ui, coordenar alguns movimentos é demais!
    Mas é para sofrer e rir.



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    1. Já fiz muito Pilates também, e ainda passei por 3 ou 4 instrutores. Mas gostava só de um, que foi dando cada vez menos aulas no ginásio onde estava na altura, perdi a vontade de continuar com outro. Estas aulas da bola são específicas de bola suíça, embora aquilo seja Pilates na mesma :)

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