Morre uma família inteira, quando morre uma filha única. O pai já não é pai de alguém, a mãe deixa de ser mãe. Desnascem-se.
Não haverá mulher, não haverá netos, não haverá amanhã.
Morre o namorado, de coração esmagado, e, por isso, deixa de ser namorado, morrem os amigos, naquele bocado enorme em que são amigos daquela única pessoa única.
Não haverá mulher, não haverá netos, não haverá amanhã.
Morre o namorado, de coração esmagado, e, por isso, deixa de ser namorado, morrem os amigos, naquele bocado enorme em que são amigos daquela única pessoa única.
Fica quem fica, a flutuar num oceano escuro, de noite, gelado, à chuva, nas ondas mais altas, tenebrosas, nenhuma tábua de salvação. Não há nada a o que se agarrar.
E depois, fica o nunca mais — a voz clara e límpida da infância e da juventude, a cantar Mãe. Pai. Duas palavras surdas para sempre, de três letrinhas apenas, subitamente as menores que o mundo tem. Nunca outras vozes a entoar avô, avó.
Morrem pai, mãe, filhos que são netos, morre uma árvore inteira, até à sétima geração.
Mas estas não morrem de pé.
E depois, fica o nunca mais — a voz clara e límpida da infância e da juventude, a cantar Mãe. Pai. Duas palavras surdas para sempre, de três letrinhas apenas, subitamente as menores que o mundo tem. Nunca outras vozes a entoar avô, avó.
Morrem pai, mãe, filhos que são netos, morre uma árvore inteira, até à sétima geração.
Mas estas não morrem de pé.
Excelente texto. Corresponde ao teu pensamento?
ResponderEliminarObrigada.
EliminarSim, naturalmente.
Mesmo...
ResponderEliminar:(
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