A palavra "pobre" veio do latim "pauper", que vem de pau = "pequeno" e pário = "dou à luz" e originalmente referia-se a terrenos agrícolas ou gado que não produziam o desejado.
1 bilião e 100 milhões de pessoas, cerca de um sexto da humanidade, vive com menos de 1 dólar dos Estados Unidos por dia;
Mais de 800 milhões de pessoas estão subnutridas.
Fonte: Wikipedia
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Era uma vez uma casa que tinha o telhado de vidro, onde vivia uma família de pessoas comuns, remediadas, se pensarmos em iates e Ferraris, francamente rica se nos lembrarmos de mais de um terço da população mundial. Ao contrário desse terço que ninguém rezava, eram pessoas que calçavam sapatos para andar na rua, tinham mesa e cadeiras em casa, para poderem comer sentados, e a água para beberem, cozinharem, lavarem e se lavarem, saía-lhes de uma torneira. À noite, deitavam as suas cabeças tranquilas numa almofada limpa e civilizada, que lhes permitia afundar, ainda mais, as cabeças na inconsciência que dá a consciência tranquila. De vez em quando, a casa parecia abanar um pouco, ora porque faltava para as férias, ora porque faltava para os Erasmus. Mas, como nunca faltava para os cigarros, as consolas e outros consolos semelhantes, a vida continuava em modo ginásio financeiro, estica aqui, chega ali, puxa acolari — agora não pago o talho para pagar os livros, amanhã não pago à explicadora para pagar o cabeleireiro —, e a corda bamba da vida, transformada em elástico, sempre a esticar e a nunca rebentar, dava-lhes a ilusão de uma imunidade impune, em que o sol que lhes jorrava pelo telhado estaria sempre ali, naquele lugar, chapado em céu azul.
Ouviam histórias de outras casas, em que, embora o sol que iluminava a deles e o céu que a cobria fossem os mesmos, raios e tormentas haviam destruído telhados e paredes, desabrigando pessoas, obrigadas a fugir à pressa, sem olhar para trás, nem sequer levando um pão no bolso para a viagem, carregando apenas consigo o corpo, os filhos e o medo. Também já haviam ouvido falar de histórias dos livros de História da escola, mas que não haviam feito Escola: um terramoto há séculos, uma punição divina dada a um povo que sumiu do mapa, nem fumo ficou desse fogo. Irrepetível.
Um dia, uma família incompleta — pelo caminho, haviam ficado a mãe e uma das crianças — bateu à porta da casa com telhados de vidro. No bolso não levavam o tal pão, que havia ficado sob os raios e tormentas que lhes haviam destruído a casa, mas, nas mãos estendidas, a súplica por um, e nos braços a capacidade para amassar mais uns quantos.
A família completa, da casa do telhado de vidro, tinha apenas uma de duas opções: ou fechava a porta, orando aos deuses de quem desconhecia a existência, que nunca um meteoro lhe caísse no telhado de vidro; ou abria a porta, repartindo, por multiplicação, os seus pães, consolidando e cimentando, assim, um telhado resistente a toda e qualquer intempérie.
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O milagre da multiplicação dos pães e dos peixes, é, como toda a linguagem bíblica, uma metáfora — o que não faz dele uma utopia, mas antes algo de concretizável.
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