Esta é mais grave do que a anterior, mas não tem a ver apenas com o facto de se relacionar com a imagem da criança curdo-síria afogada numa praia turca, que, já por si, tem o impacto que tem.
Revista Tabu, Jornal Sol, 18.09.2015 |
De resto, esta imagem já foi tão tratada, tão copiada, tão desenhada e depois redesenhada, tão reconstruída em areia, que, qualquer dia, aparece para aí uma teoria da conspiração a defender que se trata de uma montagem e ficamos todos mais descansados, porque até preferimos sentir-nos manipulados do que imaginarmos que existem mesmo homens maus. Outro dia vi a imagem da criança photoshopada para dentro de uma arena romana, e porra. Não me ocorre mais nada perante tanta cabotinice junta na mesma intenção gráfica, especialmente pelo mau gosto — desgosto — do resultado.
Aqui, chateia-me a legenda.
montes de cadáveres
Eu quero crer que JAS não quis dizer isto. Não associou o substantivo — porque não é na forma verbal que aqui aparece o montes — a cadáveres. Não quis dizer montanhas de cadáveres. Não quis dizer pilhas de cadáveres. Nem resmas deles. É que não pode. Eu não deixo, porque não se me encaixa.
Mas também não sei muito bem o que é que quis dizer. Faltaram-lhe o artigo definido e a preposição? E seria Esta imagem fez mais pela causa dos refugiados do que as de montes de cadáveres? Também não pode ser. Redunda no mesmo. São montes, senhor.
É o montes que está a mais. É o montes que me incomoda.
Talvez JAS tenha querido dizer, simplesmente, muitos: Esta imagem fez mais pela causa dos refugiados do que as de muitos cadáveres.
Embora menos, continua a soar-me mal, mesmo sem o montes. Ou os montes.
A substituição de muitos por montes costuma utilizar-se num contexto totalmente diferente deste, numa linguagem verbal que nada tem a ver com a jornalística, ainda mais em se tratando de um artigo tão sério: montes de bem, montes de chique, montes de completamente, montes de realmente, montes de tio. Um substantivo a fazer as vezes de advérbio, por graça, por snobeira, por cagança. Não numa descrição que se quer isenta e objectiva.
Montes de estupefacta.
Uma linguagem inadmissível de uma pessoa sem princípios.
ResponderEliminarTambém pode ser "só" um daqueles casos típicos de falta de pontaria, nem que o alvo esteja a dez centímetros (como diz uma pessoa das minhas).
Eliminarhttps://youtu.be/2f_wprqp_AE
ResponderEliminarEu sei que não estou só...
EliminarEste homem é...um asco!
ResponderEliminarBeijos, Lindinha. :)
Eu só não o compreendo. O defeito pode ser meu...
EliminarBeijos, Mariosca :)