Não posso dizer que seja alguma coisa a que se costuma chamar palpável. Nem visível, nem audível, menos ainda cheirável ou saboreável. Mas anda no ar, uma brisa muito transparente, inalcançável, e inacessível. Não é um fantasma, não é uma sombra, sequer uma memória. É o rescaldo de um terramoto, uma cinza fininha, um lume lá ao longe, vestígio de um incêndio extinto pela chuva, um ar carregado de todas as dores que, unidas, ficaram a pairar.
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Vejo-os, aos quatro, unidos num só corpo, em permanência. Subitamente, são só um, fechados numa concha invisível, feitos num abraço que até os braços dispensa, entrelaçados nos laços de sangue que são correntes de ferro que os ligam. Dentro do mesmo ninho, vejo três pássaros a rodear aquele que está aflito, com desvelo, cuidados, mil atenções, numa ferida partilhada, assumida comum, sentida como una. Quando um sair do núcleo do sofrimento, sairão todos — não sei se maiores, mais fortes ou mais amadurecidos. Mas, certamente, mais irmãos.
Consegues ver-me? Ali em baixo, com o número 67 ;)
ResponderEliminarNeste post em particular, não. Há demasiadas coisas invisíveis...
EliminarSortuda ela por ter os 3 p a "protegerem":)
ResponderEliminarNa hora do infortúnio e da dor, unem-se assim :)
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