13/09/2015

Eras tu, minha querida

Vi-te no sonho, esta noite. 
Apareceste a rir, com esse teu sorriso luminoso, de dentinhos certos, o cabelo comprido e liso, e esse teu rosto de amanhã. Sei que eras tu, porque foi assim que te vi e que te gravei, e assim ficaste na memória de agora, que te fixa como eras, para que o Inverno que se adivinha não te leve mais ainda. Ficaste nas paredes da minha casa, em retratos de festa e cor, que pôs a tua amiga mais querida na parede, mesmo junto à cama cor-de-rosa dela, perto do coração que lhe transborda da falta de ti. Ficaste connosco e, contigo por sem ti, uma tristeza que talvez um dia nos consigas aplacar, quando deixares de ser um retrato na parede e voltemos a admirar o teu pé pequenino número de criança, ao som dos Beatles que eram teus.
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Outro dia uma pessoa matou uma abelha à minha frente, com uma sandália de madeira.
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Esta noite vi no sonho um insecto, e foi o meu pé, metido numa sandália de madeira, que o matou.
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Acordei num sobressalto, com a sensação física de um pesadelo.
Tu no sonho.
Um bichinho morto.

2 comentários:

  1. Quando uma pessoa parte, talvez sejamos apenas nós que morremos para ela. Ela continua a viver nas nossas lembranças, alegrias, sonhos, lágrimas e desalentos. Continua a fazer parte de nós, porque se tornou parte de nós.

    Um abraço enlaçado de azul, querida Linda Blue

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    1. Tem sido um processo muito doloroso, Miss Smile. No quartinho dela, ao lado das fotografias, está a frase de Saint Exupéry: Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.

      Obrigada, minha querida. Retribuído, envolto.

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