Não consigo acompanhar este ritmo da blogobola

Porque os meus problemas são muito mais prementes!

É só comigo que se dá o furto, quase roubo, a subtracção, o fanamento, de partes do frango assado? E do frango cru?

À quarta-feira, é dia de frango assado cá em casa. 

(Pronto, revelei uma intimidade. Amanhã toda a gente sabe quem eu sou.)

Têm sempre que vir dois frangos e, mesmo assim, há lutas corpo a corpo por uma porcaria de um naco. Porque um gosta de peito e outra de perna, mas não, afinal agora mudou e todos gostam de peito, oh wait, agora tudo a gostar de perna e o raio do bicho é bípede, mas o que é que deu ao Criador para não ter feito as galinhas quadrúpedes, ou então tetramamárias? Eu, que sou boa, que tiro do meu prato para pôr nos outros, que até tiro da minha boca (já mastigado e tudo) para que não falte nada a ninguém, quanto ao frango sou uma fundamentalista do genital e não prescindo da minha perna e coxa, e estou a referir-me às dele, frango, que das minhas também não abro mão, se é que é possível uma pessoa abrir mão das suas pernas, ou bater o pé por elas. Estão a ver por que é que eu não me ponho a ver debates políticos?

Lá no meio da confusão dos dois frangos, partidos que parecem puzzles de mil peças, invariavelmente falta uma coxa, ou uma asa, ou um sitinho qualquer do animal que não se note muito a falta. A ver se retiram (estou a ser tão boa. Retiram) uma perna ou um peito inteiro. Não, porque sabem que é o que as pessoas costumam comer, e vão contá-los. Assim, se eu peço dois frangos, é normal que espere ver na caixa quatro patas. Mas nem sempre conto as coxas, e nem sempre elas vêm agarradas à perna. Estão a acompanhar?

(Eu própria tenho sono.)

Já mudei de churrasqueira, a ver se o mal era daquela e depois da outra, mas o problema subsiste. 

Também me faziam essa graça no talho, que era e é a cem metros de casa e onde eu era freguesa há umas décadas (tipo década e meia). Deixaram de fazer, porque passei a ir a Frielas comprar carne, por menos de metade do preço, e foi um descanso verificar que, em Frielas, os frangos têm as asas todas. As asas servem p'ra voar. E p'ra comer, acrescento eu. Cá no talho da minha área perguntaram-me por onde andava, e eu, para variar, em vez da verdade, dei uma resposta política, mesmo à político: "Olhe, tornámo-nos todos vegetarianos, agora só comemos relva". E acho que eles foram roubar e locupletar-se para outro lado. 

Não consigo ver debates, porque tenho a minha vida preenchida com estes nadas. 

Sou uma doce parola, é sempre este tipo de coisa que me atormenta a existência.

Mas vou dormir.