Ponham-se no meu lugar: sentada num tapete, a fazer os meus alongamentos pós esforço hercúleo, pernas abertas (pá...), testa no chão. Não sei como é que se chama a essa posição no stretch, que aquilo tudo tem nomes, parece o kamasutra, só que dói tudo. Esperem lá, que eu vou ver ao Goo, já volto.
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Ai, que horror.
Escrevi "sentado pernas abertas testa no chão stretch" e ups.
Não interessa, vocês perceberam.
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Levanto a cabeça e, naquela linda posição, deparo-me com um vizinho.
O vizinho é estranho, mas simpático. Praticamente não fala, mas responde sempre aos meus bons dias. Não percebo se é estrangeiro ou mudo. Nada disso me demove, quando quero comunicar com um ser humano, até mesmo porque os atraio. Enquanto trabalhei na Baixa, não havia estrangeiro que não me viesse pedir indicações no mapa. Ora, mapa-linha do metro-orientações geográficas, é a minha trilogia do terror. Juro que fazia um esforço, não já hercúleo, mas titânico, não só para que percebessem o meu estrangeiro, como também para lhes indicar o melhor percurso, dentro do labirinto que nem eu própria fui algum dia capaz de entender. Muitos foram aqueles que mandei para São Sebastião, ao invés do Rato, tantos foram os que desaguaram no Marquês de Pombal, em alternativa ao Campo Grande. Mas comunico, sim. Havia, nos Restauradores, e julgo que ainda há, um senhor que engraxa sapatos, e que é mudo. Mas, lá está: travámos grandes e variadíssimos diálogos, ele e eu, ora por gestos, ora pelas interjeições dele em troca das minhas frases, ora por expressões faciais. Portanto, com o vizinho, seja lá ele estrangeiro, mudo, ou marreco, consigo entender-me, com certeza, designadamente porque não passamos do bom dia - mmmm.
No entanto, confesso que fingi que não o vi, apesar de ele se encontrar à minha frente, e eu ali, sentada no chão, naquele lindo preparo.
É que há uma diferença a considerar nisto tudo: uma coisa é o senhor estar habituado a ver-me passar, até pode ser de calções curtos, no caso de ir para a praia. Outra coisa, totalmente diferente, é o homem ver-me naquelas figuras: suada, e com indumentárias compostas por leggings alapadas, tops alapados, meias alapadas, ténis alapados. Haja decoro.
O homem vai falar. Vai dizer: Ena, não sabia que conseguia ter esse ângulo de abertura de pernas! Eheheheheh!
ResponderEliminarBeijocas, Lindinha azul. :)
Ou fazer ainda mais caretas sorridentes quando me vir na rua, ahhmmmmahhhmmm. Acho que é estrangeiro, mesmo :)
ResponderEliminarBeijocas, Marioca :*
Tu és uma Linda de utilidade pública. Não abras é as pernas em excesso ;)
ResponderEliminarFica sabendo que faço a espargata. Queres mais? :D
EliminarNão, é suficiente ;)
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