(Havia de vos massacrar com seis de seguida, porque as primeiras cinco já publiquei no Desblogue. Vou ver o que é que posso fazer pelo vosso caso, depois dou-vos uma resposta.)
(Nota-se muito que hoje estou mesmo aflitinha com falta de tempo, até mesmo para me coçar?)
(Isto não é bem encher chouriços, mas não andará lá muito longe.)
1.ª Aula — 26 de Novembro
Querido diário:
Hoje guiei. Nem acredito, guiei um carro! Aquilo é exactamente como eu sonhava. Tão giro, parece um filme a passar à nossa frente — em 3 D, ou, se quiser ser rigorosa, em 4 D —, mas com as imagens a correr muito depressa. No fundo, hoje foi a minha entrada na quinta dimensão.
Comecei por me dirigir à porta do passageiro, por uma questão de hábito. Este é, de todos, o primeiro a perder. Preciso de fazer uma mnemónica — lado do volante => minha porta. Mal entrei no carro, tentei pôr o cinto de segurança. A minha ideia era dar à chave, meter o pé no acelerador (que eu nem sabia qual dos três pedais era, mas ia por tentativas), e sair pela cidade, em passeio. O instrutor deve ter suspeitado das minhas intenções, porque me disse logo que tinha que me dar “umas instruçõezinhas” primeiro. Deu-me uma verdadeira aula teórica, da qual eu só ouvi metade, porque continuava a sonhar em sair dali o mais depressa possível. Até que, finalmente, ele destravou o carro e começou a viagem mais delirante de toda a minha vida.
O bairro estava particularmente calmo, e nem sequer era de madrugada. Acho que fiz tudo bem feito, sorri para todos os automobilistas que se cruzaram comigo (numa de "andamos todos ao mesmo") e não apitei a nenhum. De resto, o instrutor nem me disse onde ficava a buzina. Levou-me para uma zona completamente deserta, ao pé do Carrefour, mas que tem montanhas de passadeiras, cruzamentos, curvas, subidas e descidas. Não tem é pessoas, nem cães, para eu ir treinando.
A certa altura, achou que eu já estava apta para experimentar os pedais -até ali, tinha ido só com o volante, e eram os pés dele que os dominavam. Disse-me uma graça que, se calhar, diz a todos os alunos: que são três pedais e só dois pés, daí a dificuldade. Mas eu cá multipliquei logo aquilo e concluí que, se cada pé pode ir aos três pedais (numa dança louca por baixo do volante), há, pelo menos, cinco possibilidades a considerar, só com os pés. Também acho que o pedal da embraiagem devia estar à direita e o acelerador à esquerda: como dextra que sou, tal como a maioria da população, canso imenso a perna esquerda a enterrar o pé na embraiagem. Por outro lado, a perna direita é tão pesada, que ele passou a aula toda a dizer "Ó ai, ó Linda, ó ai, ó Linda, não acelere tanto!". Foi para aí o momento mais erótico da aula toda.
Amanhã é outro dia. Tenho outra lição, e agora o meu objectivo é fazer entender ao meu instrutor que tem que ganhar confiança em mim.
Beijinhos
Blue
A parte da confiança é a arte mais difícil ;)
ResponderEliminarUm beijinho, Blue, e um sábado feliz :)
Às vezes, é a única que nos pode valer, quando começamos alguma aprendizagem :)
EliminarBeijinhos, Miss Smile, e um dia radioso :)