É isto, tenho uma vida muito pouco blogger. E não posso sequer almejar vir a ser uma, se não me está na génese, na genética, nem no género (no sentido de estilo — style —, estão a ver?). Em vez de estar à lareira, a observar a chuva lá fora, a ler um livro e a bebericar um licor de [esse mesmo], não: armo-me em boa, armo a mula (que sou eu), pico a mula (eu), e sigo para a lavandaria.
É lá que tenho passado os meus domingos — obrigadinha, ó São Pedro, está a ser bom, mas já fechavas a torneira. A Santa Bárbara, está fixe? Tenho ouvido uns estrondos, hão-de provir lá dela. Não, eu não sou, que eu sou uma senhora e não faço essas coisas.
É tanta gente, é tanta roupa — obrigadinha, ó Senhora da Conceição.
(Ninguém me dá o meu devido valor.)
Hoje levei um saco com 15 quilos e dois com 5 quilos cada um. Meti tudo nas máquinas de lavar e depois nas de secar. Ao fim de duas horas, tinha tudo pronto e estava esgotada dos músculos todos, coração incluído, e também dos nervos, óptico incluído, de tanto ver máquinas a andar à roda. Estava a ver que começava a cantar o pregão da lotaria, no fim daquilo tudo.
Uma pessoa mete-se numa lavandaria self service e põe-se a fazer o exercício que faz nas caixas do supermercado, que é tentar adivinhar que tipo de humano ou de família está "por trás" daquelas compras. Ali, é com a roupa. Mas é tudo muito sensaborão. Eu sou a única que leva cinco jogos de lençóis de cama completos, seis toalhões de banho, toalhas a perder de vista e trezentos pares de cuecas, de todas as cores. Ainda assim, e também por isso, creio que ninguém adivinha o meu tipo nem o meu agregado, por observação da minha roupa. Uh, que misteriosa, eu.
Faço estes exercícios para passar o tempo. Fornecem-me lá net free, mas o tempo custa a passar na mesma. Por isso, não sei como envelheço tanto em tão pouco tempo.
Passa das 4 da tarde e sai um marmanjo, que deseja bom fim-de-semana a quem fica. Deve estar perdido no tempo.
Entra um casal de meia idade e metem um edredon na secadora. Ouço-o dizer:
- Já sinto as bolas a mexer.
Pára-me a boneca, porque não consigo perceber o que é que pode ser, que não seja o que a minha cabeça esdrúxula pensa que é. Estão os dois, parados diante da máquina, a ver o edredon da cama deles a dar cambalhotas, e ele insiste no assunto das bolas, variando para Estás a ver as bolas a mexer? E é quando vejo mesmo, duas — tinham, realmente, que ser duas? — bolas de ténis, dentro da secadora. Eu só sou mal intencionada porque há pessoas que falam incorrectamente. Ele podia ter dito Já vejo as bolas a mexer. Para cúmulo, retira o edredon da máquina e conclui: As bolas têm que estar bem secas.
Não fossem estas variações em ré menor, e secar roupa seria verdadeiramente uma seca.
Não fosse passar as santas tardes domingueiras nesta lide, e a minha vida seria muito mais blogger.
mesmo assim acho que essas tardes são muito bem passadas. nem toda a gente tem paciência para estar à lareira a ler livros. isso é um cenário muito standard.
ResponderEliminarbeijinhos, Linda.
Boa noite,
Mia
Talvez mais valha assim, de facto. Pelo menos, a roupa está em dia :)
EliminarBeijinhos, Mia.
Uma noite feliz :)
15+5+5 = 25 Kg
ResponderEliminar25 Kg de roupa ?
LB ,a minha total solidariedade !
Mas,
Voto no casal !
Preferível o edredon ,com ou sem bolas a mexer !
LB sofre !
;)
É verdade. Mais valia montar uma lavandaria em casa!
EliminarO senhor estava extremamente empenhado em explicar o método à mulher...
Eu sou uma pobre espectadora destas maravilhas :)
Bolas a secar?? Como assim?? :)
ResponderEliminarO homem devia ser tarado sexual ;)
Eliminar