Não sei como é que ainda não fui presa. Mas presa, enjaulada, amordaçada, impossibilitada de proferir uma palavra, tipo verbal, quanto mais por escrito.
Também não sei por que é que ainda não criei um separador aqui no buraco designado gaffes que me acometem. Assim uma coisa simples, mas que eu própria pudesse consultar de vez em quando, para aferir da frequência/ano e, eventualmente, traçar um plano maquiavélico que revertesse a tendência. Assim, ando aos papeis, e não também aos arames, porque até acho graça às porras que me acontecem.
Mas ainda me apetece vomitar as tripas e quase todos os órgãos moles internos, cada vez que me lembro da circunstância. E já passaram sobre ela longas 48 horas.
Tenho que contextualizar, para que se perceba a dimensão da coisa:
Cenário — uma sala em que, por acaso, naquele momento, estamos apenas cinco pessoas, das quais, fora eu, só outra não é idosíssima. Estacionado a poucos metros, está um senhor, sentado numa cadeira de rodas, cujo olhar penetrante e perscrutador é também, já agora, perturbador. No momento, o senhor encontra-se absorvido pela leitura de um livro.
Estamos nós, menos idosas, em plena amena cavaqueira acerca de trivialidades, quando ela me lembra a época da Pepa e da mala.
E eu calar-me? Não era de valor? E eu ser capaz de uma resposta social, Ah, já me lembro?
Não. Em vez disso, e porque tenho sempre umas associações de ideias ou muito vagas, ou muito boas, digo:
Ah, já sei, aquela que, depois, o Salvador Martinha fez uma charge: Eu quero uma picha?
(O que ainda me mata aos poucos é a quase certeza de que aumentei o volume do som — ou, pelo menos, da ênfase — na terminação da frase.)
(O que ainda me mata aos poucos é a quase certeza de que aumentei o volume do som — ou, pelo menos, da ênfase — na terminação da frase.)
E digamos que o mundo parou um niquinho de respirar, à minha volta.
E que o senhor parou de ler, porque, hipnotizado pelas minhas palavras, pousou o livro no colo. E depois aplicou-me outra vez o olhar penetrante, perscrutador e também, já agora, perturbador.
Era esta — como sempre que me acontecem estes percalços verbais —, a minha deixa para me calar. Mas os meus nervos traem-me como Judas. E ri-me. Ri-me muito.
Tenho prevista a compra de algumas perucas para usar nas próximas vezes que vá àquele lugar.
Ato de contrição, já! :)) penitência e muitas rezas!!!
ResponderEliminarBeijinhos, Linda.
Boa semana,
Mia
Repara, Mia: para todos os efeitos, para aquele senhor, eu vou ser sempre aquela pessoa que disse alto o suficiente para ele ouvir, "Eu quero uma p..."!
Eliminar(Eu quero vomitar!)
Boa semana, querida.
Beijinhos
LB,
ResponderEliminarCura improvável !
Até dói !
;)
Pobre de mim. Ou pobre do senhor! :D
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