Tens a fama, deita-te na cama - Ditado # 14

Uma simples ida ao café - que se pode transformar no evento mais sangrento da tua vida. 

Já não seria a primeira, nos últimos tempos.

Há pessoas que são menstruadas nasais, mesmo sendo pessoas humanas do género masculino. 

Eu não vou descalça para a fonte porque não me chamo Leonor. Mas vou calçada, montada em high heels, para a bica. Também não vou pela verdura, mas sim pela calçada portuguesa, o que tem muito mais mérito e exige muito maior perícia, equilíbrio e pobreza franciscana (embora também não me chame Francisca), quanto mais não seja, de espírito. Vou só fermosa e não segura - não há companhia de seguros nenhuma que me acoberte estas aventuras em que enxerto, na mesma equação matemática, saltos altos plus calçada portuguesa.

(Sei lá por que é que escrevi este parágrafo. Apeteceu-me fazer uns pontinhos bonitos no meu bordado, may I?)

Estava eu na bica, acompanhada por uma pessoa que preenchia os items nariz mais alergia é igual a sangue, e aconteceu-lhe um episódio naso-sanguinário ali mesmo, em cima da mesa diante da qual estávamos sentados. Entreguei-lhe um molho de guardanapos de papel que retirei do dispensador, levantei-me, cheguei ao balcão e disse: 

- Por favor, arranje-me um bocadinho de algodão, que ele está a sangrar abundantemente do nariz. Estava-me a irritar, e eu, olhe...

Foi no mesmo café onde me saiu aquela rica pérola do bobó. 

O que vale é que já ninguém me leva a sério.

Mas, agora, da fama já não me livro: não há vez que lá entre que não tenha os empregados todos a segurarem o nariz ou a ameaçarem que ligam para a APAV. Qualquer dia, um engole uma cabeçada nos dentes e, com ela, os próprios.

Ui. Que medo de mim mesma.