04/05/2015

O maravilhoso mundo feminino # 4

Não sabia bem que título dar a isto, dei aquele. 

Eventualmente, quem acabar de ler este post, meditará sobre minhas doutas palavras, equacionando, não sem alguma incredulidade, "Mas o que genitais é que isto tem a ver com o mundo feminino, ainda mais se consubstanciado como maravilhoso?". Ou então, "Lá porque és inapta para a compreensão de símbolos basilares, não significa que toda a gente seja assim".
É verdade.
Mas eu sou assim.
Drivados à maleita do meu boi, e por ainda não lhe ter sido dada alta do desarranjo, tenho conduzido, com maior premência, outra viatura da frota pertencente ao meu agregado, frota essa composta por duas viaturas. Essa outra é um camião, que comporta sete almas vivas lá dentro (heh, com jeitinho, ainda cabe mais uma ou duas mortas lá para trás, desde que bem arrumadinhas e que não impeçam a visibilidade do condutor à retaguarda). 

Nem a meu favor tenho o argumento de que nunca pego no monstro e, por isso, sinto dificuldades de adaptação às suas idiossincrasias e minudências. Não. Eu farto-me de lidar com aquele charolês. Só que não me devem ter calhado muitas vezes toureá-lo com chuva (chove pouco em Lisboa, môres, lamento).
E é sempre um filme de terror - na minha óptica, que na dos outros será um filme de ficção científica - perceber esta manete (sei lá se isto se chama manete, chiu):


Vamos lá a ver uma coisa: aquilo ali não é uma peça do carro com uns meros desenhos indicativos de como ligar os limpa-pára-brisas. Aquilo ali é um verdadeiro manual de instruções do IKEA - daqueles cheios de bonecos, em que o único humano é um gordo sempre a sorrir, cuja única intenção é esfarrapar-nos os nervos, e que bem podia ter escrito, na última página, dumb, looser, ou qualquer destas coisas, noutro estrangeiro, tipo em sueco.

São possibilidades a mais, para uma pessoa só. Sobretudo, para uma pessoa que já está em plena condução no momento em que começa a chover. 
Vou exemplificar, para que fique mais claro todo o processo dramático que percorri, enquanto galgava as estradas do nosso Portugal: Lisboa-Cascais (que é para já não ir mais longe). Começa a cair uma morrinha merdosa aí ao nível de Benfica. A pessoa sabe que, puxando a manete para cima, a borracha do pára-brisas passa uma vez. Para a morrinha, serve. 
Mais acima, no final da segunda-circular, a chegar ao IC 19, a morrinha faz-se chuvinha. Lê o manual, gira a manete (isto tudo com um olho no cigano, que é a estrada) e nada de pára-brisas. Quase desesperada, puxa a manete para cima de três em três segundos, melhor parecer um velho tarado sexual aos seus próprios olhos do que não ver nada para a frente. Na CRIL, a chuvinha cresce e torna-se chuva. Gira manete, puxa manete, empurra a ponta da manete, uma cena quase tão sexual quanto inoportuna, cujo único resultado que opera é ligar o pára-brisas do vidro de trás. Isto tudo com um olho no burro, que é o fucking manual, e outro lá no da etnia. Que nervos. 

Foi o que me valeu, foram os meus nervos. Aí ao nível de Oeiras, num acesso de raiva e drama, tamanha foi a bordoada que dei na manete, no sentido ascendente, que, finalmente, liguei os pára-brisas ao animal. Tenho a certeza que já tinha feito aquele gesto e não tinha obtido aquele resultado. Mas eu vivo sits, já nem discuto.

Depois fui até Cascais a brincar com aquilo - ora mais intenso, ora mais suave. E foi muito bom, gostei muito.

6 comentários:

  1. Parece-me um titulo mais do que adequado. Afinal, as mulheres são mesmo boas a brincar com manetes. ;)

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    1. Nós entendemo-nos umas às outras, pelo menos nestes pormenores sórdidos ;)

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  2. "Depois fui até Cascais a brincar com aquilo - ora mais intenso, ora mais suave. E foi muito bom, gostei muito."

    Se eu só lesse esta última frase, poderia pensar outras coisas.
    Felizmente que antes disto existe algo que me dá o contexto certo, que é a manete :P

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    1. Felizmente leste tudo, hallelujah :P

      Porque te digo que, de Oeiras a Cascais, ainda foram 16,5 km de muita manetada :P

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  3. Ahaha :P opá... quando peguei no meu carro pela primeira vez, nem o som do rádio conseguia regular!!!

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